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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


quarta-feira, setembro 29, 2004

Alambridatia, 11

- Não foi nada disso que eu disse!
- Mas pensaste.
- AH! Agora és telepata?
- Não preciso. Conheço-te bem demais.
- Julgas, realmente, ser possível conhecer alguém assim tão bem?
- Esquece os conceitos. Não se trata do que eu julgo ser possível ou não, é uma constatação de um facto. Tu és transparente para mim.
- Transparente? Achas que toda a minha densidade é visível do exterior?
- Só falo por mim. Eu já te conheço há muito tempo. O teu corpo, a tua cara, as tuas mãos, a maneira como respiras, são coisas que me falam tão claramente como as tuas palavras. Mais claramente, até, porque me dizem aquilo que tu queres esconder.
- Presumes, então, que eu não controlo o meu corpo. Que eu não uso à tua frente a pose que todos – tu, inclusive - ensaiamos até à exaustão e que corresponde à imagem que queremos projectar de nós próprios.
- Não se trata disso. Tu és tão composta quanto outro qualquer, mas eu aprendi a ler os sinais ténues que deixas cair de vez em quando. Um ligeiro arquear de sobrolho, uma súbita frieza na voz, um pé impaciente… coisas dessas.
- E quem te disse que mesmo essas coisas não fazem parte da minha pose? Que não são mensagens que te estou a fazer chegar, sabendo que tu vais prestar-lhes mais atenção que às minhas próprias palavras?
- Ora, deixa-te disso. Não és assim tão tortuosa.
- Pois claro! Eu, no fundo, sou uma alma simples, quase imbecil.
- Não foi nada disso que eu disse!
- Mas pensaste…

quarta-feira, setembro 22, 2004

Feromona, quase uma semana depois

Na quinta-feira transacta fui assistir ao concerto dos Feromona, que decorreu no Santiago Alquimista. Depois de quase uma semana, consegui arranjar tempo para reflectir e dedicar-me a escrever umas linhas sobre a banda. Nem sei se eles gostam de ser apelidados de banda, mas é assim que eu os designo. Banda de música, que nada tem a ver com filarmónicas ou outras espécies menores. Sim, porque eles são grandes. Grandes no som, grandes na atitude e grandes nas letras.

Os gajos tocam e têm aquela força de chegar mais longe e de fazer o seu som. Sem falsas pretensões. Tocam por prazer e isso nota-se.

A letra completa a música. Vejam-se os casos do Paquiderme Magrinho ou do vigoroso Mustang. Letras engraçadas, com significado e que preenchem o conceito de rock-zoófilo-urbano.

Mas o instrumental puro não foi excluído, tendo uma evolução que se nota da primeira à última nota. Atentem na música dedicada à vida atribulada de uma cadela, se a memória não me falha.

No próximo concerto podem contar comigo outra vez. É caso para dizer, à laia do Rock in Rio, «Eu vou».

Poderão observar algumas fotos da banda, umas mais recentes e outras mais antigas, no belogue do Z (excelente fotógrafo, já agora).

terça-feira, setembro 21, 2004


De orelhas em pé - XVI

É o assunto do momento: as listas de colocação de professores não saem, há atrasos (se calhar, irremediáveis...) no arranque do ano lectivo, há 70.000 ou 80.000 professores à espera de saberem o seu destino, sendo que apenas 50.000 serão colocados. A "ministra", com ar preocupado, diz que é grave, que houve erros de avaliação, que há responsabilidades políticas a assumir, blá, blá, blá, e já se adivinha o filme: a "ministra" demite-se, junto com umas quantas figuras malquistas do ministério, a oposição e os sindicatos cantam vitória, o primeiro-ministro destaca a dignidade das figuras agora afastadas e realça o sentido de justiça do seu governo, que não deixa passar impune estas coisas, e o pagode aplaude - ou não, tanto faz, que o pagode já se demitiu há muito destas coisas banais da cidadania.

Ora, acontece que nem toda a gente é parva. E alguém irá certamente perguntar que raio de responsabilidade pode ter uma pessoa que agarrou há dois meses num processo ferido de morte e se limitou a constatar-lhe o óbito? Nenhuma, claro, nem isso conta para o caso, porque a senhora "ministra" nunca foi Ministra da Educação: limitou-se a ser uma figura de cêra, a derreter como expediente para salvaguardar os verdadeiros responsáveis: o antigo ministro David Justino e a empresa que foi (certamente) bem paga para produzir um software inútil. Ao primeiro devem ser assacadas as responsabilidades políticas deste processo e aos segundos as consequências de contratos (haverá?) não cumpridos e prejuízos que daí tenham sobrevindo. Qualquer outra coisa é folclore.

Resta a questão original: há 50.000 lugares lectivos a precisarem de ocupação. Talvez a recondução dos professores nos lugares que ocuparam o ano passado não fosse a pior ideia...

sábado, setembro 18, 2004

SEXTA-FEIRA, UM DIA DEPOIS.
Antes de mais, os Feromona. Abençoada quinta-feira aquela que levou algumas dezenas de espíritos esclarecidos ao Santiago Alquimista. Fiquei com aquela sensação gratificante de ter assistido ao nascimento de alguma coisa. Reparem que isso não tem relação com o facto de ter sido um dos primeiros concertos da banda, não. O que eu senti foi que estava a assistir ao nascimento de uma linguagem própria e nova e que, sendo naturalmente devedora a algumas influencias, consegue descolar-se sem dificuldade e ser só o que é. E o que é? É rock, mas é o rock dos Feromona e é um rock diferente dos outros. Não sei se eles vão ser grandes – nunca é muito avisado fazer apostas dessas em Portugal – mas sei que eles vão ser muito bons. Já o são. E mostraram-no naquele concerto, sem deixar espaço para dúvidas. Que se arrependa quem não foi, que arrepele os cabelos quem queria ir mas não pôde.

Hoje passei a manhã a ouvir os XTC. Por causa disso, decidi voltar às costumeiras traduções de sexta-feira – transplantadas hoje, por força das circunstâncias, para o Sábado – e decidi traduzir... outra coisa que não os XTC. Os XTC são brilhantes e frequentemente irritam-me por serem tão brilhantes e tão claramente inteligentes e por fazerem canções como lhes dá na real gana. E depois há aquele estranho binómio Andy Partridge – Colin Moulding. Toda a gente sabe que o Partridge é o génio mas o Moulding lá vai tendo o seu espaço a cada disco e lá vai escrevendo uma ou outra canção. Passei a manhã a ouvir o “Rag and Bone Buffet”, uma compilação de raridades e lados B, onde se pode ouvir uma das melhores canções que o Colin Moulding já escreveu. Chama-se “The World is Full of Angry Young Men” e está ao nível do “Wonderland”, momento histórico do mítico “Mummer” – sim, eu sei que me dá um certo ar de cagão este vomitar de referências, mas vocês só lêem porque querem – e fiquei mais uma vez convencido de que os XTC são um espartilho para o Colin Moulding, que se deve sentir sempre ensombrado pelo génio esmagador – e se é esmagador, o cabrão – do Andy Partridge.

Só para vos explicar a lógica fabulosa de um cérebro tão fascinante como o meu, devo dizer-vos que foi por me lembrar da aversão dos XTC aos espectáculos ao vivo – que já não fazem tournées, salvo o erro, desde o início dos anos 80 – e da sua relação esquisita com qualquer vestígio, por mais pequeno que seja, de sucesso, foi por isto, dizia, que me lembrei do artista que hoje escolhi para iluminar mais um capítulo na minha demanda pelas mais brilhantes pérolas pop.

Quantas vezes será preciso um gajo “cair” para ficar imune à ilusão do sucesso? Como é que será ser apontado como artista influente, voltar a ter um “hit single” mais de dez anos depois dos tempos de relativa notoriedade e voltar, de novo, à obscuridade de sempre, às vendas inexpressivas, à simpatia das críticas que nunca passa disso? Suponho que não deve ser fácil ter estômago para isto tudo – eu aposto que o meu ulcerava... – para ignorar os reveses e continuar a gravar disco atrás de disco com canções muito mas muito boas. O Edwyn Collins deve ter, portanto, um estômago notável. Depois de ter conseguido que os Orange Juice fossem reconhecidos como um marco da pop mais inteligente dos anos 80 – que saudades da Postcard Records... – foi gravando discos a solo que faziam as delícias dos poucos que os ouviam. Isto até ao dia em que, largos meses após o lançamento do álbum “Gorgeous George’, alguém reparou que o riff do single “A Girl Like You” era perfeitamente infeccioso e irresistível. Sobreexposição, sucesso, entrevistas, perguntas como “onde é que ele estava até agora”, “porque é não tínhamos reparado antes que ele tem uma voz extraordinária e um talento raro para escrever canções”? Passou o single, passou o “hype”, e lá voltou Edwyn Collins aos álbuns a solo com canções excelentes e escassa atenção. O álbum de 1990, “Hellbent on Compromise”, é um caso raro: as canções são boas como poucas mas a produção é assim para o pobrezinho, do que resulta este ser um álbum em que apetece pegar e “cobrir” as canções uma a uma – cobrir como tradução literal de fazer “covers”, claro (o próprio Edwyn, neste preciso álbum, “cobre” com graça e estilo o “Time of the Preacher” do indescritível Willie Nelson, esse mito da country com ar de safardana pouco limpo, de quem não lava os bigodes depois de fazer um minete). É, pois, com uma admiração muito sincera que vos dou a ler, na língua de Luisa Costa Gomes e Yvette K. Centeno, essa pérola amarga sobre a condição de artista pop a que o Eduíno chamou “You Poor Deluded Fool” e que é a faixa número 2 desse “depósito de talento” que é “Hellbent on Compromise”, o álbum que encarna por excelência o espirito “might have been” que eu tanto aprecio.

You Poor Deluded Fool

What in the world's it coming to?
Será que já tenho idade para perguntar “onde é que isto vai parar?!”
There was a time I felt you knew
Será que já cheguei à fase de questionar o avançar?
So in desperation I followed you
Se chegar a cantar o que sempre quis será que isso vai importar?
They said you were wise beyond your years
É injusto tomar por “Bíblia” uma canção
Not for yourself you cried those tears
O destino não pode ser determinado por um refrão
But no one asked you for your sympathy
Por triste que seja uma melodia ela não chora as tuas dores

He rides into town astride a mule
Olha-se o que se fez em ciclos de amor e desamor
Pity the poor deluded fool
Pobre de quem acha que tem o estatuto de autor
It's not that no one wants you
Não é que tenhas a certeza de ser ignorado
It's just your past that haunts you
Mas é tão raro haver justiça na forma como és lembrado
When you broke every rule
Quando o mais das vezes foste o que tinhas de ser
Ignored every cue
Ainda muitos se arrogam o direito de te conhecer
You poor deluded fool
E de te explicar porque fizeste o que acabaste por fazer

You were so headstrong and proud
O muito que de início acreditares em ti nunca será demais
How could they think that you'd cow tow?
A tua voz não te dá mais responsabilidade que ao comum dos mortais
That's the one thing you could not allow
Não há melhor antídoto para uma ideia que as condições ideais
You were the first, you'll be the last
Nada do que fizeres te irá soar perfeito
Something that's far beyond their grasp
Como te hão-de explicar outros com muito menos jeito
No matter. What's passed has passed.
Mas não ligues e aprende com os defeitos do que tiveres feito

He rides into town astride a mule
Olha-se o que se fez em ciclos de amor e desamor
Pity the poor deluded fool
Pobre de quem se congratula com o estatuto de autor
And if they should reject you
Se achares que tudo o que fizeste não serviu para nada
You know I'll still respect you
Lembra-te que há quem, como eu, admire quem fica a meio da escalada
When they're playing it cool
Este fascínio por quem persegue sem encontrar
So unspeakably cruel
Este carinho por quem anda às voltas sem lá chegar
Good luck you crazy fool
Deve ser uma defesa para quando eu me decidir a avançar...

Edwyn Collins, Hellbent on Compromise

sexta-feira, setembro 17, 2004

Americanos

Todos os anos somos brindados com aquelas deliciosas notícias que têm como protagonistas "os americanos". Os safardanas arranjam maneira de nos molhar o Verão, subir o preço ao petróleo, descobrir que o jogging, afinal, aumenta o risco de ACV's, etc., etc. Sendo indubitavelmente matérias de gravidade real, importante seria saber de onde emana tal conhecimento e que rigor esteve na base da sua determinação. Ora, isso não é do interesse de quem propaga estas pérolas, e a razão é simples: "os americanos" já deixaram, há muito, de ser os habitantes dos EEUU e passaram a ser uma raça de criaturas poderosas e reservadas, oráculos modernos escondidos em confortáveis cavernas de onde regularmente deixam verter sobre o "seu" mundo um pouco da sua sabedoria. "Os americanos" disseram, está dito. E é, com certeza, verdade.

