segunda-feira, setembro 25, 2006 |
Quando eles começam a falar... (by - vejam quem assina...)
Entrámos na M20 (outra mania, chamar M qualquer coisa a uma A qualquer coisa) e depressa desviámos caminho para Dover. Não chegámos lá, a leitura da sinalética era difícil, o tempo pouco e meu dono parou numa terra qualquer, depois de me ter metido por uma estrada que só se “vê” nas histórias da Agatha Christie, principalmente se forem as histórias da inigualável Miss Marple. Entrou numa coisa qualquer (um café?) e pediu isso mesmo: um café! Lampeiro, foi pagar com euros e a menina gorduchinha que lá estava, de farda verde, disse que não. Um pouco de frisson e eis que um senhor, amavelmente, se prontificou a pagar a bebida com umas moedas desconhecidas. Uma aventura que o meu dono comentou dentro de mim, não sei se algo mais se passou e, mesmo que soubesse, nada diria. Como sabem, a primeira qualidade de um Yaris é a lealdade ao seu dono.
Fico grato ao meu dono por me ter levado à britânica ilha, eu que fui fabricado noutra ilha, afinal.
Foi graças à manipulação do meu computador de bordo, que o g2 conseguiu fazer com que eu escrevesse este desbloqueador de comentos. Mais não é que isso, disse-me ele para eu vos dizer.
Ass: O Yaris do g2
Desde que cheguei aqui perto destes mares do norte, que as minhas chapas, as minhas borrachas, os meus vidros, enfim, tremem da emoção por estar em tal lugar! Fabricado que fui nas japonésidas lonjuras, apetecia-me saltar até à ilha mais famosa do mundo (depois das Faulkland), ver como era lá o mar, ver como se portariam as minhas rodas naqueles alcatrões, sentir nas narinas do meu radiador o ar a refrescar-me, ver com os meus faróisolhos a luz da ilha a um sol que afinal é igual a este daqui.
Pelo computador de bordo com que fui dotado, pedi ao meu dono (o g2-san) que me levasse até lá. E ontem ele fez-me a vontade! Não há outro dono de Yaris como ele!
De Dunkerque a Calais fomos num ápice, eu sempre a assapar a 60/70, 60/70, controlado pelos pés e mãos hábeis que ele tem para me guiar. Depois, fui levado para uma zona de voltas e voltinhas, com meninos aqui e meninas ali e finalmente entrámos na vannette (assim lhe chamam os franceses), ou no shuttle (assim lhe chamam os ingleses). Eu, alentejano de adopção, porque o meu dono o é de facto, chamo-lhe comboio de automóveis e mai’nada!
Deram-me a melhor carruagem, com uma portinha à minha frente, luzes com fartura, janelas até dizer chega, som estereofónico e tudo! Até andava por lá a rtp1 inglesa (toda a gente sabe que os primeiros canais das televisões estatais se chamam rtp1, mas os ingleses chamam-lhe bbc, vá lá a gente saber porquê. Basta ver que eles não dizem “uma noite escura”, como toda a gente, dizem sim, “uma escura noite”, coisa que muito confundiu o amigo Obélix na sua britânica aventura. Manias deles!).
Desembarcámos do outro lado, à esquerda, num país tão conservador, circula-se pela esquerda. O meu dono lá se desenrascou, mas o pior era nas rotundas… Aí tínhamos dificuldade na manobra, ele por um lado, eu por outro…
Pelo computador de bordo com que fui dotado, pedi ao meu dono (o g2-san) que me levasse até lá. E ontem ele fez-me a vontade! Não há outro dono de Yaris como ele!
De Dunkerque a Calais fomos num ápice, eu sempre a assapar a 60/70, 60/70, controlado pelos pés e mãos hábeis que ele tem para me guiar. Depois, fui levado para uma zona de voltas e voltinhas, com meninos aqui e meninas ali e finalmente entrámos na vannette (assim lhe chamam os franceses), ou no shuttle (assim lhe chamam os ingleses). Eu, alentejano de adopção, porque o meu dono o é de facto, chamo-lhe comboio de automóveis e mai’nada!
Deram-me a melhor carruagem, com uma portinha à minha frente, luzes com fartura, janelas até dizer chega, som estereofónico e tudo! Até andava por lá a rtp1 inglesa (toda a gente sabe que os primeiros canais das televisões estatais se chamam rtp1, mas os ingleses chamam-lhe bbc, vá lá a gente saber porquê. Basta ver que eles não dizem “uma noite escura”, como toda a gente, dizem sim, “uma escura noite”, coisa que muito confundiu o amigo Obélix na sua britânica aventura. Manias deles!).
Desembarcámos do outro lado, à esquerda, num país tão conservador, circula-se pela esquerda. O meu dono lá se desenrascou, mas o pior era nas rotundas… Aí tínhamos dificuldade na manobra, ele por um lado, eu por outro…
Entrámos na M20 (outra mania, chamar M qualquer coisa a uma A qualquer coisa) e depressa desviámos caminho para Dover. Não chegámos lá, a leitura da sinalética era difícil, o tempo pouco e meu dono parou numa terra qualquer, depois de me ter metido por uma estrada que só se “vê” nas histórias da Agatha Christie, principalmente se forem as histórias da inigualável Miss Marple. Entrou numa coisa qualquer (um café?) e pediu isso mesmo: um café! Lampeiro, foi pagar com euros e a menina gorduchinha que lá estava, de farda verde, disse que não. Um pouco de frisson e eis que um senhor, amavelmente, se prontificou a pagar a bebida com umas moedas desconhecidas. Uma aventura que o meu dono comentou dentro de mim, não sei se algo mais se passou e, mesmo que soubesse, nada diria. Como sabem, a primeira qualidade de um Yaris é a lealdade ao seu dono.
Fico grato ao meu dono por me ter levado à britânica ilha, eu que fui fabricado noutra ilha, afinal.
Foi graças à manipulação do meu computador de bordo, que o g2 conseguiu fazer com que eu escrevesse este desbloqueador de comentos. Mais não é que isso, disse-me ele para eu vos dizer.
Ass: O Yaris do g2
terça-feira, setembro 19, 2006 |
sexta-feira, setembro 15, 2006 |
quinta-feira, setembro 14, 2006 |
terça-feira, setembro 12, 2006 |
QUAESTIO
Porque é que em língua portuguesa, quando alguém se casa, passa a haver um marido e uma mulher e, em língua inglesa, quando se contrai matrimónio, passa a haver um man and wife?
Ou seja, em português a mulher atinge o estatuto de mulher e em inglês é o homem que atinge o estatuto de homem.
Ou será uma questão de não perder a qualidade atribuída?
De outro ponto de vista, o homem - em português - ganha o estatuto de marido, enquanto em inglês a mulher ganha o estatuto de wife.
Hã?
Porque é que em língua portuguesa, quando alguém se casa, passa a haver um marido e uma mulher e, em língua inglesa, quando se contrai matrimónio, passa a haver um man and wife?
Ou seja, em português a mulher atinge o estatuto de mulher e em inglês é o homem que atinge o estatuto de homem.
Ou será uma questão de não perder a qualidade atribuída?
De outro ponto de vista, o homem - em português - ganha o estatuto de marido, enquanto em inglês a mulher ganha o estatuto de wife.
Hã?
quarta-feira, setembro 06, 2006 |
O g2 tinha prometido... Aqui está, de sua autoria, «O Malmequer»
Fora difícil, o nascimento daquele malmequer! A semente parida pela malmequermãe era de boa constituição, paredes fortes, bem alimentada que tinha sido pelo sol e pela terra alentejana, que outra melhor não há para berço de malmequeres. Além disso, essa terra que a guardou e aqueceu, era também forte e rica em alimento, arada por arado experiente, foi necessária muita força de vontade, muito apego à vida, para que o pequeno malmequer conseguisse ver, enfim, o azul do céu através das pétalas brancas, as mais brancas alguma vez vistas por aquelas bandas. Era lindo, o malmequer… Dele se poderia dizer, como disse o poeta a propósito do soldado morto, que era o malmequer da sua mãe!
