domingo, agosto 29, 2004 |
BATALHA NAVAL
Se eu tivesse engenho e arte ou então a arte engenhosa da escrita como a dos meus parceiros tratadores, eu fazia um poste a desancar este governo. Já não me bastava ter de lhes suportar as férias mesmo antes de começarem a governar como ainda os tenho de ver a jogar à Batalha Naval. Vão dando tiros – até agora só acertaram nos submarinos – tentando acertar em navios e só conseguindo transformar barcos de três canos em porta-aviões. Como fica provado, não tenho a arte da escrita. Porque se a tivesse, havia de conseguir ridicularizar o governo por despachar uma proibição só pela informação que leu num site, haja pachorra! Partir do princípio que alguém vem a um país ilhado transgredir uma lei míope mesmo antes doquequerqueseja ter acontecido, é como ter um polícia atrás de nós à espera que estacionemos numa passadeira para nos multar ou prender um físico atómico só porque ele sabe fazer uma bomba nuclear. Ai se eu tivesse como, bem que lhes chamaria fascistas e retrógrados e ignorantes e despóticos e fanáticos e uns outros palavrões, não menos verdadeiros, que me coíbo de nomear porquesim.
Devem achar que todas as grávidas deste país vão fazer uma fila lagártica desde a Figueira da Foz até Freixo-de-Espada-à-Cinta para desistir da maternidade só pela oportunidade. – “Já agora, não que eu não pudesse fazer um aborto ali num vão de escada que eu conheço, mas já que está cá aquele barco tão limpinho e cheio de médicos...”. – “Eu até pensava ter este meu segundo filho, mas nunca estive a bordo de um navio...”.
Não tenho, mas se tivesse tempo dava-lhes umas aulas de Direito Internacional acompanhadas de uns estalos na cara para ver se eles tinham na deles, um pouco da vergonha que eu tenho na minha por causa deles.
Se eu tivesse engenho e arte ou então a arte engenhosa da escrita como a dos meus parceiros tratadores, eu fazia um poste a desancar este governo. Já não me bastava ter de lhes suportar as férias mesmo antes de começarem a governar como ainda os tenho de ver a jogar à Batalha Naval. Vão dando tiros – até agora só acertaram nos submarinos – tentando acertar em navios e só conseguindo transformar barcos de três canos em porta-aviões. Como fica provado, não tenho a arte da escrita. Porque se a tivesse, havia de conseguir ridicularizar o governo por despachar uma proibição só pela informação que leu num site, haja pachorra! Partir do princípio que alguém vem a um país ilhado transgredir uma lei míope mesmo antes doquequerqueseja ter acontecido, é como ter um polícia atrás de nós à espera que estacionemos numa passadeira para nos multar ou prender um físico atómico só porque ele sabe fazer uma bomba nuclear. Ai se eu tivesse como, bem que lhes chamaria fascistas e retrógrados e ignorantes e despóticos e fanáticos e uns outros palavrões, não menos verdadeiros, que me coíbo de nomear porquesim.
Devem achar que todas as grávidas deste país vão fazer uma fila lagártica desde a Figueira da Foz até Freixo-de-Espada-à-Cinta para desistir da maternidade só pela oportunidade. – “Já agora, não que eu não pudesse fazer um aborto ali num vão de escada que eu conheço, mas já que está cá aquele barco tão limpinho e cheio de médicos...”. – “Eu até pensava ter este meu segundo filho, mas nunca estive a bordo de um navio...”.
Não tenho, mas se tivesse tempo dava-lhes umas aulas de Direito Internacional acompanhadas de uns estalos na cara para ver se eles tinham na deles, um pouco da vergonha que eu tenho na minha por causa deles.
sexta-feira, agosto 27, 2004 |
Lições de nobreza
Embalados pela euforia que nos animou por via da organização do Euro 2004 e da prestação da Selecção Nacional Sénior, acalentámos secretas (e, por vezes, pouco secretas) esperanças de ver os nossos rapazes regressar cobertos de glória olímpica. O que aconteceu foi o que se viu: duas derrotas e uma vitória, a maior displicência, falta de tenacidade, uma gritante falta de competitividade (salvo raras excepções) e um desgoverno completo. Consumada a eliminação no apuramento para a fase final, a culpa foi do calor, da preparação, dos árbitros, etc. Os nossos bons rapazes, que todos sabemos no íntimo serem uma jóias capazes da maior abnegação no momento de honrar as cores nacionais, são impolutos e inatacáveis.
Francis Obikwelu aproveitou uma digressão da selecção juvenil do seu país a Portugal para fugir. Tinha um sonho e decidiu persegui-lo. Andou a trabalhar na construção civil, teve uma vida dura mas, como nas histórias de Hollywood, subiu ao Olimpo e olha agora de frente (em boa verdade, de cima...) os mais acarinhados dos atletas: os sprinters, os homens mais rápidos do mundo. Ganhou uma inesperada medalha de prata na final dos 100 metros planos e estabeleceu um record nacional para a distância que vai durar 100 anos (no mínimo) a ser batido por outro atleta. Fez os portugueses sonhar com outra medalha, nos 200 metros, mas falhou esse objectivo, ficando-se por um 5º lugar que faria salivar qualquer outro. Entrevistado, a primeira coisa que fez foi pedir desculpa aos portugueses, dizendo que correu mal. Possíveis explicações haverá, como o barulho no estádio ou o seu estado de saúde, mas o Francis assumiu a sua falta e pediu desculpas ao país - afinal, ao seu país.
A diferença de atitude é gritante, e as razões conhecidas de todos. Não é possível pôr um futebolista a raciocinar fora da lógica mercantilista do mercado de transferências, e as selecções têm que se contentar com o que puderem, desde que não colida com os interesses dos clubes, dos empresários e das televisões que fazem as transmissões dos diferentes campeonatos. Sabemos e, até certo ponto, compreendemos isto. Mas a assunção dos erros fica muito bem a toda a gente, e as desculpas esfarrapadas dos nossos futebolistas roçam o insulto sobranceiro ao pagode que come tudo o que lhe ponham na malga. Se calhar devíamos mandar esta rapaziada trabalhar para as obras durante uns tempos, para ganharem um bocadinho da humildade que faz com que o Francis seja um grande Homem.
Embalados pela euforia que nos animou por via da organização do Euro 2004 e da prestação da Selecção Nacional Sénior, acalentámos secretas (e, por vezes, pouco secretas) esperanças de ver os nossos rapazes regressar cobertos de glória olímpica. O que aconteceu foi o que se viu: duas derrotas e uma vitória, a maior displicência, falta de tenacidade, uma gritante falta de competitividade (salvo raras excepções) e um desgoverno completo. Consumada a eliminação no apuramento para a fase final, a culpa foi do calor, da preparação, dos árbitros, etc. Os nossos bons rapazes, que todos sabemos no íntimo serem uma jóias capazes da maior abnegação no momento de honrar as cores nacionais, são impolutos e inatacáveis.
Francis Obikwelu aproveitou uma digressão da selecção juvenil do seu país a Portugal para fugir. Tinha um sonho e decidiu persegui-lo. Andou a trabalhar na construção civil, teve uma vida dura mas, como nas histórias de Hollywood, subiu ao Olimpo e olha agora de frente (em boa verdade, de cima...) os mais acarinhados dos atletas: os sprinters, os homens mais rápidos do mundo. Ganhou uma inesperada medalha de prata na final dos 100 metros planos e estabeleceu um record nacional para a distância que vai durar 100 anos (no mínimo) a ser batido por outro atleta. Fez os portugueses sonhar com outra medalha, nos 200 metros, mas falhou esse objectivo, ficando-se por um 5º lugar que faria salivar qualquer outro. Entrevistado, a primeira coisa que fez foi pedir desculpa aos portugueses, dizendo que correu mal. Possíveis explicações haverá, como o barulho no estádio ou o seu estado de saúde, mas o Francis assumiu a sua falta e pediu desculpas ao país - afinal, ao seu país.
A diferença de atitude é gritante, e as razões conhecidas de todos. Não é possível pôr um futebolista a raciocinar fora da lógica mercantilista do mercado de transferências, e as selecções têm que se contentar com o que puderem, desde que não colida com os interesses dos clubes, dos empresários e das televisões que fazem as transmissões dos diferentes campeonatos. Sabemos e, até certo ponto, compreendemos isto. Mas a assunção dos erros fica muito bem a toda a gente, e as desculpas esfarrapadas dos nossos futebolistas roçam o insulto sobranceiro ao pagode que come tudo o que lhe ponham na malga. Se calhar devíamos mandar esta rapaziada trabalhar para as obras durante uns tempos, para ganharem um bocadinho da humildade que faz com que o Francis seja um grande Homem.
quarta-feira, agosto 25, 2004 |
Um poste tétrico
Há um momento terrívelmente maravilhoso nas nossas vidas: é aquele em que nos deparamos com a iminência incontornável da nossa morte e percebemos, finalmente, tudo aquilo que foi verdadeiramente importante na nossa vida. Sem processos mentais complicados de auto-defesa, libertos da necessidade de dar um sentido ao nosso dia-a-dia, perante a evidência da inutilidade de rancores e azedumes, vamos todos ver com clareza a nossa história pessoal. Deve ter sido essa percepção que gerou o mito do juízo final e deve também ser isso que as pessoas que tiveram experiências de quase-morte relatam como sendo o passar da nossa vida toda pelos nossos olhos. Esse momento de revelação não pode ser antecipado, como é óbvio, e isso é encantador, mas se tivermos dele consciência teremos finalmente uma razão para recear, não a morte, mas o momento que a precede.
Cada um de nós sabe o que faz, como o faz e porque o faz, e não creio que daí advenha grande motivo de preocupação. Se e quando concluímos que procedemos mal, temos sempre a possibilidade de reparar parte do dano. O que, a mim, me inquieta seriamente é o que não fiz, porque o que não se fez é potencialmente mais lesivo que o que se fez. Deixem-me concretizar com o que me parece ser o melhor exemplo: não me incomoda os insultos que proferi contra quem quer que seja. Sou, normalmente, cuidadoso e distribuo-os com parcimónia, e o mais provável é que quem foi deles objecto saiba porque tal aconteceu (dê-me, ou não, razão). Incomoda-me muito a ideia de haver gente de quem gosto e que não o sabe ou sente. Prefiro, por isso, empenhar mais o meu tempo cultivando os meus afectos que as minhas (poucas) inimizades.
Há um momento terrívelmente maravilhoso nas nossas vidas: é aquele em que nos deparamos com a iminência incontornável da nossa morte e percebemos, finalmente, tudo aquilo que foi verdadeiramente importante na nossa vida. Sem processos mentais complicados de auto-defesa, libertos da necessidade de dar um sentido ao nosso dia-a-dia, perante a evidência da inutilidade de rancores e azedumes, vamos todos ver com clareza a nossa história pessoal. Deve ter sido essa percepção que gerou o mito do juízo final e deve também ser isso que as pessoas que tiveram experiências de quase-morte relatam como sendo o passar da nossa vida toda pelos nossos olhos. Esse momento de revelação não pode ser antecipado, como é óbvio, e isso é encantador, mas se tivermos dele consciência teremos finalmente uma razão para recear, não a morte, mas o momento que a precede.
Cada um de nós sabe o que faz, como o faz e porque o faz, e não creio que daí advenha grande motivo de preocupação. Se e quando concluímos que procedemos mal, temos sempre a possibilidade de reparar parte do dano. O que, a mim, me inquieta seriamente é o que não fiz, porque o que não se fez é potencialmente mais lesivo que o que se fez. Deixem-me concretizar com o que me parece ser o melhor exemplo: não me incomoda os insultos que proferi contra quem quer que seja. Sou, normalmente, cuidadoso e distribuo-os com parcimónia, e o mais provável é que quem foi deles objecto saiba porque tal aconteceu (dê-me, ou não, razão). Incomoda-me muito a ideia de haver gente de quem gosto e que não o sabe ou sente. Prefiro, por isso, empenhar mais o meu tempo cultivando os meus afectos que as minhas (poucas) inimizades.
terça-feira, agosto 17, 2004 |
A língua americana explicada às crianças
Libertação - Acto de invasão de um país soberano para deposição de um governante hostil aos interesses do invasor.
Fraude - A expressão da vontade popular através do voto.
Libertação - Acto de invasão de um país soberano para deposição de um governante hostil aos interesses do invasor.
Fraude - A expressão da vontade popular através do voto.
quinta-feira, agosto 12, 2004 |
PASSATEMPO
Como os excelentíssimos senhores frequentadores deste blog já devem ter reparado, os postadores encontram-se de férias. Para minorar o incómodo, aqui fica um passatempo. A imagem contém vários erros ortográficos, descubra quais. BOA SORTE!
Como os excelentíssimos senhores frequentadores deste blog já devem ter reparado, os postadores encontram-se de férias. Para minorar o incómodo, aqui fica um passatempo. A imagem contém vários erros ortográficos, descubra quais. BOA SORTE!
quarta-feira, agosto 11, 2004 |
ESTA NOITE
Em 1862, o cometa Swift-Tuttle atravessou o Sistema Solar. Todos os anos por esta altura a Terra visita a região onde ele deixou milhares de pequenas partículas, a constelação de Perseu, daí que se chame Perseida à chuva de estrelas cadentes que se poderá observar ao início da noite de hoje, e que é visível na direcção do ponto cardeal Norte, junto à linha do horizonte – por ser aí que se encontra Perseu.
Quem quiser fotografar o céu e não tiver uma câmara fotográfica digital, deve dirigir-se para um local pouco iluminado – a lua nova ajudará - utilizar um filme relativamente sensível – 200 ou 400 ASA – manter a máquina em pose durante alguns minutos – 10 ou mais - e, com Paciência, esperar que passe uma estrela cadente.
Em 1862, o cometa Swift-Tuttle atravessou o Sistema Solar. Todos os anos por esta altura a Terra visita a região onde ele deixou milhares de pequenas partículas, a constelação de Perseu, daí que se chame Perseida à chuva de estrelas cadentes que se poderá observar ao início da noite de hoje, e que é visível na direcção do ponto cardeal Norte, junto à linha do horizonte – por ser aí que se encontra Perseu.
Quem quiser fotografar o céu e não tiver uma câmara fotográfica digital, deve dirigir-se para um local pouco iluminado – a lua nova ajudará - utilizar um filme relativamente sensível – 200 ou 400 ASA – manter a máquina em pose durante alguns minutos – 10 ou mais - e, com Paciência, esperar que passe uma estrela cadente.
terça-feira, agosto 10, 2004 |
DESCOBRI RECENTE E INESPERADAMENTE O GOSTO PELO TANGO. APETECEU-ME PARTILHÁ-LO CONVOSCO.
I – REFLEXÕES DE FÉRIAS
Agosto. Férias. Praia. Mar. Gente. Muita gente. Como não podia deixar de ser, o mês que se vence no próximo dia 31 continua a ser o preferido dos portugueses para gozar aquele período concentrado de «fins-de-semana seguidos». Pois. Eu também sou português…
Erro crasso. Não se pode andar nas ruas, não se consegue chegar ao multibanco antes das duas da manhã, os víveres mais básicos escasseiam nos supermercados, há filas de carros para todo o lado. Os restaurantes estão cheios, os empregados são mal formados, a comida demora uma eternidade a chegar à mesa. É o caos.
Mas é suposto ser o paraíso. E acaba por ser. Vêem-se rostos felizes, bronzeados, respirando saúde e com marcantes sorrisos brancos – ainda que apenas o sejam por contraste. Para trás ficam muitas agonias, muitos esforços. Assim como muitas horas de tédio, daquele «nunca mais chegam as cinco horas que é para eu continuar sem fazer nada no conforto do lar».
Um ano inteiro de esforço ou de aparência de esforço pertence agora ao passado. Estamos contentes, eu e a Maria. Estamos contentes, a Maria e os putos. Estamos muito contentes. Aliás, é nesta altura que eu e a Maria mais fogo sentimos debaixo dos lençóis. Quais lençóis nem o caralho! Tá calor, é tudo à vista! E os putos, na sala ao lado, dormem o sono dos justos, cansados de correr no areal e de paparem «bóliberlim» que me custam os olhos da cara. E sacana-do-gajo-que-vende-esta-merda-que-trabalha-três-meses-por-ano-e-deve-tar-podre-de-rico.
Mas férias são férias.
Agosto. Férias. Praia. Mar. Gente. Muita gente. Como não podia deixar de ser, o mês que se vence no próximo dia 31 continua a ser o preferido dos portugueses para gozar aquele período concentrado de «fins-de-semana seguidos». Pois. Eu também sou português…
Erro crasso. Não se pode andar nas ruas, não se consegue chegar ao multibanco antes das duas da manhã, os víveres mais básicos escasseiam nos supermercados, há filas de carros para todo o lado. Os restaurantes estão cheios, os empregados são mal formados, a comida demora uma eternidade a chegar à mesa. É o caos.
Mas é suposto ser o paraíso. E acaba por ser. Vêem-se rostos felizes, bronzeados, respirando saúde e com marcantes sorrisos brancos – ainda que apenas o sejam por contraste. Para trás ficam muitas agonias, muitos esforços. Assim como muitas horas de tédio, daquele «nunca mais chegam as cinco horas que é para eu continuar sem fazer nada no conforto do lar».
Um ano inteiro de esforço ou de aparência de esforço pertence agora ao passado. Estamos contentes, eu e a Maria. Estamos contentes, a Maria e os putos. Estamos muito contentes. Aliás, é nesta altura que eu e a Maria mais fogo sentimos debaixo dos lençóis. Quais lençóis nem o caralho! Tá calor, é tudo à vista! E os putos, na sala ao lado, dormem o sono dos justos, cansados de correr no areal e de paparem «bóliberlim» que me custam os olhos da cara. E sacana-do-gajo-que-vende-esta-merda-que-trabalha-três-meses-por-ano-e-deve-tar-podre-de-rico.
Mas férias são férias.
segunda-feira, agosto 09, 2004 |
TEMPO
Tenho para mim que o remédio para muitos problemas é o Tempo. Esse miserável que tanto nos falta. E falta-nos porque anda a tratar dos problemas que só Ele consegue resolver. Já vi situações muito difíceis serem resolvidas só por esperarmos que Ele passe. Aqueles problemas que nos matam a cabeça de tanto pensarmos neles são os que Ele mais facilmente resolve. Claro que não os resolve sozinho. O Tempo é polígamo. Obtém as ajudas da companheira preferida da altura. Ora é a Persistência ora a Luta ora a Paciência ora a falta dela. Além de polígamo o Tempo também é, e agora é que vem o dado mais importante e também o que vos vai fazer soltar uns Ahs! de espanto e quiçá de desaprovação, é, dizia eu, bissexual. Ora então fechem lá as vossas bocas espantadas porque é o companheiro masculino do Tempo que nos vai resolver o problema aqui da Vara. Ouço um coro inquiridor: Mas como? E eu que, tendo poderes, posso, passando a redundância, esclarecer-vos que o novo companheiro do Tempo é o desprezo, e em honra dele escrevo-o com minúscula. Quero eu dizer, na minha, que estes dois juntos nos vão resolver o problema da má frequência do nosso estaminé. A esta hora estão todos a pensar que apanhei demasiado Sol na cabeça durante as férias, o que sendo verdade não é justificação para este post mal alinhavado. A verdadeira razão é a Pressa e a Esperança que só me entenda quem merece e a quem se dirige este texto escrito na língua de Eusébio.
Tenho para mim que o remédio para muitos problemas é o Tempo. Esse miserável que tanto nos falta. E falta-nos porque anda a tratar dos problemas que só Ele consegue resolver. Já vi situações muito difíceis serem resolvidas só por esperarmos que Ele passe. Aqueles problemas que nos matam a cabeça de tanto pensarmos neles são os que Ele mais facilmente resolve. Claro que não os resolve sozinho. O Tempo é polígamo. Obtém as ajudas da companheira preferida da altura. Ora é a Persistência ora a Luta ora a Paciência ora a falta dela. Além de polígamo o Tempo também é, e agora é que vem o dado mais importante e também o que vos vai fazer soltar uns Ahs! de espanto e quiçá de desaprovação, é, dizia eu, bissexual. Ora então fechem lá as vossas bocas espantadas porque é o companheiro masculino do Tempo que nos vai resolver o problema aqui da Vara. Ouço um coro inquiridor: Mas como? E eu que, tendo poderes, posso, passando a redundância, esclarecer-vos que o novo companheiro do Tempo é o desprezo, e em honra dele escrevo-o com minúscula. Quero eu dizer, na minha, que estes dois juntos nos vão resolver o problema da má frequência do nosso estaminé. A esta hora estão todos a pensar que apanhei demasiado Sol na cabeça durante as férias, o que sendo verdade não é justificação para este post mal alinhavado. A verdadeira razão é a Pressa e a Esperança que só me entenda quem merece e a quem se dirige este texto escrito na língua de Eusébio.
quinta-feira, agosto 05, 2004 |
HOJE HÁ MAIS UMA ESTRELA NO CÉU
HENRI CARTIER-BRESSON
HENRI CARTIER-BRESSON
terça-feira, agosto 03, 2004 |
FÉRIAS!!!
Hoje acordei mais cedo que o costume. Os senhores da EPAL resolveram cortar a água a partir das 9h00, na minha rua, e rapazinho asseado que sou, levantei-me a horas de tomar banho com águas correntes, quentes e frias, todas misturadas num deboche térmico de excelentes resultados. Quando fui à janela da sala, reparei que o meu mundo estava bastante reduzido: a ponte, o rio, os prédios em frente, tudo fora tragado por uma névoa espessa e pegajosa. Uma névoa comunicante, acreditem, que me gritava sonoramente: “Bem podes ir de férias, ó pândego de merda! Quando voltares cá te esperamos para mais um ano do mesmo!” Ora, se há coisa que me transtorna é que fenómenos meteorológicos comuniquem comigo sem autorização prévia. Vai daí, também eu gritei à névoa: “Vai-te mas é foder!” E ela foi. E choveu-se todinha. Bem feito!
Hoje, portanto, é o meu último dia de trabalho antes do meu próximo dia de trabalho, mediando entre os dois qualquer coisa como 18 dias úteis. Não é mau. Nem bom. É o que se pode arranjar. Num desses dias úteis – o 26 de Agosto, para ser mais preciso – completar-se-á um ano desde o primeiro post, ainda titubeante, deste nosso porquinho. Um ano inteiro de orizicultura, com uns meses agulha, uns meses carolino e umas semaninhas de trinca. Conto vir cá por essa altura para vos aborrecer com balanços, discursatas sentimentais e promessas para o futuro.
Estou animado por partir de férias e não fazer a menor ideia de que elas vão ser. Sei que vou ao Festival do Sudoeste. Se por lá passarem e virem um rapaz muito bem apessoado, de ar sereno e mais limpo que os outros, deverei ser eu. Perguntem educadamente: “É o Senhor Funda?” e ainda pode ser que vos pague uma groselha. Eu sou assim: a mistura de concertos e férias deixa-me incrivelmente perdulário… mas sempre modesto.
Hoje, portanto, é o meu último dia de trabalho antes do meu próximo dia de trabalho, mediando entre os dois qualquer coisa como 18 dias úteis. Não é mau. Nem bom. É o que se pode arranjar. Num desses dias úteis – o 26 de Agosto, para ser mais preciso – completar-se-á um ano desde o primeiro post, ainda titubeante, deste nosso porquinho. Um ano inteiro de orizicultura, com uns meses agulha, uns meses carolino e umas semaninhas de trinca. Conto vir cá por essa altura para vos aborrecer com balanços, discursatas sentimentais e promessas para o futuro.
Estou animado por partir de férias e não fazer a menor ideia de que elas vão ser. Sei que vou ao Festival do Sudoeste. Se por lá passarem e virem um rapaz muito bem apessoado, de ar sereno e mais limpo que os outros, deverei ser eu. Perguntem educadamente: “É o Senhor Funda?” e ainda pode ser que vos pague uma groselha. Eu sou assim: a mistura de concertos e férias deixa-me incrivelmente perdulário… mas sempre modesto.