terça-feira, fevereiro 03, 2004 |
CONTAGEM DECRESCENTE
A verdade é esta: gosto dos Festivais Eurovisão da Canção. Mais do que gostar, vibro intensamente com cada edição. A 15 de Maio, lá teremos uma serigaita qualquer na Turquia a reconhecer que realmente Foi (por pura) Magia que ganhou o direito ao título de Embaixadora da Canção Portuguesa 2004. Como é dois dias depois do 13 de Maio, pode ser que uns ventos miraculosos da Cova da Iria a ajudem a conseguir um bom resultado. Mas isso não interessa, por agora.
O que quero partilhar com vocês é um sonho que acalento desde criança: representar Portugal na Eurovisão. Já pensei em tudo! Iria concorrer sob o nome Senhor Funda e as Varettes. A música é uma questão de somenos importância... Assim como assim, nunca ganhamos. A certeza é que a minha interpretação seria inesquecível, quer se tratasse de uma balada de fazer chorar as pedras da calçada ou de qualquer musiquita upbeat que lançasse as Varettes em loucas e acintosas coreografias.
Imagino-me nos bastidores, durante os ensaios, a tentar convencer a representante da Polónia - costumam ser bem giras, quando são gajas - de que uma ida ao meu quarto de hotel a faria alcançar um dó de peito mais possante e luminoso. Imagino-me a conseguir finalmente a cisão no bloco nórdico, fazendo com que a sueca, tomada pelo ciúme, ameaçasse de morte a finlandesa depois de a apanhar na minha cama, ao lado da croata e da macedónia... Imagino-me a ter que pagar em géneros às Varettes pela sua preciosa colaboração. Imagino-me a regressar a Portugal sem qualquer ponto mas com muitos números de telefone e muitas casas à disposição por essa Europa fora.
Não sei porque é que este belíssimo certame foi caindo no desamor de boa parte do público. Quer dizer, até sei. Vocês agora querem é rock... depois dá nisto. Mas todos os anos há, pelo menos, uma mão cheia de canções que valem a pena. Há, pelo menos, 10 ou 15 pares de pernas que valem a pena. E há, pelo menos, 6 ou 7 decotes que valem a pena. É claro que hoje o Festival já não é a rampa de lançamento de grandes nomes para a ribalta internacional que foi noutros tempos - e não deixa de ser triste se pensarmos que o último desses casos foi a Céline Dion...foda-se! Mas é uma instituição como poucas, que diabo!
O ano a que a fotografia acima aposta se reporta, por exemplo. 1963. Venceu a Dinamarca com o belíssimo "Dansevise" (Portugal só iniciaria a participação no ano seguinte). É uma canção ainda hoje revisitável: tem uma aura de "James Bond" e uma guitarra que me faz sempre lembrar os The Monochrome Set. E tantos outros anos... A Sandie Shaw descalça. A France Gall ninfeta e tão gira, a cantar Gainsbourg. A irlandesa Dana e o seu tom pastoral. A Isabelle Aubret. A Maciel com o seu "La la la la" e aquele ar de espanhola poderosa, tipo "Anda cá, anda, que eu desfaço-te em três tempos". Os Abba. Os Bucks Fizz. As holandesas do meu coração, as Frizzle Sizzle. A Amina. A cipriota Evridiki. O palhação do Johnny Logan. Os belgas Telex, a revolucionar o sistema com os seus sintetizadores analógicos. E as Tatu, no ano passado, a revolucionar o sistema com as suas... os seus... as delas... as... pronto.
O futuro da música pode não passar por ali. Mas também pode passar. Se ao menos a RTP apostasse no Senhor Funda e as Varettes... Para mostrar como são sérias as minhas intenções, deixo já uma sugestão para a letra da canção a interpretar: uma canção ganhadora, com um toque futurista mas dentro dos cânones clássicos da Eurovisão. Sim, que a mim, quem me tira os clássicos... Seria assim:
Sobe balão sobe, como um conquistador, que lá em cima há um grande grande amor e é bem bom e nem te dás conta quando cai a noite na cidade e até parece que foi magia (um título grande e expressivo é sempre bom)
Lembras-te de mim?
Como eu me lembro de ti...
Mãos macias de pudim
Cara de abacaxi (homenagem implícita a Rosa Lobato de Faria)
Lábios doces de cereja
Voz de amor a refulgir
As outras têm inveja
De tu me fazeres sorrir (homenagem a quem quer que fosse que escrevia as letras das Doce)
Segues os passos de um povo
Na manhã de cravo em flor
Vem fazer um mundo novo
Com paz, pão e muito amor (ah grande Ary!)
(e o refrão, este pedaço de sumo doce e espesso...)
La la la la la laaaa la la
É tão bom estar contigo assim
La la la la la laaaa la la
Eu ao pé de ti e tu ao pé de mim
La la la la la laaaa la la
Sabes a mel e a amendoim
La la la la la laaaa la la
És o meu refrão de uma canção sem fim uh-oh uh-oh
(violinos em Si, pizzicato: plinc plinc plinc plinc plinc)
Lembras-te de mim?
Como eu me lembro de ti...
Concertina e bandolim
Cucuru cucurrupi (mãe África...)
Amanhã é outro dia
Outra noite p'ra cantar
A ouvir telefonia
O Sala e o Despertar
Nosso amor é uma lenda
Qual Armando e Valentina
Tu fazes naperons de renda
Eu componho a sonatina
La la la la la laaaa la la
É tão bom estar contigo assim
La la la la la laaaa la la
Eu ao pé de ti e tu ao pé de mim
La la la la la laaaa la la
Sabes a mel e a amendoim
La la la la la laaaa la la
És o meu refrão de uma canção sem fim
La la la la la laaaa la la
É tão bom é tão bom para mim
La la la la la laaaa la la
Entrar em ti como um berbequim
La la la la la laaaa la la
Enquanto tu gemes eu já me vim
La la la la la laaaa la la
E se queres que te diga, és assim-assim uh-oh uh-oh
E pronto. Não me digam que não ganhávamos...
A verdade é esta: gosto dos Festivais Eurovisão da Canção. Mais do que gostar, vibro intensamente com cada edição. A 15 de Maio, lá teremos uma serigaita qualquer na Turquia a reconhecer que realmente Foi (por pura) Magia que ganhou o direito ao título de Embaixadora da Canção Portuguesa 2004. Como é dois dias depois do 13 de Maio, pode ser que uns ventos miraculosos da Cova da Iria a ajudem a conseguir um bom resultado. Mas isso não interessa, por agora.
O que quero partilhar com vocês é um sonho que acalento desde criança: representar Portugal na Eurovisão. Já pensei em tudo! Iria concorrer sob o nome Senhor Funda e as Varettes. A música é uma questão de somenos importância... Assim como assim, nunca ganhamos. A certeza é que a minha interpretação seria inesquecível, quer se tratasse de uma balada de fazer chorar as pedras da calçada ou de qualquer musiquita upbeat que lançasse as Varettes em loucas e acintosas coreografias.
Imagino-me nos bastidores, durante os ensaios, a tentar convencer a representante da Polónia - costumam ser bem giras, quando são gajas - de que uma ida ao meu quarto de hotel a faria alcançar um dó de peito mais possante e luminoso. Imagino-me a conseguir finalmente a cisão no bloco nórdico, fazendo com que a sueca, tomada pelo ciúme, ameaçasse de morte a finlandesa depois de a apanhar na minha cama, ao lado da croata e da macedónia... Imagino-me a ter que pagar em géneros às Varettes pela sua preciosa colaboração. Imagino-me a regressar a Portugal sem qualquer ponto mas com muitos números de telefone e muitas casas à disposição por essa Europa fora.
