quarta-feira, maio 12, 2004 |
Um mail
Recebi ontem um e-mail muito interessante. Sou pessoa cuidadosa no que escrevo e, sobretudo, como o escrevo. Correio electrónico, Short Message Service, conversas de MSN, YahooMessenger, chat ou afins não escapam a esta minha regra e recebem o mesmo cuidado, como vos poderá garantir quem já tenha entabulado qualquer tipo de comunicação comigo.
Dentro deste espírito cabe direitinho o princípio de dar títulos elucidativos, imaginativos, chamativos ou apenas curiosos aos meus e-mails, na secreta convicção de que o seu destinatário começará por aí a formar a sua opinião acerca do que eu estou a tentar transmitir. Reciprocamente, quando recebo correio começo por antecipar o conteúdo pela forma como vem anunciado, mesmo antes de olhar para o remetente. Será abusivo da minha parte proceder assim? Claro que não, é meu direito inalienável ser preconceituoso da forma que entender. Quem deseja, de facto, entender-se comigo rapidamente percebe com que linhas me coso, já que disso não faço segredo a ninguém. Mas deixemos a introdução e passemos ao caso que vos quero relatar.
Dizia eu que recebi um mail com o seguinte assunto: "resposta". Assim, tal e qual, sem capitalização no início, sem pontuação no fim, nada. Seco, críptico e quase anónimo, já que o remetente nada me dizia. Aberta, a referida mensagem rezava assim:
"se não tem o que fazer, vá tomar nesse cú nojento como vc. enfia os vírus no seu rabo."
Pronto, já perceberam que o remetente era brasileiro. Mas isso em nada influi na minha apreciação, já que sei de muitos e bons brasileiros que escrevem português tão bem ou melhor que qualquer indígena luso, seja na forma que nos é mais familiar, seja na que medra impune do outro lado do Atlântico. A minha primeira reacção foi uma sonora gargalhada, como está bom de ver. A seguinte foi a de sentir um desdém intenso pela besta que assim expande a sua raiva perante uma intrusão inesperada, sem se informar sobre as reais possibilidades de ela ter, de facto, tido origem numa conta de mail minha. Para mais, a referida conta está sediada no Hotmail, que tem protecção anti-viral em toda a sua rede. Trata-se, obviamente, de um vírus que simula o remetente a partir de um qualquer endereço da lista de contactos do computador afectado - coisa que dispensa explicação para quem perceba de computadores mais que a utilidade do botão "On-Off". Em seguida - e como terão percebido por esta explicação mais detalhada - comecei a ficar incomodado com a impunidade e arrogância da criatura que assim fez explodir a sua própria imbecilidade em PC alheio. Irritam-me as pessoas que julgam apressadamente e sobre terceiros desconhecidos fazem cair represálias, sejam elas absurdas e patéticas como esta ou outras mais danosas.
Decidi-me a escrever um poste sobre esta maré de incivilidade que sobe imparável no mundo, lá como cá como por todo o lado, denunciada impiedosamente pelo Último Paladino dos Valores Verdadeiros (eu, antes que perguntem), quando me dei conta que estava a fossar no mesmo lodo. O tipo pode ter tido o seu trabalho todo lixado por um vírus, e é estupidamente presunçoso da minha parte presumir que é defeito dele não saber como funcionam os vírus. Se ele tivesse enviado um mail com cabeça, tronco e membros, escrito no português que eu cultivo e prezo, tê-lo-ia elucidado, mesmo que a mensagem fosse tão venenosa quanto a que efectivamente mandou. As possibilidades são (quase) infinitas, mas eu julguei-o como me apeteceu.
Volto à primeira reacção e rio-me. Cagando e andando, está tudo bem. Menos mal, que tive assunto para um poste.
Recebi ontem um e-mail muito interessante. Sou pessoa cuidadosa no que escrevo e, sobretudo, como o escrevo. Correio electrónico, Short Message Service, conversas de MSN, YahooMessenger, chat ou afins não escapam a esta minha regra e recebem o mesmo cuidado, como vos poderá garantir quem já tenha entabulado qualquer tipo de comunicação comigo.
Dentro deste espírito cabe direitinho o princípio de dar títulos elucidativos, imaginativos, chamativos ou apenas curiosos aos meus e-mails, na secreta convicção de que o seu destinatário começará por aí a formar a sua opinião acerca do que eu estou a tentar transmitir. Reciprocamente, quando recebo correio começo por antecipar o conteúdo pela forma como vem anunciado, mesmo antes de olhar para o remetente. Será abusivo da minha parte proceder assim? Claro que não, é meu direito inalienável ser preconceituoso da forma que entender. Quem deseja, de facto, entender-se comigo rapidamente percebe com que linhas me coso, já que disso não faço segredo a ninguém. Mas deixemos a introdução e passemos ao caso que vos quero relatar.
Dizia eu que recebi um mail com o seguinte assunto: "resposta". Assim, tal e qual, sem capitalização no início, sem pontuação no fim, nada. Seco, críptico e quase anónimo, já que o remetente nada me dizia. Aberta, a referida mensagem rezava assim:
"se não tem o que fazer, vá tomar nesse cú nojento como vc. enfia os vírus no seu rabo."
Pronto, já perceberam que o remetente era brasileiro. Mas isso em nada influi na minha apreciação, já que sei de muitos e bons brasileiros que escrevem português tão bem ou melhor que qualquer indígena luso, seja na forma que nos é mais familiar, seja na que medra impune do outro lado do Atlântico. A minha primeira reacção foi uma sonora gargalhada, como está bom de ver. A seguinte foi a de sentir um desdém intenso pela besta que assim expande a sua raiva perante uma intrusão inesperada, sem se informar sobre as reais possibilidades de ela ter, de facto, tido origem numa conta de mail minha. Para mais, a referida conta está sediada no Hotmail, que tem protecção anti-viral em toda a sua rede. Trata-se, obviamente, de um vírus que simula o remetente a partir de um qualquer endereço da lista de contactos do computador afectado - coisa que dispensa explicação para quem perceba de computadores mais que a utilidade do botão "On-Off". Em seguida - e como terão percebido por esta explicação mais detalhada - comecei a ficar incomodado com a impunidade e arrogância da criatura que assim fez explodir a sua própria imbecilidade em PC alheio. Irritam-me as pessoas que julgam apressadamente e sobre terceiros desconhecidos fazem cair represálias, sejam elas absurdas e patéticas como esta ou outras mais danosas.
Decidi-me a escrever um poste sobre esta maré de incivilidade que sobe imparável no mundo, lá como cá como por todo o lado, denunciada impiedosamente pelo Último Paladino dos Valores Verdadeiros (eu, antes que perguntem), quando me dei conta que estava a fossar no mesmo lodo. O tipo pode ter tido o seu trabalho todo lixado por um vírus, e é estupidamente presunçoso da minha parte presumir que é defeito dele não saber como funcionam os vírus. Se ele tivesse enviado um mail com cabeça, tronco e membros, escrito no português que eu cultivo e prezo, tê-lo-ia elucidado, mesmo que a mensagem fosse tão venenosa quanto a que efectivamente mandou. As possibilidades são (quase) infinitas, mas eu julguei-o como me apeteceu.
Volto à primeira reacção e rio-me. Cagando e andando, está tudo bem. Menos mal, que tive assunto para um poste.
Arrotos do Porco: