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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


quarta-feira, outubro 29, 2003

Cruzes! Uma polémica!

Tresli o meu poste e continuo perplexo. Aparentemente, ofendi a Charlotte, que me dedicou extensa reflexão, em que afirma ser eu a personificação de não sei quantos defeitos atávicos dos portugueses, mais alguns que serão exclusivamente meus. Começo por falar daquela que mais mal-estar causa, o suposto insulto que estaria contido na frase “Uma senhora viu nos textos do Pipi uma oportunidade editorial e seduziu-o.”

Ora, tenha paciência, Charlotte. A seguir vai dizer que eu desmascarei o Pipi como sendo o James Cagney? Sugiro-lhe que consulte um dicionário sobre o significado do verbo “seduzir” e o enquadre no sentido figurado dessa frase e das que se lhe seguem. E nada, mesmo nada, do que eu escrevo supõe menor licitude, moral ou lisura da sua parte. Você trabalha em/para uma editora, o Pipi representava uma oportunidade editorial. A 3ª edição em que (creio) já vai o livro demonstra quão acertada foi a sua visão. Não invalida em nada o que eu escrevo, o MEU Pipi, que no contexto deste poste se deve ler como “aquilo que o Pipi representava para mim” (tenho que me lembrar de acrescentar um glossário aos postes), morreu com a sua institucionalização.

A certa altura protesta, dizendo: “Mas afinal qual é problema? Desde quando é que um blogue pertence ao mesmo universo dos livros? E qual é o problema de o autor querer fazer dinheiro com o que escreve?” A argumentação que lhe serve de suporte ao protesto responde à primeira parte. O meu comentário final “Goza a tua fama e os teus proventos, Pipi, que bem os mereces” devia responder à segunda. Devolvo, inteirinho, o protesto: qual é o problema, afinal?

Fala ainda do problema do anonimato, da “inveja colectiva” que lhe vai associada e do “grande medo das pessoas que escrevem este tipo de posts”. E fala provavelmente bem, porque a única referência que faço ao anonimato do Pipi é para destacar que faz todo o sentido na arquitectura do personagem. Qual é o problema, afinal?

Pelo meio temos ainda uma imputação do muito luso espírito do “dantes é que era bom”, defendido com um “É falso que os primeiros textos do Pipi sejam melhores do que os últimos.”, e aqui entramos no domínio da fantasia. Eu afirmei tal coisa? Tem graça, não vi. E mesmo que tivesse dito, não seria um direito meu considerá-los assim, tal como ela considera o contrário? O problema aqui, é simples: eu nunca me atreveria a epitetar a Charlotte de mesquinha, mal agradecida, portuguesa aflita e incapaz de suportar a ideia dos outros serem melhores, por ter uma opinião diferente da minha. Mas é argumento nulo, uma vez que eu não afirmei tal coisa. O que eu afirmo, sim, é que a aura do personagem se esfumou. Em lugar nenhum falo de qualidade, maior ou menor, dos textos.

“O Belo Menir diz que está saudoso de um Pipi que dedicava a sua vida ao blogue e aos outros. Só por isso dedico ao Belo Menir um sólido getalife!” Se quiser a Charlotte fazer o favor de me apontar onde é que digo isto, agradeço. Se não o fizer, dedico-lhe eu, com todo o carinho, um “get a sense of humour, or at least some sense of proportion”. É que pintar-me de mesquinhez, incapacidade de gozar as coisas boas da vida, falta de generosidade, português aflito, incapaz de suportar a ideia de que outros são muito melhores, medíocre, invejoso, medroso, patético, avarento e miserável, além de outras construções imaginativas sempre em termos pouco abonatórios, parece-me excessivo para quem estava feliz e comenta apenas alguém que mete a pata na poça.

Parece-me, também, muitas outras coisas. Mas essas, guardo-as para mim.

Arrotos do Porco:


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