Há "americanos" destes por toda a parte, em escalas e registos diversos. Em Portugal temos os politicamente correctos alentejanos e os menos públicos pretos, que funcionam como o objecto de escárnio comum de uma sociedade com pouco à-vontade para se rir de si própria. Gostamos imenso de ter a quem apontar o dedo, e praticamo-lo desde pequenos: o bucha, o caixa-de-óculos, o dentes-de-coelho, o coxo, o marreco, etc., que todos tivemos como colegas na escola (e alguns tiveram a infelicidade de sê-lo...), são as primeiras manifestações desse desporto. Não é que haja algo realmente notável nestas pessoas, mas dá jeito forjar uma "razão" para diminuir alguém. Mais tarde progredimos e aprendemos que não é correcto apontar o dedo; é o momento em que aparecem os "americanos".

Os pretos calões, os ciganos ladrões ou os alentejanos preguiçosos resultam de um processo complicado e perigoso, porque emana de uma espécie de xenofobia mal escondida e potencialmente criminosa - vou deixar para outra altura. Os advogados aldrabões, os polícias corruptos, os funcionários incompetentes, etc., etc., são "americanos" de outra espécie. São, maioritariamente, o resultado de uma má aceitação da democracia: as regras são boas e devem ser impostas e respeitadas até ao momento em que deixem de servir os nossos mui compreensivelmente egoístas propósitos. Mas também não são estes os "americanos" que mais me interessam.

O que me fascina são aquelas figuras que trazem um sorriso aos lábios de todos quando são referidas. Os "saloios", "o povo da bola", "a malta do fatinho de treino" ou, como fala a rititi no seu último poste, os gajos da "posição do missionário e do sexo ao sábado depois da bola" (leiam, que vale a pena). Tal como os autênticos "americanos", estes tipos folclóricos podem até ser encontrados, se procurarmos com maior ou menor afinco, mas estão muito longe de representar a realidade de Portugal em 2004. São espécies em extinção que nós, se calhar sem querer, preservamos tenazmente porque nos servem para apontar o dedo e afastar a atenção de nós próprios, dos nossos fatinhos de treino escondidos com vergonha ao lado do soquete branco, da nossa casa de família em Mafra ou em Torres Vedras ou da monotonia em que caiu a nossa vida sexual porque não soubemos cuidar dela e do/a nosso/a parceiro/a a seu tempo. Estes nossos "americanos" existem, sim, e podem ser identificados. Mas existem em muito maior quantidade no nosso imaginário culposo e aí hão-de perdurar ainda muitos séculos, porque hábitos que cultivamos desde pequenos custam muito a desaparecer e é mais fácil ver o cisco no olho do parceiro do que a trave que temos no nosso.

quinta-feira, setembro 16, 2004

FEROMONA, ao vivo

Hoje, quinta-feira, 16 de Setembro, no Santiago Alquimista, pelas 23 horas (não se atrasem...).

Garantidamente, uma banda para ouvir. Inventores do rock-zoófilo-urbano.

Compareçam. Vale a pena.

Lisboa - ao miradouro de Santa Luzia/Portas do Sol.

segunda-feira, setembro 13, 2004

100 TITALO



sexta-feira, setembro 10, 2004


De orelhas em pé - XV

Comemorando o autêntico primeiro aniversário deste belogue, venho trazer-vos a última (?) encarnação de um fado muito português. Tentem perceber a diferença entre ISTO, ISTO e ISTO. Podem procurar à vontade, que o resultado é o mesmo - o mais esperado lançamento em DVD de sempre, os filmes que maior culto arrastam atrás de si desde que estrearam nas salas de cinema, vão ser postos à venda em toda a Europa a preços que rondam os 50 Euros. Toda, salvo seja: no extremo ocidental, há um pequeno país que teima em resistir à lógica do mercado e em que distribuidores se aproveitam da sua situação de quase monopólio para inflaccionar os preços das suas representações.

Explicações para isto haverá muitas, mas não me apetece ser exaustivo e vou directo à que me parece ser a principal: nos últimos 20 anos, o ganho de poder de compra dos portugueses gerou um novo-riquismo disparatado e todo-poderoso. As empresas sabem disto, e associam estes consumidores a uma estupidez infinita e a uma incapacidade atávica de cuidar do seu dinheiro, comparando preços. Quero, posso e levo, custe o que custar - então, porque não carregar no preço?

Alguns de vós poder-me-ão dizer que os custos associados a produzir um DVD para a língua portuguesa são superiores aos custos de produzir para francês ou espanhol, porque terão de ser amortizados num número de unidades necessariamente menor. Até lhes daria razão, não fosse o caso da edição portuguesa ser a mesma que para os antigos países de leste (Polónia, Bulgária, Roménia, etc.) e lá custarem os mesmíssimos 50 Euros (podem confirmá-lo AQUI). Ficam os 20 Euros para cobrir o diferencial de custo de produção das capas. Acham crível?

quarta-feira, setembro 08, 2004


De orelhas em pé - XIV

O nosso primeiro-ministro está na sua primeira visita oficial. Calhou ser ao Brasil, a convite do presidente Lula da Silva, a propósito das comemorações do aniversário da independência daquele país nosso irmão (a avaliar pelas cores dos países nossos irmãos, a nossa mãe não primava pela dedicação ao companheiro). Deixo-vos aqui um esboço da agenda de Santana Lopes, que consegui obter com grande custo pessoal:

Outubro - visita a Viena, para assistir ao 35º Festival de Coros Tiroleses, a convite do ministro da cultura austríaco. Por coincidência decorrerá este festival na mesma altura que a abertura da temporada de Ópera.

Dezembro - visita a Gstaad, como convidado de honra do 10º Simpósio Internacional das Virtudes Terapêuticas da Neve.

Janeiro - orador no 2º Encontro Informal dos Artistas Latino-Americanos Canhotos, em Miami.

Fevereiro - 76º Concurso Internacional de Canellonis, em Veneza.

Início de Março - Comemorações da Chegada de Cabrilho à Califórnia.

Maio - Campeonato do Mundo de Pétanque, em Monte Carlo.

Outras datas estão em aberto e serão certamente preenchidas, à medida que surjam oportunidades de representar o Estado Português ao mais alto nível.

sexta-feira, setembro 03, 2004

REGRESSO, ou como, apesar de ser sexta-feira, ainda não é bem sexta-feira...
Passou um ano desde o princípio. Já fomos de Verão a Verão. E ainda cá estamos e estaremos. Pronto. Este é todo o balanço que me apetece fazer por alturas da efeméride. Não gosto de balanços. Nem de balancetes. Nem de partidas dobradas. Nem de FIFO's ou NIFO's ou LIFO's. Não gosto de contabilidade nem de cálculo financeiro. Nem gosto da Ana Paula Ferreira, que foi minha professora de contabilidade no secundário. A culpa deve ser dela, por eu não gostar de balanços. Espero que fique com remorsos.
Estive de férias mas já voltei das férias. E tive pena. Este ano tive pena. Custou-me voltar ao trabalho - eu sei que em nenhum ano é bom voltar ao trabalho, mas este foi particularmente penoso. Deve ser defeito meu. É-o, de certeza. Tenho esta tendência para me cansar de quase tudo menos das pessoas e de comprar discos. Mas estive de férias, portanto. Tinha direito a elas e gozei-as. Apeteceu-me escrever inúmeros posts, naquele período. Sobre o Sudoeste, sobre a excelente estreia universal dos Feromona ao vivo no NetJazzCafé, sobre a atmosfera controlada, asséptica e que me revoltava as entranhas de Vale do Lobo, sobre o gozo de voltar a estar com tempo com amigos com quem já não estava com tempo há muito, sobre a tranquilidade dos poucos dias que estive em Tomar, sobre como os meus sobrinhos estão a crescer, sobre os meus pais que fizeram 44 anos de casados (e ainda celebram!)... Mas, como diria a RTP, por dificuldades técnicas não me foi possível fazer a transmissão destes propósitos para o suporte informático. Pronto. Não foi, não foi. Acabou-se. Não vale a pena chorar sobre posts-nados-mortos, oportunidades perdidas.
Este Verão cheguei a pensar em mudar de vida e abraçar outra carreira - guionista de filmes porno, por exemplo. Em pleno Vale do Lobo, tive a ideia luminosa que me impulsionaria aos píncaros da fama na programação do SexyHot: um filme chamado "O Charme Discreto da Algarvia". Seria assim o guião:
"O Charme Discreto da Algarvia
(Numa praia quase deserta, está um grupo de seis rapazes. Ao longe vê-se um vulto, aproximando-se. É a Algarvia, desnuda. Fica de pé, ao lado dos rapazes.)
Algarvia - Móces, vamos foder?"
Pronto. Era assim. Um filme a solo para uma actriz de gabarito. Falei desta ideia a uma ou outra pessoa que me manifestaram o seu entusiasmo - tanto ou tão pouco que cá estou eu de volta ao trabalho costumeiro. De volta mas um bocadinho relapso. Hoje, por exemplo, é sexta-feira mas ainda não vos vou brindar com nenhuma pérola da lírica pop contemporânea. Ainda não.
Voltei. Estou cá. E porquê? Se voltei a Lisboa porque não vivo do ar, aqui voltei porque quero. Quero e pronto.

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