segunda-feira, março 29, 2004 |
O ENTERTAINER, parte V e última
O artista domina a técnica milenar da pirotecnia de interior...
- Então? Não é mais bonito isto que virem a contar anedotas porcas ao microfone na camioneta da excursão?
Uma das bailarinas chega-se ao microfone e pede: “Ó Doutor Funda, conte-nos uma anedota...”
- Bom. Vocês ouviram o que esta serigaita pediu... E o Artista respeita a vontade das assalariadas que trabalham para ele! Vamos lá à anedota, que isto é ALTA DESBUNDA COM VARETA FUNDA!! Conhecem aquela do velho que vai à farmácia e diz: “Senhor Farmacêutico, diz qu’agora que há uns comprimidos que dão força na verga. Avie-me aí uma caixinha disso para eu experimentar”. O farmacêutico lá lhe vende o material. Passada uma semana, lá volta o raio do velho à farmácia e o farmacêutico pergunta-lhe: “Então, ó tarado de merda! Aquilo deu resultado?” E sabem o que é que o filha da puta do velho responde, sabem? “Ó Shôr Farmacêutico, a idade é uma coisa tramada... Aqui em baixo não notei nada mas já não dobro os dedos das mãos há uma semana!” Ah! Ah! Ah! Ah! E outra, esperem... Outra anedota... Sabem aquela da velha que era casada com um gajo vinte anos mais novo? Então a cabra da velha vai fazer uma plástica ao rosto, ao peito e à anca. A cirurgia corre bem, a velha lá recupera e lá se mostra ao galifão do marido, vinte anos mais novo. O gajo anima-se, “Estás gira!”, lá lhe dá a vontade e pimbas!, deita a velha na cama e penetra-a. De repente fica parado e a doidivanas da velha pergunta-lhe: “Então o que foi?”. E sabem o que é que o marido responde, sabem? “Em vez de fazeres obras por fora mais valia teres rebocado as paredes por dentro!” Ah! Ah! Ah! Ah! Aquela senhora ali ao fundo não se está a rir... Estava a pôr o dinheirinho de lado para uma plástica, era? Benza-a Deus, minha senhora! Na sua idade, o melhor que lhe acontecia era ficar parecida com a Casa dos Bicos! Ah! Ah! Ah! Ah! É escusado tentar sair que as portas estão fechadas até ao final do espectáculo! Ai a merda! Bom. Vamos lá animar isto com mais uma cantiguinha de minha autoria. Preparem-se qu’isto é assim um bocado a dar para o rock. Chama-se “O Pecado Original da Segurança Social” e aposto que vão gostar.
“De manhãzinha vais p’rà fila dos correios
“Vinha cobrar o chequezinho da pensão”
P’ra subsistir tu não dispões de outros meios
Vai tudo p’rà farmácia e alimentação
Queixas-te ao balcão que a reforma é uma miséria
Tens hipertensão e a tua filha é uma galdéria
Nem descontaste p’rà Segurança Social
Desconto eu p’ra ti, é o Pecado Original
Senhora e Senhor Reformado
Vão carpir as mágoas p’ra outro lado
Vocês comem do meu ordenado
E nem tão pouco dizem “obrigado”
Com o pé-de-meia bem escondido no colchão
Queixas-te que a pensão não dá para viver
Faz castings para anúncios de televisão
E um cheque da Neoblanc tu vais receber
Deixa-te de ronha e vê se fazes pela vida
É bom estar à mama com a reforma garantida
Não és mais que um peso no bolso de quem trabalha
Vai dar serventia na garagem do Farfalha!
(entram as bailarinas, com coletes à Zé Povinho, numa rebuscada coreografia que tem por motivo base o manguito)
Senhora e Senhor Reformado
Vão carpir as mágoas p’ra outro lado
Vocês comem do meu ordenado
E nem tão pouco dizem “obrigado”
Senhora e Senhor Reformado
O vosso lugar é no passado
Suportar-vos é fardo pesado
E não tão pouco dizem “obrigado”...
Vai trabalhar, ó velho danado!”
- Hiiiiiii Ahhhhhhhh! Altamente, não? Para aproveitar o clima emocional criado por esta poderosa cantiga, uma das minhas bailarinas vai passar por vocês, estimado público, com um saquinho onde poderão depositar a vossa generosa contribuição para a Fundação Vareta Amiga, uma IPSS em fase embrionária que pretende ajudar quem precisa. O meu obrigado desde já por qualquer donativo que possam fazer. Bom... Estimado público, tudo tem um fim. Isto tanto vale para as vossas vidas como para este espectáculo. É verdade. Estamos a chegar ao fim da ALTA DESBUNDA COM VARETA FUNDA!! Mas não poderíamos finalizar o espectáculo sem uma mensagem de esperança no porvir. (entram as bailarinas, com túnica branca e segurando velas) Foi um dever actuar para vocês, é como eu ganho o meu pãozinho, mas nem me custou muito. Deixo-vos com “A Luz”, um longo número musical de minha autoria, e desejo-vos uma boa viagem de regresso aos pardieiros onde vivem. Boa noite!
