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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


terça-feira, julho 25, 2006

Arlindo, o gay homófobo - 8º episódio e meio

(Arlindo ajudou Ruben a subir as escadas, pediu-lhe a chave e abriu a porta, levou Ruben até ao quarto, depositou-o na cama, descalçou-o, ajeitou-lhe a cabeça na almofada e esforçou-se por ignorar as coisas pouco perceptíveis que Ruben tartamudeava: algo como “shto b...”, “não... preocup...”, “...bem, shto b...”.

Fechou a porta do quarto, pegou na chave da casa, saiu e foi à procura da farmácia de serviço. Comprou Kompensan, Guronsan e Ben-U-Ron. Depois foi a uma bomba de gasolina e comprou Coca-Cola e leite. Voltou a casa de Ruben, pôs as bebidas no frigorífico e os medicamentos na mesa da cozinha. Deixou ali também as chaves da casa e saiu.

Quando reentrou na Kangoo, Arlindo estava feliz, feliz como um menino. Sorria, meio tolo, e não conseguia deixar de sorrir. Estava tão satisfeito que até condescendeu consigo próprio e pôs a cassete que gravara do último álbum dos Pet Shop Boys. E deu por si a fazer coro com o Neil Tennant enquanto este cantava: “Sometimes / The solution / Is worse than the problem / Let’s stay together”.

A sua cabeça estava uma bem disposta confusão. “Eu fiz-lhe bem! Eu fiz qualquer coisa por ele! Eu fui maior que eu! Eu não lhe toquei. Eu, se um dia quiser, posso escolher não o amar. Eu amo-o sozinho. Eu hoje podia morrer! Ele merece tudo. O que é que eu lhe digo se ele me telefonar? Ele nunca vai poder gostar de mim mas isso não interessa. Eu ajudei-o. Eu fiz-lhe bem! Telefono-lhe amanhã a ver como está? Não, não vou impor-lhe a minha existência. Foi por acaso que lhe fiz bem. Confia no acaso, Arlindo. Não vou deixar que ele me fique agradecido. Não vou deixar que ele sinta que me deve favores. E eu estive lá quando mais ninguém estava. Eu não o deixei sozinho. Parecia um puto, tão bebedito... Tão lindo. Mas tu vais sublimar isto tudo, Arlindo. Vais ser o amigo que ele precisar, quando ele precisar. E dentro de ti vais ter um espaço sem fronteiras e sem vergonhas para sentires por ele tudo o que sentes. Eu fiz-lhe bem... Era tudo o que eu queria. Ele merece tudo.”

Chegado a casa, Arlindo tomou um duche, teve um breve lampejo de tristeza quando se viu ao espelho - “ele nunca vai desejar isto...” - , estendeu-se na cama e optou, orgulhoso, por não se masturbar. Continuava feliz. Bastava-lhe.)

Arrotos do Porco:

Acho que o Arlindo está a perder um bocado da sua homofobia e está a tornar-se mais sensível...


Que produção, Senhor da Vareta Funda!



FêPêMê, pá, não serás homofóbico?

Já agora, não serás gay?



O teu silêncio trai-te...

Estás a cogitar e muito indeciso, não é?



Sr. Vareta, estou a acompanhar o Arlindo lindo grunho sentimental, com grande expectativa.
Cada episódio é uma maravilha hilariante e empolgante. Parabéns.





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