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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


segunda-feira, setembro 22, 2003

UMA CASINHA NO CAMPO


Por mais voltas que dê à cabeça, não consigo perceber o fascínio que muita gente tem por uma segunda habitação "no campo". Ao fim-de-semana, é vê-los partir - ou chegar, dependendo de onde se encontrem - carregados de caixas de comida, trouxas de roupa, produtos de limpeza, malas térmicas e embalagens de Dystron Toalhetes (fora de casa...). Tudo isto para se irem aborrecer nuns casinhotos infectos, com duas janelitas miseráveis, de onde vêem "o campo".

A maioria das "casas de campo" são feitas para que quem lá vive se proteja desse mesmo "campo" - dos rigores do clima, de predadores de outros tempos, de vizinhos sociopatas com licença de porte de arma... Tais casas, à semelhança de quase todas as outras, são feitas para as pessoas se esconderem e não para disfrutarem do ambiente circundante.

A ideia do pecado ajuda a explicar essa circunstância. Numa casa, isolado do resto do mundo, o Homem pode pecar: pode ser um fornicador guloso e invejoso, desrespeitador da mulher do próximo, sodomita, avaro e irascível. Numa casa, uma pessoa pode-se esconder e pode ser tudo aquilo que não quer mostrar.

Expliquem-me, então, qual o valor acrescentado de ir pecar para "o campo" em casas que lhe viram as costas e nos isolam em paredes? Porque é que as pessoas que durante a semana se escondem nos seus apertados T-qualquer-coisa procuram a libertação e a tranquilidade escondendo-se no campo?

Rumem ao "campo", sim, mas para o viverem - sem paredes. Os montes alentejanos são "engraçadinhos", mas fará sentido ir para uma casa em que, quando se quer ver, ouvir ou cheirar o"campo", se tem que vir à rua?

Para mim, o campo faria sentido com uma casa assim:


Farnsworth House, de Mies van der Rohe


E não, este post não me foi encomendado pelo lobby vidreiro da Marinha Grande.

Arrotos do Porco:


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