segunda-feira, dezembro 22, 2003 |
Alambridatia, 1
- Espera...
- (arfando...) O quê?...
- Espera um pouco. Esta luz de fim de tarde...
- Queres correr os estores?
- Não. Mas a forma como incide assim, oblíqua e terna, no teu peito...
- Malandreco... eu também gostava muito que me desses mais atenção ao peito. Mas não pares, porra, continua...
- Não é nada disso, querida. Mas o teu peito desenha-se com um vigor todo novo a esta luz. É uma deusa que se ergue imponente quando as sombras invadem a terra. É uma nova religião que a mim se revela.
- Oh pá, pul'amor de Deus... continua mas é, não sejas mau...
- Mau? A tua silhueta prostra-me, em respeitosa devoção. É um momento mágico e dolorosamente eterno. Uma epifania.
- (suspirando) Uma epifania não direi. Mas se queres mesmo rezar, então contenta-te com uma epiveania, que já me tiraste a vontade...
Arrotos do Porco: