<$BlogRSDUrl$>

Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


segunda-feira, novembro 07, 2005

ORFEU E EURÍDICE
(Uma história sem qualquer interesse).

Orpheu era um semi-deus, que tocava lira num sítio chamado Parnasso e cantava lá pelos campos arcádios, que têm ciprestes, ruínas, pastores, ovelhas, faunos, silenos e ninfas. O gajo viu uma ninfa chamada Eurídice e apaixonou-se por ela. Curtiram os dois, apesar dela também se entreter também muito com as amigas a apanhar flores. Foi nesta actividade prosaica que ela, coitada, foi mordida por uma víbora. Foi, por causa deste funesto encontro com a biodiversidade herpetológica que ela esticou o pernil e foi parar ao Mundo Subterrâneo, que era o sítio para onde todos os mortos iam naquele tempo. Hades, chamava-se o sítio e era assim uma espécie de sucedâneo do Inferno. Estranhamente o gajo que mandava no Hades também se chamava Hades. O Orpheu ficou para morrer porque gostava muito da mulher e decidiu ir até ao Hades buscá-la. Isto normalmente não se poderia fazer vivo, pois um gajo só lá entrava morto. Chegou ao rio Styx, o rio do Esquecimento e tentou convencer Caronte, o barqueiro de maus fígados que normalmente levava as almas para a outra margem a deixá-lo também atravessar o rio (a entrada do Hades ficava na outra margem). O outro, que não, que não, que ali só passavam defuntos. O gajo então cantou e tocou lira para ver se adoçava o outro. Não lhe conseguiu dar a volta, mas o outro adormeceu com a cantoria e ele logrou passar na barca das almas lá para o outro lado. Esta parte não se percebe lá muito bem. Quem é que guiou a barca? O Caronte não acordou? Ninguém protestou. Bom. O Orfeu entrou e foi ter com o Hades (o patrão, não o sítio). Contou-lhe que queria trazer a mulher outra vez cá para fora. Que não, que não, que ela já estava a comer alfaces pela raiz e que dali não saia. O Orfeu ficou muito abespinhado. A mulher do Hades, a Perséfone teve pena do rapaz, que parecia bom moço e de maneira que convenceu o marido a deixar o Orfeu a levar a mulher. O Hades pôs-lhe como condição que a mulher seguiria então na retaguarda a uma certa distância e que ele tinha que confiar que ela ia de facto atrás dele. Caso olhasse para trás estava o caldo entornado pois a mulher ficaria irremediavelmente no chilindró dos mortos e ele que se fodesse mais a puta da mãe dele e mais a Perséfone, que ainda levava nos cornos. Mas pronto. Estava dito, estava dito, que ele estava bem disposto. Assim foi, o Orfeu seguiu à frente, mas não via a mulher a não ser que o olho detrás, que é cego, visse alguma coisa. O malvado e retorcido Hades ainda pôs assim uns demónios ou lá o que eram a instigar o Orfeu e a assustá-lo – “huuuu!....huuuuu!...achas mesmo que a tua garina vai aí atrás de ti? És um pató do caraças…huuuu…huuu…tanso. Bimbo, matarroano, és mesmo rural, foda-se…huuuu…huuuu…” - O gajo não queria olhar para trás, mas ocorreu-lhe que o Hades poderia estar mesmo a gozar com a cara dele e não vinha lá a mulher dele coisa nenhuma. E pimba, não resistiu, olhou para trás um coche e de facto lá vinha a mula do gajo, mas foda-se, num turbilhão sobrenatural lá foi outra vez arrastada para as profundezas do Hades. O Orfeu ficou com uma mona do caraças, assim um baita melão e teve que se vir embora com as mãos a abanar. Aliás, a partir de agora não tinha outro consolo senão “abanar as mãos” o resto da vida ou então os buracos das árvores, eh, eh… O que aconteceu a seguir quando veio cá para fora não é muito certo. Uns dizem que as amiguinhas-sapatão da gaja, da Eurídice, furiosas estraçalharam o gajo em pedacinhos. Outros dizem que não aconteceu nada de especial tirando o gajo lamentar-se para sempre. (Haja saquinho). Isto deu muito brado e até à actualidade isto fez correr rios de tinta, deu muitas óperas (Monteverdi, Gluck, Stravinski), peças de teatro, música, poesias, revistas de literatura, academias musicais e o caralho. No entanto, como podem constatar, isto é uma historieta manhosa sem interesse nenhum a não ser fazer com que a merda dos comentários andem mais depressa. Paneleiros.

FIM


Arrotos do Porco:

Es brilhante, paizinho! Es a garganta de escrita mai' linda que Lisboa ja viu desde que a Anita Guerreiro aprendeu a escrever o nome, ha coisa de dois anos! Obrigadinhos, meu santinho, por ires escrevendo qualquer coisinha. Talvez esta semana se reunam o tempo e as condicoes para mais novidades orientais.


Epa Vareta, um grande abraço destas praias de Portugal! A Anita Guerreiro é minha vizinha e não consta que já tenha deixado de ir fazer a prova de vida à CGD do Calhariz. "Canta o cheira bem cheira a Lisboa, ó Anita" dizem os outros velhos invejosos da literata.


loooooooooool


Laurinha, jantarada?


Tudo porque ainda não havia espelhos retrovisores...

Abençoada imaginação! :o)



Gosto deste desconstrutivismo selvagem!




<< Voltar ao repasto.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?