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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


quarta-feira, abril 14, 2004

DO NASCIMENTO ou ESTE BLOG TEVE UM FILHO



Ver qualquer coisa nascer, seja o que for, é um momento inesquecível. Nunca "vi" nascer uma criança, mas acompanhei esse processo - mágico e sempre misterioso para qualquer homem não-obstetra - por duas vezes, quando nasceram os meus sobrinhos.

Neste fim-de-semana nasceu o Alexandre. O Cutivinho. Não é meu sobrinho de sangue, mas é sobrinho do blog. Acompanhámos o nascituro desde que se soube que ele aí vinha. Feitas as contas, a harmonização de vontades que deu origem ao pimpolho anda próxima da data da criação deste nosso porquinho. Chamem-me o que quiserem (sim, hoje podem...) mas a verdade é que isto me enternece. Há mais uma vida. O Alexandre pode vir a ser capaz de fazer tudo aquilo que não conseguirmos fazer. O Alexandre pode mudar o mundo. O Alexandre pode ser só uma criança feliz, um cidadão normal, daqueles que são esquecidos pela toponímia e pelas efemérides do 24 Horas. Mas ele vive e a história do que vai ser a vida dele interessa-me. Interessa-me porque o pai dele é meu amigo e a mãe dele é minha amiga porque é casada com o meu amigo e eu sou amigo do Alexandre até que ele tenha idade para escolher se me quer por tal ou não.

O Alexandre vive porque a mãe e o pai assim o desejam. Pondo de parte a estranheza que me causa o facto de um tripeiro malcriadão ser capaz de um gesto tão grande e bonito, tenho que confessar que os compreendo e os invejo. Os meus orgulhos na vida foram sempre os meus "outros", as pessoas de quem gosto - e acho que nunca deixei de gostar de ninguém. Se/quando tiver um filho, devo ficar insuportável e aposto que a minha tão justamente celebrada modéstia conhecerá nesse dia a certidão de óbito. O Zé Cutivo não, esse atura-se bem: vai irradiando a felicidade mais tranquila e mais genuína, daquela que contagia. Tem um filho, um bébé pequenino que é muito maior que ele, para ele.

Neste fim-de-semana nasceu o Alexandre e nasceram outros bébés e nasceram muitas coisas bonitas, materiais ou imateriais. Floriram giestas, rosmaninho e rosas albardeiras. Houve pessoas que se apaixonaram. Houve, certamente, pessoas que deram origem a outras vidas. Fizeram-se canções. Escreveram-se páginas. Criaram-se amizades. E nasceu o Alexandre, que é o resultado de muitos momentos destes, de confluência de vontades naturais e humanas. Nasceu na Primavera, em plena "explosão de vida". E é lindo, de certeza que é lindo porque vive e tem quem o ame e é filho do meu amigo.

Se alguém acha que a vida não vale a pena é porque com certeza perdeu essa capacidade fascinante de ficar feliz pelos outros. Eu ainda não a perdi. Fiquei feliz, feliz mesmo e agradeço ao Zé Cutivo por ter partilhado connosco esta boa nova. Da próxima vez que a condição de solteiro sem descendência me empurrar para os copos irei brindar ao Alexandre. A vida dele entrou no índice remissivo da minha na noite de Domingo de Páscoa. Agora é deixar adicionar as referências. Parabéns. Obrigado.


Arrotos do Porco:


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