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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


quinta-feira, dezembro 04, 2003


Por causa deles.

Rejubilou parte da belogosfera a propósito do aparecimento da Causa Nossa. Uns por gostarem de ler os seus autores, outros por anteciparem importante reforço para as suas "fileiras", outros ainda esfregando as mãos de contentamento, perante a perspectiva de poderem zurzir algumas das figuras gradas do "adversário" (senão do "inimigo"). A restante parte, a de leão, limitou-se a ignorar. Por enquanto. Independentemente das motivações que levam cada um a comentar o facto em si, importa a reflexão sobre o que leva tal constelação de pensadores consagrados (de facto, pelo menos, que de méritos não trato) a estabelecer uma banca nesta terra bravia.

Esvaziada de importância (por culpa própria) a Assembleia da República, enquanto palco privilegiado do debate político, mudou-se o confronto para a Comunicação Social. É nas "notícias", nas "investigações", nos "escândalos", nas "entrevistas" e outras inanidades sub-laterais que se lançam os ataques e encenam as defesas. É nos espaços de comentário dos frustrados opinion makers nacionais (frustrados porque, apesar dos seus valorosos esforços, continua estéril a sociedade portuguesa quanto à concepção de uma verdadeira "opinião pública") que se esboçam as posições oficiosas das respectivas famílias políticas.

Como muito bem reflectiram o Guerra e Pas e o País Relativo, o papel do jornalista nestes jogos florais é, de há muito para cá, de embrulho. A agenda há muito que deixou de levar em conta a relevância das notícias e passou a servir os interesses financeiros do orgão em questão - o share ou a tiragem, não como prémio pela qualidade da informação, mas como objectivo a atingir apesar da informação. A agenda da imprensa há muito que descolou da agenda política, pelo menos até ao dia em que os deputados comecem a agredir-se como forma de chamar sobre si as atenções (se a montanha não vai a Maomé...). Quem exerce algum domínio sobre a agenda da imprensa tem a vantagem decisiva de manter o adversário ocupado na sua defesa, em particular quando se confunde a defesa do mérito de um modelo social ou económico com a defesa da honra ou da dignidade de quem por ele pugna. Em vez de se discutir o Estado-Previdência, coloque-se alguém em Prisão Preventiva. Em vez de discutir o modelo de financiamento do Ensino Superior, demitam-se uns ministros por causa de uma cunha no acesso a este. Se não sofre contestação a relevância destes casos (de polícia, quase diria), é igualmente incontestável a sua pequenez face às questões. Como o número de páginas dos jormais ou de minutos nos tele-jornais é limitado, já se sabe sobre quais vai cair a atenção dos jornalistas...

O advento dos belogues, e a surpreendente massa de belogues "politizados" prova-o, veio oferecer uma hipótese de antecipar, senão mesmo de influenciar, a agenda da imprensa. Oportunidade preciosa e irrecusável, já se vê. E é, creio, o que realmente levou à criação desta Causa Nossa: a vontade de des- ou re-equilibrar as coisas. Este mais-que-aparente alinhamento de belogues em lateralizações gastas é, em si, um sério atentado à natureza virtualmente infinita dos matizes de pensamento que o meio proporciona. Não enriquece, apenas acrescenta. Cada um dos autores teria, decerto, muito a comunicar; aliás, fá-lo em vários orgãos de comunicação, a que todos têm acesso mais que facilitado. Mas, então, porquê este colectivo tão obviamente enviezado?...

Arrotos do Porco:


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