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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


quarta-feira, outubro 15, 2003

Para sempre

Este post não é mais do que uma pequena homenagem a um grande amigo meu. Já tinha pensado em escrevê-lo, só não sabia muito bem quando e como. Ainda agora, que principio a redigir estas linhas, não sei muito bem como abordar o tema. É uma coisa pessoal, um sentimento com o qual, muito provavelmente, a maior parte dos leitores não se identifica, o que, diga-se de passagem, é bom sinal.

Falo do sentimento de perda, não de um familiar, mas daquele que era um dos meus melhores amigos. Arrisco a dizer o melhor, sabendo de antemão que corro o risco de estar a ser injusto com outras pessoas. Um amigo de infância que morava no prédio em frente e com o qual passei momentos inesquecíveis. Crescemos juntos, brincámos juntos, andamos à porrada juntos e apanhámos as primeiras bebedeiras juntos. Fumei a primeira ganza com ele.
Ainda que o leitor pense - com toda a legitimidade, diga-se - que não tem nada a ver com este assunto, que só a mim me diz respeito, rogo-lhe compreensão para com o meu desabafo.

Aproveito-me então da Internet para estampar o meu sentimento numa página que, provavelmente, estará condenada ao abandono com o passar dos tempos. No entanto, não necessitarei, espero eu, de voltar a falar tão abertamente deste assunto. Está aqui. Para quem quiser ler. Para quem se identificar com ele.
Foi a forma que encontrei para eternizar a amizade que ainda sinto por aquele sacana.

Esta, foi uma situação que nunca consegui ultrapassar muito bem, já lá vão cinco anos, feitos a 18 de Agosto de 2003. Lembro-me como se tivesse sido ontem. Acabava eu de chegar à minha terra natal, findas as minhas férias no algarve. Saímos para tomar café e acabámos por ir comer uns caracóis numa tasca, enquanto víamos o ciclismo, desporto pelo qual ele era fanático. Comprámos um maço de Rothmans, que fumámos a meias durante a tarde. Foram os últimos cigarros que fumámos juntos. À noite transmitiam um jogo do Benfica na televisão. Desde logo combinámos que iríamos a qualquer lado ver o jogo e beber umas cervejolas.

Às 17h fomos para casa, ficando ele de ir ter a minha casa perto das 20h para irmos ver o jogo do clube do nosso coração.
Perto das 20h batem-me à porta. Não era o meu amigo, ao contrário do que esperava. Era um vizinho a dizer-me que ele acabara de se suicidar. Com um tiro na cabeça.
Ainda hoje não sei porquê. Tinha apenas 22 anos e uma vida inteira pela frente.

Um grande abraço para o J.F.S.S., deste amigo de sempre. Para sempre.


Arrotos do Porco:


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