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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


quarta-feira, setembro 19, 2007


Vareta estendeu-se no chão em frente ao computador. Apetecia-lhe cofiar o cabelo e podia fazê-lo à vontade - já era de noite, estava em casa e tomaria um duche antes de dormir. Não esperava visitas, não a esta hora, não de surpresa, não no Japão. Se alguém viesse, seria bem vindo - desde que se não importasse de ser recebido em pijama por alguém que cheirava a um dia longo, quente e trabalhoso. Não vale a pena disfarçar: por alguém que cheirava mal. Excepto o cabelo; esse ainda cheirava a fibra ou cera ou o raio que o partisse. "O meu rótulo ainda pode dizer 'sem corantes nem conservantes' apesar de me sentir com formol no cabelo".

Olhara há pouco para o frigorífico. Lá para dentro, entenda-se: ainda não chegara ao ponto de perder o olhar em superfícies brancas esmaltadas. Estava compostinho, o bicho . Era um frigorífico com cara de quem pensava em cozinhar - com uma ou outra solução de recuo. Uma embalagem de atum em sashimi, por exemplo. Haveria de o comer, mais logo. Para já, para já, havia essa decisão de monta: cofiar ou não cofiar o cabelo.

Olhara para o frigorífico porque o abrira para encher um copo com chá gelado. Lembrava-se perfeitamente de que não pensara "apetece-me chá gelado". Lembrava-se perfeitamente de que não pensara. Não o conseguia evitar: sentia-se particularmente agradado sempre que o seu corpo o surpreendia. A menos que fosse uma cólica... Mas não fora, desta vez. Antes uma espécie de apetite inconsciente - e uma certeza rara nas mãos: no frigorífico havia cerveja, sumo de laranja, café em lata, iogurte líquido e chá gelado. Escolhera sem pensar. "Não deveria ser sempre assim?"

Se calhar, não. Não era muito seu hábito mas também lhe acontecia enganar-se. O terreno das escolhas pareceu-lhe lodoso e profundo e decidiu não ir por ali. Estava cansado, afinal - e o cheiro entre o acre e o adocicado de um corpo cansado servia de aviso: "um corpo a cheirar mal ainda se lava, mas uma mente..." Arrepiar caminho mental era coisa que não lhe custava. Conseguia não pensar sem esforço - ou pensar à volta, no que não era peciso, no que já conhecia. Daí a preguiça, provavelmente. Conseguia distrair-se sem "fazer".

A música de Desmond Dekker era preguiçosa também. Combinava bem: rocksteady, early reaggae, um corpo cansado mas satisfeito e em repouso e... chá gelado? Bom... servia. Com isto tudo, ainda não cofiara o cabelo - o que não era bom nem mau, apenas era. Uma noite assim sabia a recompensa - sabor que, em boa verdade, se estendia a toda a sua existência. Em mais um assomo, Vareta apoiou-se no cotovelo esquerdo e escreveu a última frase: era altura de ver se o sashimi sabia ao mesmo.

Arrotos do Porco:

Sempre em forma, o chabalo! Escrebes pra caralho, meu. Cona!


Ehh, Shoutor, Ehhhhh!!

Então pá!! Devias ter ido pa cabeleireiro! O sacana só escreve sobre o cabelo e o ice-tea... Tá tudo estragado... Longe vão os tempos em que se escrevia sobre a colheita ou a sementeira, ou as putas da pensão da Dona Vitória. Belos tempos...
Já sabes, a ver se escreves sobre a apanha do kiwi ou do morango (ou o que quer que seja que se apanhe por ai) ou então sobre putas!! Gostava mais que escrevesses sobre o ultimo tema...
Esperando pelas putas...
Um grande abraço!



chOU conamunica ao Bigdono da putaN que somos gente boa ( mesmo gajas boas )
ja tou a ver ca imposibilidade de escriver ahi ao lado é sabotajen

ou raiva ou medo al alcance social



conspiração para finiquitar a los tipos subversivos

tava achar eu



Desmond Dekker rima com Maximilian Hecker.




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