Mas…
Foi a formiga mais ladina do carreiro que reparou que faltava uma pétala ao malmequer… Ao princípio ele pensou que era uma brincadeira, mas depressa se apercebeu que as formigas não brincam, ainda se fosse uma cigarra…
E chorou, o malmequer de folhas brancas nunca vistas por aquelas bandas! Da corola incompleta escorreram duas lágrimas de cor amarela, que é a cor das lágrimas dos malmequeres!
“Não chores”, disse-lhe a abelha que a ele entretanto se chegou, “és um malmequer único, de cores únicas, serás visitado por nós e com a ajuda da brisa morna destas terras, parirás filhos malmequeres como tu foste parido e a terra os trará à tona da vida e eles serão perfeitos como tu és, apesar de te faltar uma pétala branca”
O malmequer sorriu, espreguiçou as pétalas, virou-se para o sol e disse, “Bom dia, Sol”.
Fora difícil, o nascimento daquele malmequer! A semente parida pela malmequermãe era de boa constituição, paredes fortes, bem alimentada que tinha sido pelo sol e pela terra alentejana, que outra melhor não há para berço de malmequeres. Além disso, essa terra que a guardou e aqueceu, era também forte e rica em alimento, arada por arado experiente, foi necessária muita força de vontade, muito apego à vida, para que o pequeno malmequer conseguisse ver, enfim, o azul do céu através das pétalas brancas, as mais brancas alguma vez vistas por aquelas bandas. Era lindo, o malmequer… Dele se poderia dizer, como disse o poeta a propósito do soldado morto, que era o malmequer da sua mãe!
Mas…
Foi a formiga mais ladina do carreiro que reparou que faltava uma pétala ao malmequer… Ao princípio ele pensou que era uma brincadeira, mas depressa se apercebeu que as formigas não brincam, ainda se fosse uma cigarra…
E chorou, o malmequer de folhas brancas nunca vistas por aquelas bandas! Da corola incompleta escorreram duas lágrimas de cor amarela, que é a cor das lágrimas dos malmequeres!
“Não chores”, disse-lhe a abelha que a ele entretanto se chegou, “és um malmequer único, de cores únicas, serás visitado por nós e com a ajuda da brisa morna destas terras, parirás filhos malmequeres como tu foste parido e a terra os trará à tona da vida e eles serão perfeitos como tu és, apesar de te faltar uma pétala branca”
O malmequer sorriu, espreguiçou as pétalas, virou-se para o sol e disse, “Bom dia, Sol”.
sexta-feira, setembro 01, 2006 |
Arlindo, o gay homófobo - 10º episódio
"Do espólio de Arlindo Ramos, algumas passagens do seu diário íntimo
14.08.2006
Racionalizas, sublimas e tudo isso para quê? Para não te desiludires contigo?
O que é que é esse amor que tu tentas endeusar? Esse estado de alma é-te imposto ou és tu que o crias, Arlindo? Seja como for, a energia, o tempo, o melhor de ti que dedicas a isso – que lhe dedicas – de que te serve? E de que lhe serve? Qual é o sentido de um “amor individual”? É um sentido único, não é?
Deita as contas a tudo o que já deixaste de fazer por estares tão dedicado a amá-lo. Deita as contas ao que deixaste de dar aos outros que também gostam de ti, que também te merecem. Ou não deites contas nenhumas: uma das parcelas é sempre zero porque nunca recebeste nada da mesma natureza daquilo que deste. Ele até pode ter sido correcto, ele até podia ter sido teu amigo, até podia ter sido o teu melhor amigo… - sempre o mesmo zero, no fim de contas. Não é isso que tu dás. Ou é? O que é que tu lhe dás, Arlindo? O que é que tu lhe podes dar? O que é que ele pode aceitar? O que é que tu lhe queres dar e o que é que queres dele?
