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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


sábado, março 05, 2005

As coisas que eu sei e que não me servem para nada...

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Fotografia obtida através de uma máquina acoplada a um microscópio óptico.

Quando se quer estudar a técnica de um pintor, saber se uma pintura é falsa ou ainda se se quer restaurar uma pintura ou uma escultura, dá uma trabalheira que nem vos conto. É claro que isto é uma força de expressão, porque o que eu vou fazer é contar-vos, pelo menos uma parte dessa trabalheira – o estudo estratigráfico da camada cromática.
Uma das coisas que se tem de fazer é uma amostragem. Recolhem-se amostras minúsculas das zonas de sombra e de luz de todas as cores, por exemplo, de uma pintura.
Uma parte dessas amostras vai servir para fazer a identificação dos pigmentos e dos aglutinantes. Para isso basta separá-los, observá-los ao microscópio e depois fazer uns exames mais ou menos complicados. Uma vez identificados podem ser encaixados na época em que eram utilizados e nos pintores que os usavam. Assim, se se identifica azurite numa pintura sabemos que esta deve ser anterior a 1800, uma vez que a azurite deixou de ser utilizada por essa altura. Estão a ver a ideia?
Com a outra parte das tais amostras minúsculas vamos estudar a técnica do pintor e saber se a pintura já foi restaurada ou repintada, entre outras coisas. As amostras, que foram retiradas desde a preparação do suporte – tela, madeira, pedra – até à superfície, vão ser preparadas para poderem ser manuseadas - para não irem parar ao espaço se o técnico espirrar para cima delas – sendo para isso envolvidas numa resina transparente que solidifica em pouco tempo – parecida com a utilizada pelos protésicos.
Podem então ser observadas ao microscópio, o resultado é o que a fotografia mostra. A camada esbranquiçada representa a preparação – neste caso julgo ser uma pintura sobre tela – as outras amareladas de maior espessura são preparações posteriores – talvez de restauros - depois há uma vermelha escura, relativamente fina, de bolus para a fixação da camada de ouro e finalmente uma azul.
Durante a observação, as camadas são medidas – como exemplo, a camada azul terá aproximadamente 60 µ - e alguns pigmentos são identificados. Fica-se também com uma ideia da existência ou não de repintes, da técnica que o autor utiliza para dar os tons claros ou escuros – se aclara ou escurece uma camada, através dos pigmentos que usa e da sua concentração, ou se dá uma camada mais clara e outra mais escura por cima – e do estado da obra em geral.
Já não sei de onde foi retirada esta amostra mas arriscaria a dizer que deve ter sido de uma decoração de um manto, de uma qualquer figura religiosa que eu, em tempos, me vi obrigada a espiolhar.

Arrotos do Porco:

Apesar de cientificamente irrepreensível, a imagem está para os meus hábitos visuais como uma pintura abstracta ou, se quiser ser mais comezinho, mais rés-vés-campo-de-ourique, como uma cobra cheia de raiva, a deitar espuma pela boca, depois de ter passado a noite a correr os cartapácios todos em busca do estratigráfico da camada oculta de um senhor que era do governo, que já não é, mas que ainda é porque ainda não saiu, apesar de estar de saída sem se saber bem ao certo quando é que sai nem muito menos porque é que entrou, mas isto das portas têm estas coisas, dão para entrar e dão para sair, apesar de uma pessoa nunca saber lá muito bem se está a entrar ou a sair, que há portas que dão para dentro e outras que dão para fora e ainda há portas que não dão coisa nenhuma, a não ser empregos no estrangeiro, que eu gostava mesmo de saber como é que uma porta, que supostamente é surda que se farta, daí que se diga surdo que nem uma porta, consegue arranjar empregos no estrangeiro, deve ser por uma questão de mau ouvido para o português, ou se calhar é por os tais de técnicos lhe espirrarem para cima, nem fazem outr coisa senão isso, olha vejo ali portas, vamos espirrar-lhe para cima, a elas ou a eles, ou a ela ou a ele, há para aí cada problema de indefinição, uma pessoa já nem sabe se é singular se é plural, se a porta fica ao centro ou à direita, à esquerda não deve ser, que isso é para canhotos, e Deus nos livre de tais aberrações, faz-se já um responso à Nossa Senhora de Fátima, se calhar aproveita-se e também à de Lourdes, à negra de Cracóvia, devem ser raras, as negras para aqueles lados, mas nunca se sabe, que hoje com estas coisas das globalizações andam por todo o lado, deve ser dos pigmentos, por mais minúsculos que sejam metem-se por todo o lado, já não há respeito, ora vejam-me isto, pequeninos, pequeninos, mas vivinhos, até se metem nas dentaduras dos protésicos, não querem lá ver o descaramento, eles a enxotarem-nos saiam daí, 'bora, rua, e nada, eles vão-se instalando por camadas, umas amarelas, outras alaranjadas, azuis, cor-de-burro-quando-foge, que é uma cor assim um tanto ou quanto estranha, para ter um nome desses também não admira nada, se calhar foi um dos tais técnicos que lhe espirrou para cima, o bicho assustou-se e lançou-se ne mecha rua abaixo, lá vai o burro, e foge, e foge, digam lá de que cor é, e a gente a ver o burro a fugir e a dizer mas qual cor, a do burro-quando-foge?, não sei, se calhar vai a fugir dalgum espirro, consegue-se mesmo ver as camadas do bicho, até dá para fazer um estudo estratigráfico, vamos lá ver se o pintor foi capaz de o meter ali na tela, com azurite já não vai lá, que já não há nas lojas, se calhar faz aquilo às camadas, pinta, repinta, o pior é que o raio do animal vai tão lançado que nem dá para perceber as cores, será que é capaz de dar com a porta, não sei, ele vai entrar ou vai sair?, também ignoro, estou completamente às escuras, o pior é se volta e deita toda a gente abaixo, capaz disso é ele e de muito mais, um burro quando vai lançado nem olha para nada, vai direito aos tachos e pimba.


Por falar em burro, lembrei-me daquele que é burro que nem uma porta, que ele há portas burros e portas espertos, agora que eu me lembre nunca vi portas de polipropileno que é uma palavra bem chata mas podia ser ondulada, como o outro que é bruto que nem uma porta ondulada, mas não e como é uma palavra difícil vai daí e chamam-lhe PP o primeiro de poli e o segundo de propileno, nada de confusões, lá porque estamos a falar de senhores que estão quase a sair pela porta fora não quer dizer que saiam corados, podem muito bem sair pigmentados, aglutinados é que não, aquilo são pigmentos que nem tão cedo se aglutinam, é que não lembra ao diabo juntar molibdato de sódio com azul do ultramar! Cá para mim pigmento a sério é a cochonilha.




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