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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


segunda-feira, maio 10, 2004

O nham

Coimbra. Em má hora demandei esse lugar decrépito e bafiento, cuja única e dúbia virtude é a de ter sabido convencer um rei boçal e estróina a lá instalar um estabelecimento de ensino superior. Por muito que tentem contornar a questão, é insofismável que muito da problemática do ensino em Portugal se funda nesse acto irreflectido e eivado de equívocos - mas avancemos, que disso não falarei agora.
Dizia eu que me tirei de cuidados, e do meio intelectual e culturalmente estimulante em que me encontro imerso 99% do meu tempo, para visitar essa terra frouxa e morna. Não é Norte nem é Sul, não é fria nem é quente, nem bonita nem feia, etc., etc. Até a porra do rio não se decide se é coisa a sério ou se fica por ser um ribeiro. Tristeza. E porque cometi eu tamanha imprudência, perguntarão vocês (e espero que o façam para o telefone 96285401)? Anunciava-se um convívio entre algumas das pessoas que frequentam este belogue e a possibilidade de privarem um pouco comigo afigurava-se decisiva para convencer alguns renitentes. Relutante, acedi.
Dado já me serem por demais familiares as trombas repelentes da maioria dos participantes, a única curiosidade residia na oportunidade de conhecer essa criatura mítica, o FPM. Dir-vos-ei, sem rodeios, que o rapaz não desiludiu. É uma besta em tudo comparável aos restantes, com um gosto muito duvidoso para roupa e uma voz esganiçada e irritante que insistiu em fazer-nos ouvir. Do Papa e do aRMAS já pouco mais haverá a dizer mas, porque hoje me sinto bondoso, direi que não pioraram desde a última vez que tive a infelicidade de os ver - o que já não é nada mau. A tt surpreendeu todos, ao apresentar-se na companhia de um mocetão atlético e de poucas falas, sendo a sua aparição pouco menos que meteórica. Pouco mais tempo durou a presença do casal Galhão, para alívio dos donos do restaurante que se viram a braços com uma inesperada falta de almofadas que permitissem aos referidos chegar à mesa para comer. A menina Dentada falou - embora eu não tenha podido verificar esta informação na primeira pessoa, quem mo confidenciou merece toda a credibilidade. O Vareta estava radioso e modesto, e tive a oportunidade de ouvir uma ária por si interpretada em homenagem ao nascer do Domingo. Um momento inesquecível. O Miminho - a quem os amigos se referem como a Mimosa, sem dúvida por lapso - esteve ao seu nível. Falou em "emoção", "amigos", "gostei muito" e outras coisas igualmente amaricadas. Apresentou-nos uma rapariga simpática que ele asseverou ser sua namorada. Por educação, todos fingimos acreditar.
O jantar foi uma amostra da gastronomia local - bifinhos com cogumelos, batatas fritas e arroz - regada com bebidas vagamente alcoólicas. A maioria dos comensais revelou gosto e requinte ao optar pela cerveja. À esperança de doces conventuais, que o local do evento acalentava, respondeu o dono do restaurante com uma salada de frutas anónima, com um toque de nouvelle cuisine conferido pelas caricas em que a mesma foi servida.
Terminado o doloroso repasto, deslocámo-nos até ao vomitódromo(*) fronteiro ao restaurante para apreciar a animação local. Uns concertos, muitas bebedeiras, magotes de gente envolta em capas ridículas, graças ao Senhor, que se apiedou de todos e os obrigou a dispersar à força de chuva (embora a esta parte eu já não tenha assistido, recolhido que estava nos meus aposentos a disfrutar de um merecido sono reparador). No dia seguinte, o regresso ao conforto da capital em carruagem especialmente fretada para o efeito.
Todos os ausentes foram recordados, embora nenhum o tivesse sido de forma elogiosa. À falta de matéria concreta, imputável com conhecimento de causa aos conhecidos, inventaram-se mentiras torpes e vis a propósito dos que ainda não tiveram a coragem de se apresentar.
Dizem-me que estão na forja eventos semelhantes a este. Sendo eu suficientemente crédulo para acreditar que tal seja verdade, escapa-me a razão pela qual mo dizem com entusiasmo. Enfim...

(*) expressão gentilmente cedida pela VD.

Arrotos do Porco:


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