sábado, maio 13, 2006 |
OUTUBRO, 1917
Dimitri Fedorov Iuchenko aproximou-se do velho mujique. Fez um vago gesto de saudação, o idoso retribuiu entre dentes e cofiou a barba. – “Sabe, eu procuro a estalagem. Pode dizer-me onde fica?” O velho soltou vagarosamente uma fumaça do cachimbo e retorquiu – “Ali por trás, na perspectiva Ilianovich” Dimitri pegou na mochila e agradeceu – “Obrigado, tovarich”. Cruzou a avenida Ilianovich, passou apressado entre as carruagens e estugou o passo. Era o número cento e trinta. Todos os estudantes de humanidades da universidade de S. Petersburgo acabavam por vir parar à estalagem “O Samovar”. Longas noites de tertúlias filosóficas acesas, noite fora, arrastavam-se até altas horas por entre o fumo e os muitos copos de vodka. O debate entre os nihilistas mais radicais, os nacionalistas eslavófilos e os bolcheviques, descambava frequentemente em cenas de pancadaria, que a dona da estalagem resolvia correndo com os bêbados à vassourada: - “Não quero cá anarquistas! – Dizia ela , enquanto os desancava, atirando-os meio atordoados pelo álcool, para o meio da neve da avenida. É claro que era também ali que os estudantes anarco-sindicalistas reuniam, debalde as frequentes intrusões provocatórias e rusgas da polícia. Dimitri pousou a mochila num canto e pediu batatas cozidas e vodka . –“O meu nome é Dimitri Fedorov Iuchenko e escrevo peças de teatro, alguém me acompanha num trago?” – Disse para a geral. Do meio do bubrurinho, levantou-se Ludmila Fedorova Nicolaevna Bratiskaya Putchenka Andropov Komanechi Ataturk Turguneiev. –“Olá. Este é o meu amigo Vasili Rimsky Glinka Komarkov Alexandrovitch Tchevchenko Tibor Nicolaesco, ele tinha um avô romeno”. – Disse com um sorriso franco. Sentaram-se os três e ainda mais dois rapazes, um ruivo com borbulhas vestindo um grosso capote de pele, e um de ar soturno e calado. Nós somos delegados ao Congresso do Partido, mas isso é muito ilegal... e se dizes uma palavra cortamos-te o pescoço!” – Disse, meio a rir, o ruivo. Apertou-lhe a mão com força e apresentou-se: - “Chamo-me Evgeni Tadeus Armen Milankovitch Taktajan Eisenstein Fedorov Scriabine Dimidovitch Suckachev Raskolnikov e este é o meu amigo Zé Tó, “ O Bilhas”, para os amigos. Bebamos, camaradas!” - Ludmila rastejara para debaixo da mesa e deglutia, com gula, o tarolo de Dimitri, enquanto se borrava copiosamente no chão. O hábito burgês de comer caviar beluga ao desejum, almoço e ceia, desarranjava-lhe os intestinos. O rabo efectuava um movimento de translação lateral, lubrificado pelas fezes ralas e esverdeadas e propelido pela poderosa expulsão de fezes liquefeitas. Vasili escorregara, enquanto se ria, bêbado, também para debaixo da mesa. Levantou a custo uma das pernas do móvel, lubrificou-a com o bolsado de Evgeni, que entretanto estava desacordado a babar uma espuma branca, que pingava viscosa mesmo sobre Vasili, e introduziu no anús mais de metade. – “Porra que já tenho o cu quadrado, mas gosto tanto disto...”. Ludmila, de olhos semi-cerrados, desgrenhada, mas exibindo um sorriso franco de grande satisfação exclamou – “Arre que o gajo tinha os colhões mais cheios que os dum burro! Até esguichei pelas orelhas, pá...”. O pior é que o gajo, quando lhe estava a coçar a crica com a laringe, veio-se e arrotou por baixo ao mesmo tempo! Foi cá um cheiro... – “Ah, mas onde está ele?” – Perguntou Zé Tó, enchendo o cachimbo. – “Está a enrrabar o Vasili que está bêbado e vomitado. Não dá por isso”. Debaixo da mesa, Vasili gemia sob as investidas de Dimitri que lhe zurzia o anús com brutalidade, arreganhando-lhe as mucosas e os pêlos pubicos vários centimetros pelo recto dentro. Ludmila, saira brevemente e voltara com uma navalha de barba e sabão, levantou a saia e pôs-se acocorada a rapar os pêlos que sacudia de vez em quando. Argamassadas com sabão, as pastas de pêlos eram projectadas para cima dos vizinhos da mesa do lado, atingindo mesmo alguns copos. Um de barbas negras franziu o sobrolho, mas limpou a porcaria e deglutiu o vodka dum trago. – “Uma gaja tem que cuidar da higiene” – Disse ela a guinchar estridentemente e a rir. – “Estou mal disposto. Tenho de ir apanhar ar” – Disse Vasili a gemer, e saiu pela porta da estalagem aos caídos e tropeções. Pôs-se a invectivar o Governo aos gritos enquanto se urinava nas calças e brandia duas garrafas de vodka, uma em cada mão. Depois de vaguear sem destino uns minutos, acabou por adormecer junto a um monte de lixo, por trás dum vomitório e foi levado pela carreta da Câmara Municipal que percorria a perspectiva Ilianovitch. Ainda lá dentro, Evgeni fazia um ruidoso cunnilingus a Ludmila, com a barba cheia de candidíase. Zé Tó, “O Bilhas” enchia o cachimbo outra vez.. Os primeiros alvores do Sol raiavam já, róseos e alaranjados, sobre a neve calcada pelos cascos dos cavalos do Exército Vermelho que marchava triunfante sobre S. Petersburgo. Evgeni metia a hemorróida a custo para dentro e com risinhos trocistas, Ludmila voltava a puxar-lha para fora. Os canhões ribombavam ao longe e os tacões do bolcheviques, tonitroantes, marcavam passo na perspectiva Ilianovitch.
FIM
Arrotos do Porco: