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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


sexta-feira, novembro 24, 2006

CONTOS INFAMES - I



O olho atento e cauteloso de Adrião, A Ratazana

Cunegundes tirou as cuecas, ainda estremunhada. Cheirou-as e achou melhor pô-las para lavar. Cândido ainda dormia a sono solto com um fio de baba que corria da boca escancarada, mesmo entre o pivot e a larga porção de tártaro castanho que lhe fazia as vezes do incisivo inferior direito. Hélder Aveiro, o caniche tinhoso saltitava de forma pateta em volta do dono, que se virava para o outro lado. Cunegundes rapava os pêlos das pernas com a gillete do marido enquanto este se peidava copiosamente debaixo dos lençóis. A água para o café fervia e já cheirava a torradas. Cândido expelia um fumegante e grosso cagalhão que refluiu do sifão, obrigando a três descargas de autoclismo. Menelau, o filho de sete anos entrou desgrenhado nos lavabos:
- “Ó mãe, viste o meu garrote?”
-“És um desleixado. Deixaste-o ao lado do cachimbo de fumar crack do teu irmão Adelino Bezelga…Se não fosse eu, para onde ia esta casa, meninos…” – Disse ela, a lavar os dentes com uma pasta salgada de algas que comprara no Celeiro. Belinha, a irmã do meio, extraía do ânus a pinha que usara para se consolar antes de adormecer e por lá ficara esquecida. Aquilo arranhava. Especialmente besuntada com pasta de malagueta especial para galinha tandori. Vinha com um ar desconsolado.
- “Acho que a nossa filha se masturba, Cândido.”
-“ Hã? Não digas isso…ela só tem 11 anos.”
-“Torcer a cabeça trezentos e sessenta graus enquanto vomita jactos verde-acastanhados e fala minóico-linear- B com interpolações de grego demótico e landim, desculpa, também não acho normal…”.
- “Podemos leva-la ao médico, ok?...”
-“Ela tem consulta daqui a um ano e meio. Logo se vê depois”. Cândido Bezelga cofiou as grossas patilhas enquanto ajeitava os testículos nos truces amarelecidos e ressequidos que usava ininterruptamente, como fetiche, há seis meses. Pousou o olho de vidro no copo dos dentes e lavou a órbita escrupulosamente com Super Pop Limão e Tipol. Untou com massa consistente e voltou a colocar o olho de vidro que lhe saíra nos Pirolitos. Quando passou na cozinha, Cunegundes tentava limpar uma enorme panelão de feijoada que Adelino Bezelga entornara ao tentar inalar o monóxido de carbono que se soltara num bafo do velho esquentador. Como fazia com os escapes dos carros no caminho para escola C+S. E também com o remédio para os grelos das batatas.
-“Ó mãe o que é uma jaca?”
- “Nunca ouvi falar.”
“É um fruto brasileiro.”
- “Não é o mesmo que uma jabuticaba, pois não?”
- “Acho que não. É parecido com uma abóbora, é grande e coberto de bicos, assim como se fosse uma pinha gigante, estás a ver?...”
- “Vê lá...vê lá isso, que depois queres ter filhos e eles caem-te pelas pernas abaixo, filha. Ficas lassa…”
Anabela Bezelga corou.
- “Ah. Tu também…Não é nada disso. Era só curiosidade, percebes?” Meio amuada foi-se enfiar no quarto, consolando-se a mamar gulosamente o membro viril do irmão Celso, como de costume quando a contrariavam.
- “Eh lá Belinha!...A mãe ralhou-te foi?”
- “Foi. “ – Disse ela desabocanhando brevemente.
-“Ó mãe!!!Ó mãeeeeee???!!!!...Ganda vaca que a Belinha nos saiu!”- Disse Celso.
- “Ganda puta, pá!. Haja paciência. A semana passada era fruta-pão, hoje eram jarbuticonas ou que raio era… Essa criança é um monte de lixo.” – Disse a mãe.
Belinha ao ouvir isto ainda chupou com mais força, agitando a cabeça freneticamente e massacrando as amígdalas sem dó.
- “Ó mãe!!!!....Tu não gostas da Belinha, pois não?”
-“Nããooo, caralho!....” – Gritou a mãe da casa de banho. Belinha parecia um martelo-pneumático, fazendo o anús do irmão emitir um ruído repenicado e os olhos afundarem-se nas órbitas. Uma parte do lençol do irmão já tinha subido, pelo canal rectal do rapaz, por efeito da sucção.
(...)
-“Aquilo há bocado era tudo mentira, filhinha, mas o teu irmão tem aquele problema de se lhe encaroçar o esperma, se não for ordenhado com regularidade, e sabes que ele sendo tetraplégico, eu com artrite e o teu pai, enfim... um pai-ausente, tens de ser tu, coraçãozinho…”.
- “Eu compreendo mamã…”.

FIM

Arrotos do Porco:

Comovi-me até às lágrimas com esta historieta.
Como me relembrou a minha mocidade, sim, eu era a Belinha lá de casa. E da casa dos amigos, também. E do quarteirão, até!
Quantas noites após o jantar, ia aliviar o irmão e o avô do vizinho do 2º esq., que tinham sofrido diversas queimaduras nas mãos quando estavam a lançar foguetes pelos santos populares!
Ah! como eram gostosas as festas naquele tempo.

Desculpem-me, estou emocionado.





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