segunda-feira, fevereiro 21, 2005 |
A MARIA
A minha gata melguinha. Linda. Deixou-me sem ela. Morreu. Deixou-me assim, de repente, sem aviso, enquanto dormia.
A minha gata melguinha. Linda. Deixou-me sem ela. Morreu. Deixou-me assim, de repente, sem aviso, enquanto dormia.
Arrotos do Porco:
Primeiro fiquei embascadada com este post. Depois achei que tens uma coragem fantástica. Depois fiquei apteceu-me dar-te uma prenda. Nunca escrevi sobre gatos. Tenho apenas um texto em que entra um cão, mas suponho que seja apenas um pretexto para afimar o meu amor ao seu dono... Mas deixo-te uma prenda. http://www.tanto.com.br/neruda-ode.htm |
Obrigada, meninos. Dói muito porque foi inesperado, a Maria era novinha, não tinha ainda 5 anos. E gostava tanto de mim como eu dela. |
A minha única consolação é que ela realmente não sofreu. Tive uma que sofreu muito para morrer, já velhota. Não quero mais animais, são desgostos que se podem evitar. |
Lamento imenso a tua perda. Eu sei o que isso é, que tive um gato, preto como esta da foto, com uns olhos amarelos e verdes que me acompanharam durante dezoito anos, e quando morreu fui sozinho levá-lo ao veterinário e disse logo que quando regressasse não queria encontrar nem a sua cama, nem a sua casa de banho, nem nada que me lembrasse dele. Foi um dia triste, e ainda mais triste se tornou por outras razões, que aqui nem quero recordar. Tive a sorte de o ter durante dezoito anos, era arraçado de vadio e siamês, grande, muito senhor do seu nariz, mas meigo quando queria e gostava das pessoas; caso contrário, não lhes passava cartão, ignorava-as sobranceiramente e passava de lado ou nem aparecia. Eu era o único lá em casa com coragem para lhe cortar as unhas e lhe dar óleo de rícino por causa do pêlo. E ainda hoje me deixa saudades, já passados uns bons anos. Mas recordo sobretudo as suas peculiaridades, quando se metia na minha cama, debaixo da roupa, e me mordia os pés, quando ficava especado a espiar-me em alturas mais «íntimas», com os olhos bem arregalados, quando me acordava logo pela manhã porque queria sair do quarto para ir fazer as suas necessidades e eu lá tinha que me levantar para lhe abrir a porta, quando se escapava de quando em vez para as escadas ou caía da varanda (era um primeiro andar) e ficava no meio da relva bem sossegadinho, à espera que eu o fosse buscar. São momentos que nunca esquecerei. As fotografias que dele tenho é que nunca me saíram tão bem como esta. |
Pois era esta a coincidência que falava, teres escrito sobre a morte do teu amigo e eu sobre a da minha gata. Também tive outra durante 13 anos e essa fui eu quem a mandou matar, no veterinário com uma injecção, ao meu colo. Tinha prometido não ter mais nenhuma mas esta escolheu-me ela. Era tão meiga e tão carente que às vezes aborrecia. Miava por festas como os outros por comida. Esperava pacientemente que eu acabasse de jantar para vir para o meu colo. Dava-me sapatadinhas para eu me lembrar de lhe fazer festas. Enfim. Dói, mas vai passar a doer menos. Obrigada. |
Obrigada, Bom Selvagem. Como eu disse, também já tinha tido outra gata, a Mafalda, e quando, passados muitos anos, veio a Maria, eu estava sempre a compará-las, nunca me esqueci da primeira mas também não impediu que eu adorasse a segunda. Mas quando ficamos sem eles a dor é tanta que não conseguimos pensar na hipótese de a voltarmos a ter. Não tão cedo. Quanto ao Jeremias, eu sei que te custa ficar sem ele, afinal foi uma magia, inventaste-o e ele materializou-se. Tenho a certeza que as tuas razões são fortes e que a escolha foi difícil, mas a Bastet toma bem conta dele, com certeza. |