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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


sexta-feira, abril 27, 2007



Refrão:
Jesus Cristo, Jesus Cristo, Jesus Cristo eu estou aqui... (bis)

Olho pro céu e vejo uma nuvem branca que vai passando
Olho pra terra e vejo uma multidão que vai caminhando
Como essa nuvem branca essa gente não sabe aonde vai
Quem poderá dizer o caminho certo é você meu pai

Refrão

Toda essa multidão tem no peito amor e procura a paz
E apesar de tudo a esperança não se desfaz
Olhando a flor que nasce no chão daquele que tem amor
Olho pro céu e sinto crescer a fé no meu Salvador

Refrão

Em cada esquina eu vejo o olhar perdido de um irmão
Em busca do mesmo bem nessa direção caminhando vem
É meu desejo ver aumentando sempre essa procissão
Para que todos cantem com a mesma voz essa oração

Refrão

segunda-feira, abril 23, 2007



Abril, mês de doutrina...


Sermão aos peixes - vol. 1


De como se tornou chique falar mal de...


Michael Nyman
Qu'isto já se sabe - é tal e qual como os gases... Vão-se juntando todos na tripa e de repente é propulsão a níveis inimagináveis. As modas vão tal e qual - e mal de quem cai nelas. E o pobre do Michael caiu.
Nem foi bem ele, coitadinho. Quis o destino que toda a gente achasse muita piada à Holly Hunter a tocar piano - claro: mulher mais ou menos vistosa, muda, a tocar piano e dada aos calores... que homem não sente uma certa empatia por esta ideia? - e à música que ela tocava. De quem era a música? Ora "diz que é um senhor já meio antigo que escreve umas cantigas para filmes e música assim esquisita, tipo tiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii tiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii pim pim pim tiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii". E assim se descartava, entre a populaça ígnara e com má dentição, toda uma vida de trabalho do que é, apraz-me dizer, um dos nomes maiores da música do século xx - e do xxi também, que eu não sou propriamente famoso pela prudência.
Atentai no que eu vos digo, que eu não duro sempre e falo pouco: sem vaca não há bife; sem Nyman há música mas não é tão boa. Ante um aforismo deste calibre, cumpre-me explicá-lo um bocadinho - e só um bocadinho porque isto é quase poesia e já se sabe que poesia explicada deixa de o ser. Nyman é um compositor de excepção ainda que sem ser absolutamente excepcional. É o carma do compositor contemporâneo - e é bem tramado. Só se deixa de ser contemporâneo uns bons anos depois de morrer - e só se passa a ser excepcional quando, um ou mais séculos depois, se verifica que a sua herança estilística, tímbrica, rítmica perdura ainda nas obras de outros. E eu já não vou estar cá para ver mas cheira-me que sim, que a do Shô Nyman vai.
Isto, claro, isto se levarmos de vencida vários adversários:
- o despautério dos mortos de fome (leia-se outros compositores contemporâneos) que se assanham contra quem vende mais de seis cópias de um disco;
- a afronta de meia dúzia de "opinion makers" que, por causa de Nyman, foram à Wikipedia ver o que raio era "música contemporânea" e de lá sacaram as habituais armas de arremesso - "Nyman? Pfff... É um Ligeti adocicado. O trabalho dele para piano é Cage sem talento; para orquestra é um roubo descarado à música antiga - Pourcel, Dowland, Mozart... uma vergonha!"
- os toscos do costume - "aquele cd d'O Piano era giro; depois ouvi outro que era uma seca e os outros eram todos iguais"
- os selectivos atrofiados - "qu'ele só resulta bem com o Greenaway... quando ele se vende para outros projectos sai sempre merda"
- os desconhecedores - "Michael quê? É o guitarrista dos Genesis?"
Nyman é um senhor. Escreve música e escreve bem. Sem ele não teríamos tanta gente que redescobriu que havia "outra música" e se pôs a escrevê-la também. Olhem "para casa" - que seriam The Gift ou Rodrigo Leão, para citar os mais óbvios, se não tivessem ouvido Nyman? Diferentes, pelo menos. E provavelmente mais iguais aos outros.
TPC: ouvir em repeat "All imperfect things", de O Piano, pelo menos 50 vezes. Depois parar e perceber a ironia do título.

