segunda-feira, julho 18, 2005 |
REGRESSO
Nada como um fim-de-semana passado na terra, com festa à mistura e copos de tarde.
Bastou-me estar algumas horas num restaurante, com um bar de apoio, para saber as novidades.
Então não é que o Barnabé pôs termo à vida? Enforcou-se, coitado.
Não faço ideia de quem era o Barnabé, mas é mais um que desaparece de uma forma que ninguém estava à espera. O que nos leva, uma vez mais, à fragilidade da vida.
Porra, pá, um gajo para se enforcar deve estar muito desesperado. Pensar em todo o ritual de comprar uma corda, encontrar um barrote ou um ramo adequado, firme e que não se quebre, pôr-lhe o laço, subir para o que quer que seja que há-de sair-nos debaixo dos pés e depois…
Com uma agravante: o homem em causa foi trabalhar até ao meio-dia, atendeu clientes, pôs tudo a funcionar e depois deu um saltinho a casa que se transformou num salto para a morte.
Macabro, no mínimo…
Raios, ainda que a vida corra menos bem, não há necessidade de lhe pôr termo. Caramba, pá.
E, no entanto, a vida continua… Para os outros, claro.
Os outros lamentam-se. Os outros sentem a dor de quem se matou. Os outros não percebem. Eu faço parte dos outros que não percebem muito bem.
A fragilidade… Já vi alguns acidentes que retiraram a vida a algumas pessoas, involuntariamente. Já vi pessoas - uma, acho eu - mais ou menos próximas que puseram termo à vida.
Para quê? O sofrimento acabou? Valeu a pena?
Nem quero saber.
Mudando um bocadinho a orientação desta reflexão, pás, é bom voltar à terra e conviver com amigos que já não vemos há quinhentos anos. E saber que eles estão lá. Ou a meio caminho. Ou que estão cá.
Crescemos e mantemo-nos mais ou menos em contacto. Umas vezes mais, outras menos. Mas vão estando por lá, esses nossos amigos de infância, o que é um bom sinal. Vamos aproveitando estes pequenos laivos de lucidez para recordar o que já passou e para tentar adivinhar o que aí vem.
O que se seguirá?