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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Microfábulas – II

Havia, certa vez, uma menina muito pequenina e mirradinha e enfezada que, brandindo na mão direita escrofulosa e alporquenta uma insignificante vergasta, levava duas cabrinhas a pastar nos terrenos de seu pai. “Lá vai a tísica de merda!”, diriam uns; “Lá vai a Tinita!”, diriam os mais educados. Caminhava descalça, o cascalho grosso do carreiro não deixando já qualquer marca nos seus pezitos calejados e estrumados.
- Ticha! Farrusca! She comeides a lande do b’zinho doi-vos tantas c’a vergasta que voj’arrebenta o saingue do cu!
As cabrinhas olharam uma para a outra e riram o seu discreto risinho de cabra, conscientes da diferença na balança de poder e da facilidade com que poderiam aniquilar o inimigo e aumentar o seu lebensraum. Culpa do pai de Tinita, que havia dado a comer às cabrinhas os livros de Nicholas Spykman e Políbio Valente de Almeida.
Chegando às terras de seu pai, Tinita deixou as cabrinhas destroçarem a rama de uma azinheira e começou a cantarolar:
Ai eu hei-de murrer num’àdéigaaa
Ai c’um copo de binho na mãooo…”

Nisto, vzzzzzzzzzzt!

Moral 1: lá porque o narrador a não refere, a trovoada pode sempre estar presente numa história.

Moral 2: o trabalho infantil é ainda mais condenável se o empregador fizer um seguro de vida às crianças que emprega e as mandar acoutarem-se da trovoada debaixo de uma árvore.

Arrotos do Porco:


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