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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


terça-feira, maio 08, 2007

Saudades da língua...

...estufada.

“É que já manda uma brasa, isto, hein? Vai-te lá pôr ao sol assim enfarpeladinho a ver se não ficas alagado em suor em menos de um fósforo...”
É que o dia está bonito, hoje, mas não há aqui ninguém, agora, a quem eu possa dizer isto. Podia escrevê-lo a muita gente mas dizer, aqui e agora, isso é que já é o diabo. E hoje deu-me para ter uma saudadezita, pequena e boa, disto mesmo: do mudar de registo, do enrolar da língua, do arrevesar do discurso, do ir à procura das palavras pelo paladar – que ele há expressões que têm na boca o mesmo efeito que os dedos ou a língua têm na... bom, põem-nos a escorrer saliva, digamos assim.

“Em descontando o ser pouca, a comida que nos dão é boa”. Disseram-me isto ontem e acho que foi por mor disso que fiquei assim. Quem me conhece sabe que gosto mais de gerúndios que de ração seca. Um gerúndio bem colocado é como um pescoço bonito e quem me conhece sabe que... A própria palavra é linda: gerúndio, com um “u” nasalado que se pode prolongar até ao infinito. E é o tempo verbal mais inteligente, de longe: o de um presente actuante, sem as ficções de passados ou futuros. Sim, que eu vou tendo para mim que são os tempos verbais que nos lixam a vida – mas isso são contas de outro rosário... que a minha vida, Deus assim a conservando, não está lixada nem limada nem polida nem aplainada.

Está um dia desenxovalhado. Um dia asado. E a luz vai-se alaranjando à medida que o sol caminha para aí. Que ele caminha. E é para aí. Quando aí chegar, lembrem-se que eu o vi primeiro...

Arrotos do Porco:

saudades, pazinho! :*




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