segunda-feira, fevereiro 20, 2006 |
Análise Hortalícica by g2
Este ano os brócolos estão a nascer todos tombados para a direita. Os cientistas andam intrigados com tal acontecimento, tão abstruso ele é. Mas há que ter em conta que é próprio de nós, os cientistas, andarmos sempre nesse estado de intriga! Houve um que pôs a língua de fora, mas esse não conta, era extra-terrestre, como um assento que anda por aqui.
Já os tomates, mais práticos, pendem como sempre dos caules de onde devem pender. Se o tal se tivesse deitado debaixo de um tomateiro, não levaria com a maçã nos cornos e a esta hora não haveria gravidade que nos importunasse. Então, qualquer um de nós poderia voar. Uns, à maneira das libélulas, quiçá vestidos de cor-de-rosa. Outros, quais colibris, ávidos de tudo e com dificuldade em engolir o mel das flores, voariam desatinados. Há ainda uma terceira categoria de eventuais voadores, onde caibo eu, que seria mais à maneira das águias, altaneiras, soberbas, vaidosas, caçadoras e por aí fora. (Também é próprio de nós, os cientistas, sermos uns vaidosos do ca…raças).
Portanto, este ano os brócolos estão a nascer pendendo para o lado direito e, habitualmente, não era assim!
Arrotos do Porco:
Vou propor que a EAN (Estação Agronómica Nacional) submeta um projecto á FCT (Fundação para a Ciencia e Tecnologia) para estudar tão interessante fenómeno. Temos que esperar por Junho que é quando abrem as candidaturas, elaborar uma proposta complicadíssima de cerca de 200 páginas, fazer contactos, revisões do estado da arte, contactar as pessoas, compilar a informação, orçamentos, etc. Depois da candidatura entregue, esperamos aí uns 2 anos e a FCT manda aquilo para juris e especialistas. A seguir chama-nos para discutir cortes no orçamento caso seja aprovado, claro. Temos pelo meio que fazer uns paineis resumindo o projecto para uma sessão com avaliadores internacionais. Uns 7 ou 8 meses depois, o projecto é aprovado, assina-se um contrato entre a instituição proponente e a FCT e o dinheiro fica disponível na nossa secretaria no ano seguinte. Depois tem de ser rubricado pelas rubricadas da despesa pública. Uns 3 ou 4 meses depois comecamos a trabalhar no assunto. O Ministério da agricultura entretanto, por causa das fortes restrições orçamentais, não nos deixa usar os nossos carros, carros alugados ou os carros que não temos na nossa frota. O ministro das Finaças impede as compras e facturas com data posterior a 2 de Novembro e uma parte substancial do dinheiro volta para trás. Pagamos do nosso bolso. Alguns dos parceiros não cumprem os prazos nem fazem nada. O coordenador desespera... O relatório finaceiro não é aceite pela FCT, os resultados entretanto obtidos são inconclusivos e escreve-se um realtório de 10 páginas com uns gráficos irrelevantes e diz-se que não se sabe ao certo porque razão os bróculos crescem de lado. ACHAS QUE VALE A PENA PERGUNTAR AOS CIENTISTAS PORTUGUESES? |