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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


sexta-feira, junho 04, 2004

SEXTA-FEIRA... EHHH! SEXTA-FEIRA!



Começo por vos dar algumas notas deste breve exílio tomarense.

Antes de mais: é Verão. Agora é oficial. Aqui há uns tempos tinha-vos dado conta da minha preocupação quando anunciara a chegada desta tão cara estação do ano, temendo haver-me precipitado pois alguns sintomas tardavam em manifestar-se. Mas agora, repito, é oficial: Ilda de Castro apresentou há dias na RTP o seu 28º álbum, intitulado "Eu canto à vida". Mais Verão que isto é impossível.

Uma recomendação: aos que de vós possam, não deixem de escutar a Rádio ABC - creio ser de Ourém, mas não estou seguro. Foi essa rádio que me deu a ouvir uma pérola cujo autor desconheço mas de que partilho com vocês o gostoso refrão:

"P'ra montar o meu negócio
Tenho qu'ir pedir ò banco
Ou então escolher p'ra sócio
O mEnistro Sousa Franco

'Ando teso mas bonito'
Dizem elas sem favor
Gostam de mim como sou
Quanto mais teso melhor"

O meu avô, o tal dos 96 anos, três meses e quinze dias (give one take one), está já há um mês imobilizado numa cama do hospital. Apesar disso, mantém a lucidez - e o bom espírito. Da última vez que fui vê-lo, disse-me algumas coisas que me marcaram. Disse que quando as visitas saiam, ele regressava à escuridão - ninguém tem paciência para um velho de 96 anos num hospital público. E disse ainda que se eu lá pudesse estar com ele todos os momentos do dia não lhe pareceria demais. É normal, está na mesma posição há mais de um mês. Está saturado. Mas continua a resistir a tudo e a todos: à bacia partida, à segunda pneumonia em ano e meio, à idade, à distância dos que lhe são caros. E mantém o bom humor: enquanto uma auxiliar lhe mudava a fralda e brincava com ele dizendo "vamos lá consertar a sua amiga" enquanto lhe ajeitava "o material", o meu avô respondeu-lhe "A minha já fez o que lhe cumpria. E a sua? Tem-lhe dado que fazer?". É o meu avô.

Hoje é sexta-feira, portanto. Lá consegui uma oportunidade para não deixar morrer o hábito da tradução e assim me encarrego da muy honrosa tarefa de vos dar a ler, na língua de Gonçalo Tavares e José Régio, mais uma pérola da lírica pop contemporânea. Hoje a escolha recaiu nessa luminária ímpar: Lawrence, sem mais, apenas Lawrence, o homem por detrás (salvo seja) dos Felt e dos Denim, vocalista sem voz, guitarrista sem ouvido, teclista sem mão esquerda, estrela pop como poucos outros. No último álbum de originais dos Felt, Me and a Monkey on the moon, Lawrence escreveu melhor que nunca. Por isso vos trago esta mensagem esperançosa e desencantada a um tempo, o belíssimo New Day Dawning.

New Day Dawning

There are some things that i should say
Há muito que eu quero dizer
Before i go
Antes que não possa
And there are some things
Não é que queira mostrar
That you should know
O que está em causa é a partilha
I've walked a razor's edge all my life
A sanidade é um bem tão frágil
Until i fell
E há outros que a seguram
Onto the point
Esses outros que impedem que se resvale
The point of a knife
Para uma cama de pregos
And i said it's good morning
Não tenho jeito para faquir
There's a new day dawning
E sou bastante queimadiço
Good morning to you
Mais um dia no circo sem cair do trapézio


Não tenho tempo para traduzir mais do que a primeira estrofe - só tenho direito a meia-hora de computador... Mas eu volto. Em breve. Bom fim-de-semana.

Arrotos do Porco:


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