Esta semântica masturbatória do amor nobre e maior é o quê? É o que sentes ou o que querias sentir? Ou o que ainda esperas um dia que ele sinta que tu sentes?
Deixa-te de merdas, Arlindo. O nome Ruben fala-te à alma ou ao corpo? Fugias aos braços dele se ele os abrisse? Escapavas aos lábios dele para não macular o que quer que fosse? Viravas a cara ao seu peito para não lhe sentir a pele e o calor? Repelias as mãos dele, se te quisessem tocar? Não te enganas conscientemente, chamando amor à impossibilidade?
Reconhece; confessa: queres uma noite com ele, uma noite com o corpo dele, com aqueles braços que parecem percorridos por uma só veia, saliente e sinuosa, com a estrutura magra e onde ele cabe tão bem, tão pleno, com os lábios em que prendes os olhos sempre que ele fala… O que tu queres, Arlindo, é ter o prazer de dar prazer àquele corpo, àquele corpo que o traz, que o carrega, que o alberga, onde ele vive. Certo: não quererás ter sexo com ele mas queres fazer amor com ele – ainda assim, neste momento, esta diferença verbal só importa para ti. Para ele, vale a mesma coisa…
És um paneleiro de merda."
"Do espólio de Arlindo Ramos, algumas passagens do seu diário íntimo
14.08.2006
Racionalizas, sublimas e tudo isso para quê? Para não te desiludires contigo?
O que é que é esse amor que tu tentas endeusar? Esse estado de alma é-te imposto ou és tu que o crias, Arlindo? Seja como for, a energia, o tempo, o melhor de ti que dedicas a isso – que lhe dedicas – de que te serve? E de que lhe serve? Qual é o sentido de um “amor individual”? É um sentido único, não é?
Deita as contas a tudo o que já deixaste de fazer por estares tão dedicado a amá-lo. Deita as contas ao que deixaste de dar aos outros que também gostam de ti, que também te merecem. Ou não deites contas nenhumas: uma das parcelas é sempre zero porque nunca recebeste nada da mesma natureza daquilo que deste. Ele até pode ter sido correcto, ele até podia ter sido teu amigo, até podia ter sido o teu melhor amigo… - sempre o mesmo zero, no fim de contas. Não é isso que tu dás. Ou é? O que é que tu lhe dás, Arlindo? O que é que tu lhe podes dar? O que é que ele pode aceitar? O que é que tu lhe queres dar e o que é que queres dele?
Esta semântica masturbatória do amor nobre e maior é o quê? É o que sentes ou o que querias sentir? Ou o que ainda esperas um dia que ele sinta que tu sentes?
Deixa-te de merdas, Arlindo. O nome Ruben fala-te à alma ou ao corpo? Fugias aos braços dele se ele os abrisse? Escapavas aos lábios dele para não macular o que quer que fosse? Viravas a cara ao seu peito para não lhe sentir a pele e o calor? Repelias as mãos dele, se te quisessem tocar? Não te enganas conscientemente, chamando amor à impossibilidade?
Reconhece; confessa: queres uma noite com ele, uma noite com o corpo dele, com aqueles braços que parecem percorridos por uma só veia, saliente e sinuosa, com a estrutura magra e onde ele cabe tão bem, tão pleno, com os lábios em que prendes os olhos sempre que ele fala… O que tu queres, Arlindo, é ter o prazer de dar prazer àquele corpo, àquele corpo que o traz, que o carrega, que o alberga, onde ele vive. Certo: não quererás ter sexo com ele mas queres fazer amor com ele – ainda assim, neste momento, esta diferença verbal só importa para ti. Para ele, vale a mesma coisa…
És um paneleiro de merda."