segunda-feira, outubro 09, 2006 |
EU VIM DE LONGE...
Foi um pássaro holandês que me trouxe, de mais longe ainda que a Holanda. E cheguei. Chegar talvez seja verbo demasiado definitivo para situação tão temporária. Não me importo. Cheguei. E já não falta muito para partir. Prefiro pensar nestes termos neutros das partidas e chegadas. Se optasse pelo léxico dos regressos ou dos voltares, isso já implicaria questões de pertença que não quero esmiuçar.
Estou cá. E estou bem. E, imaginem, até estou bem por cá. Um ano fora não me rouba "identidade nacional". Não me escandalizo com taxistas a cheirar a suor, com empregados de café que acham que um gesto de pescoço é suficiente para perguntar o que o cliente deseja, com passeios em que é preciso olhar para o chão. Não trago quaiquer exemplos melhores, quaisquer fórmulas "isto devia ser era como 'lá fora'!", nem quaisquer pretensões saudosistas sobre sermos os melhores. Não trouxe nada - só me esbarrei aqui com uma constatação:
Por um qualquer desvio na prática portuguesa da moral judaico-cristã, nenhum outro povo seguirá tão intensamente o ensinamento "amai-vos uns aos outros". Nenhum outro povo, no entanto, terá uma noção de amor - neste sentido, o da simpatia, da entrega, da partilha - tão afastada da noção de respeito.
E desta constatação resulta-me uma enorme dificuldade: como advogar "menos amor e mais respeito" nas relações sociais sem parecer um conservador de merda ou um protestante?...
Pronto. Já tenho com que me distraia para as férias...
Foi um pássaro holandês que me trouxe, de mais longe ainda que a Holanda. E cheguei. Chegar talvez seja verbo demasiado definitivo para situação tão temporária. Não me importo. Cheguei. E já não falta muito para partir. Prefiro pensar nestes termos neutros das partidas e chegadas. Se optasse pelo léxico dos regressos ou dos voltares, isso já implicaria questões de pertença que não quero esmiuçar.
Estou cá. E estou bem. E, imaginem, até estou bem por cá. Um ano fora não me rouba "identidade nacional". Não me escandalizo com taxistas a cheirar a suor, com empregados de café que acham que um gesto de pescoço é suficiente para perguntar o que o cliente deseja, com passeios em que é preciso olhar para o chão. Não trago quaiquer exemplos melhores, quaisquer fórmulas "isto devia ser era como 'lá fora'!", nem quaisquer pretensões saudosistas sobre sermos os melhores. Não trouxe nada - só me esbarrei aqui com uma constatação:
Por um qualquer desvio na prática portuguesa da moral judaico-cristã, nenhum outro povo seguirá tão intensamente o ensinamento "amai-vos uns aos outros". Nenhum outro povo, no entanto, terá uma noção de amor - neste sentido, o da simpatia, da entrega, da partilha - tão afastada da noção de respeito.
E desta constatação resulta-me uma enorme dificuldade: como advogar "menos amor e mais respeito" nas relações sociais sem parecer um conservador de merda ou um protestante?...
Pronto. Já tenho com que me distraia para as férias...
Arrotos do Porco:
Veio de longe, e eu sei porquê! Pois. Acabou-se-lhe o 'Constantino', foi o que foi! E então lá pegou na parelha, atrelou-a à charrete e vá de cruzar a fronteira para ir ali ao Inté Marchavas de Beja comprar mais um avio de Brandy nacional, Tofina, Farinha Amparo, as últimas edições da Caras, Maxmen, TV 7 dias e Maria, o Bordas na Água, e, claro, tremoços embalados no vácuo... Sevandija! Safardana! Octávio Paaaato! |
A distância e a ausência tiram-te algum discernimento. Em termos um bocado simplistas, diria que discordo que o amor seja carácter dos portugueses. A falta de respeito sim. Não há uma qualquer vocação para o amor. É uma emulação de amor. É só tesão (pronto muita TESÂO, que do mijo seja muita vezes), lamechice e um sentido possesivo muito forte relativamente ao Outro que se deseja... A Saudade sim, esse sentimento vergonhoso (desejo pelo passado e por aquilo que se perdeu, basicamente), esse sim é bem negativo e bem português. O Amor não. Sejas bem vindo ás praias lusas de areias doiradas! Abraços, que vens certamente meio amarelo de tanta arroz e tanta alga! Sai uma mão de vaca com grão aqui paara o meu amigo, ó fachavor! |