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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


segunda-feira, junho 27, 2005

ILHA

Uma ilha têm um cone vulcânico espantoso, que se ergue do mar 2.351 metros e bem acima das nuvens. Visto ao longe, o vulcão é uma massa ciclópica cinzenta que assenta numa base de floresta e pastagens verdes. As povoações, pequenas, parecem minúsculas e desgarradas. Mais perto, há vinhas dispostas em cubículos circunscritos por grossas paredes de lava a perder de vista sobre o Canal. Mesmo em frente, há dois rochedos, um vertical e outro dito “deitado”. Mesmo assim, depois de duas horas e meia de avião sobre o oceano, aquela ilha não deixa de parecer pequena e perdida no oceano. As pessoas lá chamam-se picarotos e gostam de música. Muitos deles tocam-na e estudam-na profusamente. Talvez vivam da pesca, de serviços ou mais provavelmente do leite e das pastagens. Diante do coreto bem arranjado as pessoas mais idosas arrumam-se calmamente em cadeiras de praia, à espera de música. Placidamente. Vai tocar uma das dezanove sociedades filarmónicas que existem na ilha. Só naquela pequena vila, há duas. A banda, bem vestida e digna começa a tocar. É uma peça complicada. Nada daquelas fanfarras dissonantes de bêbados. A certa altura tocaram um dos andamentos da Sinfonieta de Shostakovitch. Estava pasmado, ainda agarrado ao meu pão com chouriço, que comprei assim que saí do barco que cruzara o Canal. (Sim, o tal do mau tempo…). Pensava que manias colectivas poderiam er vingado numa terra assim, para além da atávica tendência para o alcoolismo, do futebol e outras, a que nos habituamos . Mas não - A Música!...

Noutras ilhas próximas são as touradas à corda, que ganham foros obssessivos ou então já vícios suburbanos. Ali, os miúdos acampam, vindos de outras partes ou ilhas. Aliás, é um hábito vulgar naquelas partes entre os jovens. Que me importa que houvesse um único sítio com computadores onde pude descarregar as minhas fotos digitais?
Espantados estavam também dois ingleses, que deviam ser metade dos turistas estrangeiros na ilha e que tinha encontrado de tarde, a meio da subida do vulcão – “hey botanists!” – disseram de longe. Acenei-lhes. O sorriso franco dele acho que também tinha que ver com o contentamento e emoção de estar naquele sítio a ouvir a música da Sociedade Filarmónica da Madalena do Pico. “Um gajo aqui, pode perder-se, drogar-se, olhar para o mar, emigrar ou então estudar e tocar música e ser uma pessoa pela positiva”. – foi o meu pensamento fútil.

Mais tarde, ao entrar adentro do que resta da floresta arcaica da ilha, no Pico do Caveiro, rocei árvores anãs, fetos antigos, lianas e nevoeiro. Aqui, há coisas que já perdemos.



Foto da Tampa - Madalena do Pico, Julho de 2004

Arrotos do Porco:

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...se nada houver em contrário vou fazer copy-paste e republicar no blog www.ilhas.blogspot.com (vai para dois anos de existência e na reformulação recebnte vai contar com + dois links «estrangeiros» : o tapor e o vareta !
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Epa, se "virgem" quer dizer sem experiência em fotografia, não é o caso. Ela é fotógrafa (Inst. Port. de Fotografia) e não por ser minha mulher, mas até se ajeita muito, não?


João Nuno

Estás à vontade, se bem que a unica coisa de jeito na posta é a foto...



Porra. Uma invasão açoreana, :-)

Tozé, só te digo uma coisa. Idiotas há-os em todo o lado. Mas eu cá diria "Açoreanos e Continentais" em vez de "Açoreanos e Portugueses". Mormemnte M«ministras da Justiça à parte, que se incluem na tal categoria que refiro acima.



Dialecto estás á vontade. Eu falo o de Lisboa, que tb. é esquisito. É a diversidade cultural da República, ah, ah. Agora confesso tenho de estar com as orelhas bem abertas mas só e apenas em S. Miguel no eixo Rabo de Peixe - Ribeira Grande. (percebo aí 60, 70 %...). Algumas pessoas fizeram-me o favor de falar à continental, para conseguirmos conversar, apesar de tudo, viva a Televisão... Fora isso, não me parece mais estranho que um alentejano ou um transmontano.




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