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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


quinta-feira, janeiro 27, 2005

As coisas que eu sei e que não me servem para nada...



Há muitos anos, no tempo em que eu fazia coisas com piada para ganhar a vida, pertenci a um grupo de paineleiros. Não estou a falar destes que discutem futebol. Aquele a que eu pertenci estudava os Painéis de S. Vicente atribuídos ao Nuno Gonçalves.

A mim cabia-me fazer um dos exames de área – a Reflectografia de Infravermelho. Posso até dizer que fui a primeira pessoa que a fez aos Painéis, vocês acreditariam por ser verdade mas eu não podia provar, fui rapidamente substituída por outra pessoa, que isto há lobbys de tudo até de paineleiros. Mas isto também não interessa nada. Aliás, duvido que a Reflectografia de Infravermelhos vos interesse para alguma coisa, mas hoje deu-me para aqui, o que é que se há-de fazer...

Eu gostava de fazer o que fazia nessa altura. Andar ali às voltas a estudar as Obras de Arte “por dentro” que é para o que, entre outros exames, a R IV serve – para ver o traço subjacente à pintura. Todos os arrependimentos do pintor, as figuras que ele pensou pintar e desistiu, sabe-se lá porquê, a cara que ele tinha desenhado de frente e acabou a pintá-la de perfil. Também serve para se detectar se a pintura é original ou falsificada. Lembro-me de uma pintura que pretendia ser do Amadeo de Souza Cardoso e assim que lhe apontei a câmara, até o quadriculado numerado que serviu para a cópia (aquele que nos ensinam a fazer na escola para reproduzirmos originais) se via.

Vou-vos poupar aos pormenores técnicos, não vos vou dizer, por exemplo, em que é que a R IV difere da Fotografia de IV, para isso existe o dr. Google. Digo-vos só que o método consiste em fotografarmos um ecrã que reproduz as imagens tomadas por uma câmara que apontamos, de forma sistemática, a uma pintura. Está claro que a câmara é que produz o “milagre”. Digamos que a câmara é a Nossa Senhora de Fátima e o ecrã é a irmã Lúcia.

Este era o exame que eu mais gostava de fazer, havia outros - a Radiografia, a Fotografia Ultravioleta e mais uns quantos - mas este era o mais dado à bisbilhotice.

Se me der na gana, se vocês pedirem muito e se este blogue continuar sem mais ninguém para o alimentar, talvez ainda venha a falar neles.

Arrotos do Porco:

Interessante é vermos a "coisa" à luz dessa tua teoria, nunca tinha pensado nisso. Já tinha pensado que quem estuda as obras, está para elas como o psiquiatra está para o doente, a tua teoria é menos "doentia" :o). 'Brigada.


Desculpa a sinceridade, mas abomino quase tudo o que é teoria... Mas não descartava por nada, conhecer as coisas pela sua vertente mais prática! Acho que é a forma mais rápida de aprendizagem.
Aprender a fazer, não como se faz!
Abraço



Eu cá gosto mais de ver as estrelas. Conheço ali um vizinho, o Carlitos, que tem um telescópio e que passa a vida a ver as estrelas que estão dentro da casa das pessoas. Deve ser o tal de «voyeur» a que o Papo-seco se referia. Por mim, acho que o que ele é é bisbilhoteiro. Se calhar é o que acham os riscos que estão por baixo dos riscos: olha ali aquele(a) bisbilhoteiro(a), o que é que ele(a) tem que vir aqui espreitar-nos? Olhó descaramento.


Os riscos que estão por cima dos riscos - De mim ninguém quer saber... estes aqui de baixo é que estão bem...ele é reflectografias, ele é paineleiros, ele é bisbilhoteiros... para mim olham e não me ligam... snif...snif...


Qualquer dia eu falo de mais coisas, obrigada, olho-de-mocho. Apesar de, como diz o Sandro, a prática ter mais graça.


Há Poetas com mentes muito retorcidinhas! Hápoishá! ;o)


Pois eu paineleiro nunca fui, mas nunca se sabe para é que estamos reservados, vai-se a ver e, um dia qualquer, olha, acordei paineleiro, agora o meu negócio é este, faço painéis p'ra fora, p'ra dentro também se arranja qualquer coisinha, vendo painéis dos outros paineleiros, também arranjo, meto-lhes uns «gatos» e pronto, toca a andar, assim ainda se aguentam mais uns tempitos, quem sabe não me ponho também armado em cegueta a observar os ditos, o pior é que acho que se isso acontece são eles que se põem a observar-me a mim, depois fico todo encavacado, que nunca dei grande confiança a painéis, lá por acordar paineleiro isso não quer dizer que tenha que andar com eles ao colo, era o que faltava, se calhar são pesados, ainda por cima, e se quisesse andar com pesos ia para a Bulgária levantá-los, quem sabe se depois não ia aos Jogos Olímpicos, agora ia por aqui fora e enchia a caixa dos comentários toda, e não quero ser mauzinho, não senhora, já sou diabinho e já me chega.


