terça-feira, abril 18, 2006 |
BESTIÁRIO: I – A Braquiárpia
A braquiárpia surgiu ontem nas costas de um envelope usado. Uma quimera volátil, um desenho distraído. Baptizei-a como Brachyharpia casparii e surgiu de repente. Avistei-a pelo canto olho e deixou-me vagamente inquieto. Trazem significados simbólicos os rabiscos feitos ao telefone? Têm, se forem enredar-se no pomar de algum beato angélico, no livro de notas de algum alquimista ou no bestiário de mitos colectivos de Jung. Mas num envelope usado ao lado das nossas flores murchas? Tinha ainda na cabeça o pulsar irregular e urgente de um coraçãozinho no CTG, que ouvira meia-hora antes. Uma espécie de vivo mantra eléctrico. Divago sobre a respiração sânscrita do cisne ou cósmica e animal afirmação do Ser. Sobressalto ligeiramente com a banal sensação de estar simplesmente à espera. Na sala, juntou-se a nós um desconhecido já familiar. Cento e vinte, cento e trinta, quarenta, sessenta, outra vez cento e trinta, cento de sessenta… Estou em silêncio e só há aquilo; o olhar dela e um vestígio de inquietação. Ondas alfa ou cansaço. De repente, chamam-me por trás do ombro ou dentro da cabeça. Onde está… o quê? Pareceu-me e indago brevemente, mas não era nada. Nos meus cinco minutos no sofá, procurei sincronicidades ornitológicas, mas não foi por aí que veio. Nas costas do envelope, veio a antes a braquiárpia, que é um mensageiro e um lapso. Um soluço mental ou uma fresta. Tem alguma coisa de coruja a velar pelo sono vígil e pelo sonho que se esboça, de pavão e de miniatura de grifo. Mas é também uma cegonha pois traz nas garras, um bebé.
Arrotos do Porco:
Os meus textos têm erros gramaticais porque eu escrevo textos. De La Palice? É que tenho esperança que um indigente mental como tu venha a entender. E quero que te fodas também. |
Efectivamente, esse chOURIÇO-quelone está a ficar cada vez mais rabeta. Mas ide ao profile e clicai no mesmo para se certificarem de que não sou eu. Isto, se ainda tiverem dúvidas. |