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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


quinta-feira, setembro 11, 2003

Uma aventura sueca

A Suécia é branca durante metade do ano. Durante a outra metade também é branca, mas, como não há sol, parece preta. E fria. A Suécia é uma espécie de Shangri-La on the rocks. De lá se sabe ser toda a gente, pelo menos, muito bem remediada e o Governo providenciar tudo o que o cidadão necessita. Não quero jurar, mas creio que por lá existem renas, alces, caribus (ou outros quaisquer cavalos com cornos), focas, ursos, cineastas deprimentes e gajas boas. Muitas gajas, muito boas.

Os suecos são um povo em paz consigo próprio e com o mundo, o que é invejável. Não se ouve falar de convulsões sociais na Suécia, movimentos laborais vigorosos, vagas de fundo ou opinião pública inflamada. Poder-se-ia concluir que é um país de frouxos, mas isso seria um exagero grosseiro. Os suecos, se calhar, são o país pacífico que se conhece porque não deixam as questiúnculas ganhar proporções epidémicas: se há azar, resolve-se logo. Seja advogado, carpinteiro, terceiro-escriturário, paquete ou ministro, quando incomoda para além da conta é chumbado sem dó. Foi assim com Olof Palme e foi agora com a ministra Anna Lindh.

A Justiça ganha muito com isto. Não há mega-processos com centos de testemunhas e arguidos, que se arrastam anos a fio pelos tribunais até prescreverem. A coisa fica-se por um julgamento, que até podia ser sumário, com um único arguido e veredicto mais que conhecido. A Saúde também não se queixa, porque não há dezenas de feridos - alguns em estado grave - a entupir as urgências, as camas e as listas de espera do Serviço de Saúde Sueco. Ganham as contas públicas, porque a classe política sueca é reduzida em número e com tendência a reduzir-se cada vez mais. Ganha a imprensa sueca, que não tem grande espaço para os fait-divers e matérias correntes, podendo assim dividir os seus profissionais entre os bons, que tecem longos, profundos e incompreensíveis comentários sobre a génese do horror, e os maus que se dedicam às questões de sociedade. Ganha a Educação, que evita entupir os programas com a discussão das nuances da ética, da política, da economia, das artes, etc. Ganha a administração interna, porque não necessita de investir numa polícia que fica sempre mal na rua e é, frequentemente, depositária de indivíduos mal formados, mal educados, mal adaptados ou, simplesmente, maus (aqui posso ter confundido com Portugal, mas não tenho a certeza).

A Suécia é um país pão-pão, queijo-queijo. É um país a preto-e-branco. Eu, a preto-e-branco, gosto de fotografia, e as fotografias das suecas prefiro-as a cores.

Arrotos do Porco:


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