Não sei porque é que este belíssimo certame foi caindo no desamor de boa parte do público. Quer dizer, até sei. Vocês agora querem é rock... depois dá nisto. Mas todos os anos há, pelo menos, uma mão cheia de canções que valem a pena. Há, pelo menos, 10 ou 15 pares de pernas que valem a pena. E há, pelo menos, 6 ou 7 decotes que valem a pena. É claro que hoje o Festival já não é a rampa de lançamento de grandes nomes para a ribalta internacional que foi noutros tempos - e não deixa de ser triste se pensarmos que o último desses casos foi a Céline Dion...foda-se! Mas é uma instituição como poucas, que diabo!
O ano a que a fotografia acima aposta se reporta, por exemplo. 1963. Venceu a Dinamarca com o belíssimo "Dansevise" (Portugal só iniciaria a participação no ano seguinte). É uma canção ainda hoje revisitável: tem uma aura de "James Bond" e uma guitarra que me faz sempre lembrar os The Monochrome Set. E tantos outros anos... A Sandie Shaw descalça. A France Gall ninfeta e tão gira, a cantar Gainsbourg. A irlandesa Dana e o seu tom pastoral. A Isabelle Aubret. A Maciel com o seu "La la la la" e aquele ar de espanhola poderosa, tipo "Anda cá, anda, que eu desfaço-te em três tempos". Os Abba. Os Bucks Fizz. As holandesas do meu coração, as Frizzle Sizzle. A Amina. A cipriota Evridiki. O palhação do Johnny Logan. Os belgas Telex, a revolucionar o sistema com os seus sintetizadores analógicos. E as Tatu, no ano passado, a revolucionar o sistema com as suas... os seus... as delas... as... pronto.
O futuro da música pode não passar por ali. Mas também pode passar. Se ao menos a RTP apostasse no Senhor Funda e as Varettes... Para mostrar como são sérias as minhas intenções, deixo já uma sugestão para a letra da canção a interpretar: uma canção ganhadora, com um toque futurista mas dentro dos cânones clássicos da Eurovisão. Sim, que a mim, quem me tira os clássicos... Seria assim:
Sobe balão sobe, como um conquistador, que lá em cima há um grande grande amor e é bem bom e nem te dás conta quando cai a noite na cidade e até parece que foi magia (um título grande e expressivo é sempre bom)
Lembras-te de mim?
Como eu me lembro de ti...
Mãos macias de pudim
Cara de abacaxi (homenagem implícita a Rosa Lobato de Faria)
Lábios doces de cereja
Voz de amor a refulgir
As outras têm inveja
De tu me fazeres sorrir (homenagem a quem quer que fosse que escrevia as letras das Doce)
Segues os passos de um povo
Na manhã de cravo em flor
Vem fazer um mundo novo
Com paz, pão e muito amor (ah grande Ary!)
(e o refrão, este pedaço de sumo doce e espesso...)
La la la la la laaaa la la
É tão bom estar contigo assim
La la la la la laaaa la la
Eu ao pé de ti e tu ao pé de mim
La la la la la laaaa la la
Sabes a mel e a amendoim
La la la la la laaaa la la
És o meu refrão de uma canção sem fim uh-oh uh-oh
(violinos em Si, pizzicato: plinc plinc plinc plinc plinc)
Lembras-te de mim?
Como eu me lembro de ti...
Concertina e bandolim
Cucuru cucurrupi (mãe África...)
Amanhã é outro dia
Outra noite p'ra cantar
A ouvir telefonia
O Sala e o Despertar
Nosso amor é uma lenda
Qual Armando e Valentina
Tu fazes naperons de renda
Eu componho a sonatina
La la la la la laaaa la la
É tão bom estar contigo assim
La la la la la laaaa la la
Eu ao pé de ti e tu ao pé de mim
La la la la la laaaa la la
Sabes a mel e a amendoim
La la la la la laaaa la la
És o meu refrão de uma canção sem fim
La la la la la laaaa la la
É tão bom é tão bom para mim
La la la la la laaaa la la
Entrar em ti como um berbequim
La la la la la laaaa la la
Enquanto tu gemes eu já me vim
La la la la la laaaa la la
E se queres que te diga, és assim-assim uh-oh uh-oh
E pronto. Não me digam que não ganhávamos...
Arrotos do Porco: