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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


sexta-feira, junho 09, 2006

Arlindo, o gay homófobo - 2º episódio


"Do espólio de Arlindo Ramos", algumas passagens do seu diário íntimo


6.06.2006


Estava ainda há pouco a ouvir os Humanos - aquele David Fonseca é tão querido... - e a ler o “Cálamo”, do Walt Whitman, que me traz sempre algum conforto. Claro que só o leio em casa – ninguém me respeitava como canalizador se andasse para aí a pavonear-me com livros. E ainda por cima com livros destes, de poetas fanchonos. Pfff!...

Assaltou-me um paralelo tão óbvio que até estranhei que ainda ninguém tivesse falado nisso (pelo menos, que eu tivesse sabido). O nosso Variações é claramente o Whitman português! Está lá tudo! Qual Pessoa, qual quê; o nosso António é que era whitmaniano até à medula.

Pus o “Cálamo” de lado, abri o “Leaves of Grass” ao acaso e fui parar ao “Song of Myself”. Quase todas as mensagens das letras do Variações estão lá. A sagração do corpo (O Corpo é que Paga); o valor intrínseco do indivíduo (Quem o Feio Ama); a multiplicidade do Eu (Sempre Ausente, Estou Além); o nacionalismo esclarecido (Quando Fala Um Português; É Pr’a Amanhã; Adeus Que Me Vou Embora); a consciência de classe e o apego ao povo (Maria Albertina, Olhei Para Trás, Deolinda de Jesus); a moral profundamente humanista (Dar e Receber) e, claro, o amor novo, o “manly love” tão bem cantado e calado pelo Whitman e que o nosso António cantou e calou com tanto génio na Canção do Engate, n’A Culpa É da Vontade ou no Anjinho da Guarda.

Almas gémeas ou inspiração declarada do mais novo no mais velho? Inclino-me mais para a primeira hipótese. Um e outro procuravam o confronto, o choque, o escândalo, a diferença, perseguiam e fugiam da notoriedade porque viviam num estado de conflito interior. Eu compreendo-os: é um conflito eterno, entre a verdade que se quer gritar e a vergonha que nos sufoca. Nos, não; OS sufoca – que eu até os percebo mas não quero ter nada a ver com os p-a-n-e-l-e-i-r-o-s.

R
A
B
O
S
R
A
B
I
C
H
O
S

PUTAS!!!! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!

RISCA! CALA-TE, ArlindolindolindolindoloucoRISCA!!!!!!!!!

De Whitman toda a gente sabe que tinha vergonha de levar homens para a cama, que riscava as passagens dos seu diário em que confidenciava o seu amor por guarda-freios ou outra gente simples, que inventava romances com mulheres e falsas paternidades.

A vergonha do António é de outra qualidade – m a i s p a r e c i d a c o m a t u a n ã o é p o r c o ???????? CALA-TE!!!! GRITA!!!!!!!! CALA-TE!!!!!!!!!! SAI, sai sai

sai

- é mais surda e mais sanguínea, fundada no desgosto pelo desgosto dos outros. PORQUE OS OUTROS SOFREM QUANDO ALGUÉM DE QUEM GOSTAM É PANELEIRO! ROTO! RABETA! BICHA! CU! MARICAS! MERDA! SOFRAM, CABRÕES!!!!!!!!! AHHHHHHHHH!!!! TIREM-ME DE MIM!!!!!!!!

pa
ne lei
ros

carreguem a cruz, como o António e o Whitman

EU NÃO!!!! EU DESTETO-OS!! ME!! NÃO SOU!!!!

NÃO SOU!!!!!!!!

não sou

Arrotos do Porco:

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.


Conheço vários casos de gajos que ficaram perturbadíssimos mas mesmo muito perturbadíssimos por causa de paralelos que saltam

É verdade que a versão desses saltitas é mais a release pípedo, que sendo uma release mais radical é a mais danosa

Num dos casos que conheci o gajo passou a desfilar anualmente nas marchas populares de canastra à cabeça enquanto cantava a menina das sete saias com sotaque à represas

Actualmente actua em casinos e despedidas de solteiros no Finalmente e naquele bar ao lado do Jamaica



Nas entrelinhas deste folhetim sobre o fracturante conflito íntimo da homossexualidade que não se aceita, posso ler um incitamento velado aos homens da Vara para que saiam do armário?

(Gnnnnnnn!....)

Uuuuhhh!...Corpo aberto ao espaço!Pronto já está. (Agora é só informar a minha família toda,tratar do divórcio, das custódias das crianças, dizer aos amigos e ao Padre Fonseca).Afinal não custou nada.
Merda...Onde pús o CD dos Bronsky Beat, pá?...



Uma grande posta e, para aprimorar, excelentes comentos.

:)



Este blogue está a ficar como o país Portugal: ninguém sabe ao certo se há ou não há retoma, se o nosso Primeiro fica à frente ou atrás, por cima ou por baixo.
Aqui, neste blogue, tem-se dúvidas e questiona-se tudo: a nacionalidade sexual, a sexualidade, as preferências sexuais, qual o melhor fetiche para enfrentar a crise, a regionalização genital, a corrupção de esfíncteres... e tudo escancarado, sem pudor, estouvadamente, como que marchando contra os canhões.
Peturbantes tempos modernos!

Tende cuidado!
Atentai no exemplo dos vossos egrégios avós, em que o avô era
avô e a avó, avó. Esses, sim, nobre povo de tesão valente.
Agora que povo temos?
Vocês todos, induzidos pela curiosidade e por causa da crise, de pernas tão abertas com tanta lassidão aos modernismos, qualquer dia até canhões marcham.

(excerto do discurso comemorativo do dia do Camões, de Portugal e das Calamidades Portuguesas, proferido por Papa Mupito, ontem, 10 de Junho 2006)



O que eu acho é que para canalizador, o Arlindo é bastante culto.
O texto está genial, como sempre :)





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