“Dá um passo sereno
Um simples passo sereno
Afasta-te de tudo quanto é terreno
É só um passo em frente
Um mínimo passo em frente
Acontece o mesmo a toda a gente
Acontece o mesmo a toda a geeeente! (bem gritado, à Jim Morrison)
(spoken word cavernoso, à Adolfo Luxúria Canibal)
Os sonhos que tens à noite
Os sonhos negros que tens à noite
São vislumbres do desconhecido
À mistura com o que podia ter sido
Se outro caminho tivesses seguido
É um bocadinho tarde para estares arrependido,
Sabes? Pois é, é fodido...
Terás o fim que tiveres merecido
Tenhas sido bom ou bandido
Os sonhos que tens à noite
Esses dependem de ti na cor
Se são negros, em negro te avalias
Se são brancos, alimentas-te de fantasias
Se pudesses, que cor escolhias?
Se pudesses, que sonhos construías?
Se pudesses, podias...
MAS NÃO PODES!
Os sonhos que tens à noite
Misturam-se com o teu dia nestes teus dias do fim
Sempre soubeste que ia ser assim
A angústia de pressentir o “jardim”
Se pudesses escolher, vivias?
Achas que era isso que merecias?
Julgando friamente o que foi o fio dos teus dias?
Achas que era isso que escolhias?
Olha bem os sonhos que tens à noite
São o espelho daquilo por que optaste – e do outro lado
São o espelho daquilo que conquistaste – e do outro lado
O lado que deixaste por viver
O lado que agora deves esquecer
Tens mais uma viagem para fazer
Uma viagem que os sonhos que tens à noite te deixam antever
É só mais uma viagem que tens para fazer...
Sabes o que lhe chamam?
MORREEEEEEEER!
(retoma a melodia, bright and beautiful)
O outro lado não te pode assustar
Seja tarde ou cedo tu vais lá chegar
No caminho não te vais enganar
Há uma luz para te guiar
Olha bem p’rà luz
Olha bem como ela seduz
Olha bem p’rà luz
Está à tua porta, a fazer truz truz
Segue aquela luz
Olha bem como ela seduz
Segue aquela luz
Abre a porta à luz que bate truz truz...
(a produção acciona os meios de pirotecnia)
Olha bem p’rà... FODA-SE!
Ou talvez não dominasse...
Aqui repousa eternamente o meu sonho de abraçar uma carreira como entertainer.
FIM.
O artista domina a técnica milenar da pirotecnia de interior...
- Então? Não é mais bonito isto que virem a contar anedotas porcas ao microfone na camioneta da excursão?
Uma das bailarinas chega-se ao microfone e pede: “Ó Doutor Funda, conte-nos uma anedota...”
- Bom. Vocês ouviram o que esta serigaita pediu... E o Artista respeita a vontade das assalariadas que trabalham para ele! Vamos lá à anedota, que isto é ALTA DESBUNDA COM VARETA FUNDA!! Conhecem aquela do velho que vai à farmácia e diz: “Senhor Farmacêutico, diz qu’agora que há uns comprimidos que dão força na verga. Avie-me aí uma caixinha disso para eu experimentar”. O farmacêutico lá lhe vende o material. Passada uma semana, lá volta o raio do velho à farmácia e o farmacêutico pergunta-lhe: “Então, ó tarado de merda! Aquilo deu resultado?” E sabem o que é que o filha da puta do velho responde, sabem? “Ó Shôr Farmacêutico, a idade é uma coisa tramada... Aqui em baixo não notei nada mas já não dobro os dedos das mãos há uma semana!” Ah! Ah! Ah! Ah! E outra, esperem... Outra anedota... Sabem aquela da velha que era casada com um gajo vinte anos mais novo? Então a cabra da velha vai fazer uma plástica ao rosto, ao peito e à anca. A cirurgia corre bem, a velha lá recupera e lá se mostra ao galifão do marido, vinte anos mais novo. O gajo anima-se, “Estás gira!”, lá lhe dá a vontade e pimbas!, deita a velha na cama e penetra-a. De repente fica parado e a doidivanas da velha pergunta-lhe: “Então o que foi?”. E sabem o que é que o marido responde, sabem? “Em vez de fazeres obras por fora mais valia teres rebocado as paredes por dentro!” Ah! Ah! Ah! Ah! Aquela senhora ali ao fundo não se está a rir... Estava a pôr o dinheirinho de lado para uma plástica, era? Benza-a Deus, minha senhora! Na sua idade, o melhor que lhe acontecia era ficar parecida com a Casa dos Bicos! Ah! Ah! Ah! Ah! É escusado tentar sair que as portas estão fechadas até ao final do espectáculo! Ai a merda! Bom. Vamos lá animar isto com mais uma cantiguinha de minha autoria. Preparem-se qu’isto é assim um bocado a dar para o rock. Chama-se “O Pecado Original da Segurança Social” e aposto que vão gostar.
“De manhãzinha vais p’rà fila dos correios
“Vinha cobrar o chequezinho da pensão”
P’ra subsistir tu não dispões de outros meios
Vai tudo p’rà farmácia e alimentação
Queixas-te ao balcão que a reforma é uma miséria
Tens hipertensão e a tua filha é uma galdéria
Nem descontaste p’rà Segurança Social
Desconto eu p’ra ti, é o Pecado Original
Senhora e Senhor Reformado
Vão carpir as mágoas p’ra outro lado
Vocês comem do meu ordenado
E nem tão pouco dizem “obrigado”
Com o pé-de-meia bem escondido no colchão
Queixas-te que a pensão não dá para viver
Faz castings para anúncios de televisão
E um cheque da Neoblanc tu vais receber
Deixa-te de ronha e vê se fazes pela vida
É bom estar à mama com a reforma garantida
Não és mais que um peso no bolso de quem trabalha
Vai dar serventia na garagem do Farfalha!
(entram as bailarinas, com coletes à Zé Povinho, numa rebuscada coreografia que tem por motivo base o manguito)
Senhora e Senhor Reformado
Vão carpir as mágoas p’ra outro lado
Vocês comem do meu ordenado
E nem tão pouco dizem “obrigado”
Senhora e Senhor Reformado
O vosso lugar é no passado
Suportar-vos é fardo pesado
E não tão pouco dizem “obrigado”...
Vai trabalhar, ó velho danado!”
- Hiiiiiii Ahhhhhhhh! Altamente, não? Para aproveitar o clima emocional criado por esta poderosa cantiga, uma das minhas bailarinas vai passar por vocês, estimado público, com um saquinho onde poderão depositar a vossa generosa contribuição para a Fundação Vareta Amiga, uma IPSS em fase embrionária que pretende ajudar quem precisa. O meu obrigado desde já por qualquer donativo que possam fazer. Bom... Estimado público, tudo tem um fim. Isto tanto vale para as vossas vidas como para este espectáculo. É verdade. Estamos a chegar ao fim da ALTA DESBUNDA COM VARETA FUNDA!! Mas não poderíamos finalizar o espectáculo sem uma mensagem de esperança no porvir. (entram as bailarinas, com túnica branca e segurando velas) Foi um dever actuar para vocês, é como eu ganho o meu pãozinho, mas nem me custou muito. Deixo-vos com “A Luz”, um longo número musical de minha autoria, e desejo-vos uma boa viagem de regresso aos pardieiros onde vivem. Boa noite!
“Dá um passo sereno
Um simples passo sereno
Afasta-te de tudo quanto é terreno
É só um passo em frente
Um mínimo passo em frente
Acontece o mesmo a toda a gente
Acontece o mesmo a toda a geeeente! (bem gritado, à Jim Morrison)
(spoken word cavernoso, à Adolfo Luxúria Canibal)
Os sonhos que tens à noite
Os sonhos negros que tens à noite
São vislumbres do desconhecido
À mistura com o que podia ter sido
Se outro caminho tivesses seguido
É um bocadinho tarde para estares arrependido,
Sabes? Pois é, é fodido...
Terás o fim que tiveres merecido
Tenhas sido bom ou bandido
Os sonhos que tens à noite
Esses dependem de ti na cor
Se são negros, em negro te avalias
Se são brancos, alimentas-te de fantasias
Se pudesses, que cor escolhias?
Se pudesses, que sonhos construías?
Se pudesses, podias...
MAS NÃO PODES!
Os sonhos que tens à noite
Misturam-se com o teu dia nestes teus dias do fim
Sempre soubeste que ia ser assim
A angústia de pressentir o “jardim”
Se pudesses escolher, vivias?
Achas que era isso que merecias?
Julgando friamente o que foi o fio dos teus dias?
Achas que era isso que escolhias?
Olha bem os sonhos que tens à noite
São o espelho daquilo por que optaste – e do outro lado
São o espelho daquilo que conquistaste – e do outro lado
O lado que deixaste por viver
O lado que agora deves esquecer
Tens mais uma viagem para fazer
Uma viagem que os sonhos que tens à noite te deixam antever
É só mais uma viagem que tens para fazer...
Sabes o que lhe chamam?
MORREEEEEEEER!
(retoma a melodia, bright and beautiful)
O outro lado não te pode assustar
Seja tarde ou cedo tu vais lá chegar
No caminho não te vais enganar
Há uma luz para te guiar
Olha bem p’rà luz
Olha bem como ela seduz
Olha bem p’rà luz
Está à tua porta, a fazer truz truz
Segue aquela luz
Olha bem como ela seduz
Segue aquela luz
Abre a porta à luz que bate truz truz...
(a produção acciona os meios de pirotecnia)
Olha bem p’rà... FODA-SE!
Ou talvez não dominasse...
Aqui repousa eternamente o meu sonho de abraçar uma carreira como entertainer.
FIM.
Arrotos do Porco: