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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


segunda-feira, janeiro 19, 2004


Alambridatia, 5

- Senhora, porque desdenhais assim deste vosso servo?
- Eu, gentil cavaleiro?
- Sim, vós. Notastes, por certo, como o meu olhar vos procura, incessante e furtivo.
- Senhor, cobris de rubor o meu embaraço...
- Asseguro-vos, senhora, que nada há nas minhas intenções que justifique tal embaraço.
- Mas é tudo tão súbito... mal vos conheço. Que digo eu!, mal me conheceis. Como podeis estar tão seguro de vossas intenções?
- Senhora, vejo-vos tão clara em meu coração quanto o mago espreita o porvir no seu cristal amaldiçoado.
- Blasfemais, senhor!
- Perdoai-me, minha adorada, mas se for o inferno dos danados a punição para este amor, tépida brisa de Abril me parecerá a sulfurosa eternidade.
- Senhor!...
- Ah, cruel destino! Não me deixeis assim, senhora, por vossa alma. Quereis realmente ser o algoz da minha alegria? Dizei-mo agora. Selai com uma palavra o féretro onde encerrarei meu coração em vida.
- Sabei então, nobre cavaleiro, que ao vosso penhor não sou indiferente.
- Deveras? É do coração que falais?
- Pois sim. Também eu - permiti-me a confissão - vos observo há muito.
- Senhora! Sabei que hoje é o dia do meu segundo nascimento, pois que hoje o Sol começa, para mim, a brilhar com nova luz.
- Também eu, senhor, rejubilo com vosso amor.
- Ah, feliz fortuna! Vejo a minha vida a escrever-se em douradas páginas. Como anseio pelo momento de tocar vossos lábios, vosso corpo, vossa virtude...
- Minha virtude?!?
- Perdoai. Foi o entusiasmo. Tal não deveria ter ousado.
- Não se trata disso, meu fogoso cavaleiro, mas julgais que ainda carrego esse injusto fardo da virtuosidade?
- Por Deus! Fostes assaltada, minha dama? Viveis em silenciosa vergonha?
- Assalto? Vergonha? Meu pobre e baralhado cavaleiro, estamos no séc. XVI. Cuidais que ainda vivemos na Idade das Trevas?

NOTA: este texto foi originalmente postado prenhe de incorrecções, assacáveis única e exclusivamente à inépcia do autor. Está agora ligeiramente menos ofensivo, obra do insigne Fodósofo, incansável vigilante e tenaz caçador das misérias linguísticas do autor, que assim publicamente manifesta o seu agradecimento.

Arrotos do Porco:


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