quarta-feira, abril 18, 2007


Segundos as últimas notícias, Sócrates está em Rabat...





terça-feira, abril 10, 2007


Esta missiva chegou-me na 5ªa feira passada. 'EFN' é Estação Florestal Nacional. O Laboratório de Estado, pertencente aos Ministérios da Agricultura e da Ciência que se dedica à investigação científica na área florestal. Fica em Oeiras.


EDIFÍCIO EFN

De: Responsável da manutenção

Para: EFN ‑ Oeiras

Data: 04-04-2007

Assunto: MANUTENÇÃO – SUSPENSÃO do CONTRATO de LIMPEZA

Informação/Solicitação

Conforme Nota interna da Direcção, ficámos a saber que apesar dos esforços e iniciativas efectuadas para o evitar, foi mesmo suspenso no dia 02 de Abril, segunda-feira, o contrato de limpeza do edifício EFN.

Embora continuem as iniciativas para repor a normalidade, dada a relativa gravidade da situação e desconhecendo-se a sua duração, impõem-se algumas alterações relativamente aos hábitos e regras vigentes, que minimizem os efeitos desta alteração nas condições de utilização do edifício:

PROCEDIMENTOS NECESSÁRIOS

-- Assegurar a limpeza do seu próprio gabinete.

-- Assegurar e utilizar o seu próprio “kit” de higiene (ex.: Papel higiénico, sabonete, toalha de rosto).

-- Ser responsável por todo o seu lixo até o depositar nos contentores públicos (ex.: Lixo da papeleira do gabinete, pensos higiénicos, toalhas de papel. etc.).

-- Redobrar os esforços no sentido de manter limpas as casas de banho.

Os melhores cumprimentos de

MANUTENÇÃO


segunda-feira, abril 02, 2007

Ao Lourenço, porque só vi hoje


Se houvesse conforto em palavras, haveria duas outras coisas: a total ausência de desconforto (o que esvaziaria o conceito) e pesados prejuízos na indústria farmacêutica. As palavras trazem muita coisa – até as verdadeiras. Trazem alegria, inspiração, êxtase ou dor ou o que mais for. Mas conforto… Consciente que tentar confortar alguém por escrito é espúrio, não o vou fazer.

“Encorajar” é pior ainda. Nunca gostei da palavra nem do princípio: quem bebe “coragem” nos outros toma uma qualquer tizana por chá verdadeiro.

Assim sendo, só te posso falar do que conheço: o medo. O que mais se diz dele é que não se devia tê-lo. Asneirame pesado, este. Tudo o que temos, temos – o medo como a fome. É nosso e existe e geralmente supera-se – é natureza do medo ser condição “ante” – e feliz de quem os superar todos pois diz que ascende “montado” numa flor de lótus. E que vê tigres a voar. E tudo isto sem drogas.

O medo da perda é justificadíssimo. Claro que é egoísta como todos os medos: o que tememos são coisas que nos podem deixar abaixo do limiar de bem estar que (felizmente) tomamos por condição natural. Com o medo da perda antecipamos a tristeza que vamos de certeza sentir. Creio que já todos – ou quase – sonharam com a perda de alguém. A angústia no acordar não é à toa – está lá, prontinha a sair quando for altura. O que se experimenta é uma espécie de trailer de um filme que não queremos ver – e que eu acredito, com desmedida força, que tu não vais ver tão cedo. Ao lado deste medo e do direito pleno de o sentires, deves reservar-te também o direito de, por momentos, não o ter. Não é desrespeito nenhum. Tudo o que fizeres e sentires estará bem – nenhuma árvore se amofina pela forma como lhe crescem os ramos.

A impotência custa – suponho que seja o preço a pagar por sermos tão capazes. Não curamos nem operamos milagres para além do milagre que somos e isso já é tanto… Em momentos assim, toda a gente é reconduzida à expressão mais natural, mais “animal” – ou divina? – e o mais importante é “estar lá com”. E tu estás. Escuda-te nisso, que é quase tudo. Pudesse eu também estar aí no “segundo círculo”, o que te rodeia…

domingo, abril 01, 2007


Eu

Tenho 31 anos e sou. O que eu sou, há – e o que há só tem um tempo: o presente. Donde que tenho 31 anos por comodidade administrativa – e porque os ando a juntar para os descontos na CP e as férias do INATEL. A minha verdadeira idade é hoje.

E aqui. O que eu sou não depende dos dias nem do lugar. Apenas existe e actua, como tudo. Na essência, nunca mudei. Nem poderia. O que eu sou é o que há. E há muito mais, havendo rigorosamente mais nada. Em mim, há tudo. O que se pensa que não havia é apenas o que se não tinha experimentado. E há muito por experimentar, há tudo o que já há.

Se isto vos parecer críptico, é esfregar as mãos à parede. Já experimentaram esfregar as mãos à parede? Lavem-nas primeiro, em especial se moram em casas alugadas e/ou com paredes brancas. Convirá igualmente escolherem uma parede lisa – a tinta texturada fica para a Opus Dei… E fechem os olhos, que os olhos enganam. Esfreguem as mãos e sintam com as mãos não só o que há na parede mas o que há nas vossas mãos. Está lá tudo o que há. Está lá a parede inteira e as paredes todas. A parede é uma reprodução de todas as paredes que há, assim como nós somos uma reprodução de todo o Homem que há. Vida, pá, o que há é vida num fluxo contínuo e fascinante. Até nas vossas porcas mãos…

Serve isto tudo para dizer que estou bem. Porquê? Porque sim, porque escolho e porque conheço o mal para saber o que é o bem. Conhecemos todos, desde o berço. Estou bem e cada vez gosto mais de estar, sem qualificativos. E vou estando um eu cada vez mais pequeno porque se vê em cada vez mais coisas porque cada vez mais coisas existem nele. Quer dizer… existe menos carne do que já existiu. E menos cabelo. Mas esse é um trade-of fácil de aceitar.

Tenho 31 anos e sou. Não há problema. Não há mesmo problema algum. O que há é o que eu sou, conheça-o ou não. Mas não há problema. Este estado de espírito é interessantíssimo e muito positivo, podendo descambar em conversas de engate fascinantes – aquilo a que se poderia chamar o engate zen:

“- Pscht! Olha!, eu curtia à brava foder contigo. Não há problema em dizer-te isto, pois não?
- Não, não há problema. Mas eu não quero foder contigo. Não há problema, suponho.
- E supões bem… mas é que me apetecia foder contigo e esta vontade positiva e construtiva não deveria descambar em punheta. Digo-te isto partindo do princípio que não há problema, claro.
- Claro. E a tua vontade existe e é uma expressão de ti, uma expressão do espírito, do assombroso milagre da vida. Mas olha: azar do caralho, é que não me apetece mesmo foder contigo. Não há…
- Não, claro que não. Tu ouves-te e respeitas-te. Isso é admirável. Mas nem um brochezinho? Isto sem…
- Pois, mas não.
- Ok… desde que a minha vontade não seja um problema…
- Não, nem por sombras. Aliás, vendo isto no plano mais correcto nem deveríamos personalizar: a ti apetece-te foder; a mim não me apetece foder… contigo e comigo são expressões desnecessárias.
- Tens razão. Não há problema. E olha… conheces alguma amiga tua que…”

Ou o desengate zen, neste caso. Mas é mesmo verdade. Passamos a vida a convencer-nos uns aos outros que há muitos problemas – “ó, ó!… problemas e dos grandes!” – quando não há problema nenhum. O que há somos nós. E é tudo. Com tudo quanto há de belo à volta, onde é que encontramos espaço para problemas? Nem nas vossas porcas mãos – que o inverno já lá vai e não é tempo para frieiras…

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