Belo comento, Rezendes. Mas sabes uma coisa?! Tu segue sempre em frente, que não te doam as mãos.

Qualquer dia a estounua conta-nos outra coisa daquelas que ela sabe mas que não lhe servem para nada e tu... pimbas! :)

Falo a sério: belo comento, Rezendes.



Isto não é assim! Não se acorda paineleiro! Só se é paineleiro com muita dedicação...E os "gatos" não se põem nos painéis, põem-se nos pratos, não dos da sopa, se não afogam-se, é nos de sobremesa porque são doces. Já os painéis põem-se em qualquer lado, uns são leves outros pesados, mas um paineleiro que se preze tem quem lhe carregue os painéis. Eu se quiser também fico aqui a escrever até encher os comentários, mas também não fico, mas gosto de diabos a escrever, são melhores que os diabos dos painéis do Bosch e não, não estou a falar de frigoríficos, estou a falar do Hieronymus. Esse também já o vi reflectografado, mas isso também não interessa nada. Vou ali tomar as gotas para me calar.


Francamente nunca vi o Jerónimo metido nessas coisas, ainda agora ali o vi, devia estar a recuperar, agora se o homem usa Bosch ou não usa Bosch isso é lá com ele, que eu de marcas não percebo lá grande coisa, cá para mim Moulinex ou Black and Decker também servem, se calhar estou é a ser enganado, vou mas é queixar-me à defesa do consumidor, mas se digo que acordei paineleiro ainda me mandam para a outra parte, ai não que não mandam, agora que há gatos nos pratos se calhar é naqueles do Gato Preto, e eu já os vi também na loiça para crianças, já vi sim, com estes olhos que a terra há-de comer, está uma criança a comer a sopa e vai sape gato, dá-lhe com a colher e vai sopa para todo o lado, deve ser por isso que as crianças não vão lá muito à bola com a sopa, mas também ir à bola com a sopa não deve dar jeito nenhum, com aquela gente toda a gritar para ali, dão-nos um encontrão e era uma vez a sopa, nem sequer sei se agora, com estas modas todas nos estádios deixam entrar com a marmita da sopa, se calhar não, e depois onde é que se deixa a marmita, lá a polícia e os seguranças é que não ficam com a minha, não senhor, se quiserem que vão comprá-la, ora essa, que eu sustentar malandros é que não sustento, que vão lá fazer a sopa deles...
Tenho pena de nunca ter visto o Jerónimo rectrografado, devia ser interessante, se calhar até sorria, olh'ali o Jerónimo rectrografado a sorrir, coisa rara, pois então, e até leva os painéis com ele, espero que sejam dele, que não sjam roubados, se calhar são comunitários, aqueles painéis, que são levezinhos e maneirinhos, uma pessoa pode ir passear com eles à vontade, até ir a banhos, será que ele também é paineleiro, às tantas por tantas é que é mesmo, pergunto, não pergunto como é que foi, se acordou assim mesmo ou se foi com aquela dedicação toda que todos lhe conhecemos?



Peço perdão, equivoquei-me, cometi um lapso, o Jerónimo não estava rectrografado, seja lá o que isso for, que eu em terra de rectros é que não me meto, ná, nem pó, o senhor estava era reflectografado, que é uma coisa mais séria e mais condizente com o espírito paineleiro. As minhas desculpas. Pronto. Tenho dito.


Rectografado, toda a gente sabe o que é! É ter um agrfo no traseiro! É preciso explicar tudo a certas pessoas...!

;o)



Olha!, e eu bem que sentia aqui um agrafo e não sabia o que era, vai daí num repente já sei que estou rectografado, ora bem, nem preciso de mais nada, já me sinto bem mais satisfeitinho da vida, agora já posso ir ao senhor doutor e dizer-lhe senhor doutor, já sei do que é me queixo, estou rectografado, não, senhor doutor, não me escreveram nada aqui no traseiro, nem foi tatuagem, não senhor, também não foi nenhum recado porque isso apagava-se logo, eu bem sei que há gente que escreve em todo o lado, lembro-me de um filme que falava disso, já não me lembra o nome, deve ser da idade, já agora podiam ir umas pastilhitas para a memória, mas não foi escrita, senhor doutor, disseram-me agora que é um agrafo, um agrafo?, pergunta o médico, sim senhor, volto eu, um agrafo na bochecha, veja lá onde é que foram meter o agrafo, senhor doutor, isto hoje em ia já nem há respeito pelos agrafos...




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