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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


sexta-feira, setembro 12, 2003

O Novo Mundo - I

Isto de andarmos a pautar as nossas condutas por valores anteriores ao ZX-Spectrum provoca conflitos irresolúveis. O advento da internet, a velocidade a que se processam as coisas actualmente e a dinâmica desenfreada das relações no mundo de hoje colocam desafios fascinantes ao Homem Actual. Entenda-se por "Homem Actual" aquele que tem consciência da inutilidade de lutar contra a mudança e procura integrar os princípios e valores que assimilou durante os seus verdes anos com as novas realidades.

Um dos maiores problemas que se colocam actualmente é o da linguagem - e não falo dessa adolescência contagiosa que se manifesta no uso indiscriminado do "k", no encadeamento obsceno de consoantes sem vogais, na perda completa da noção de acentuação e pontuação, etc. Falo de realidades que não têm tradução verbal e, sobretudo, de palavras que constituem autênticos obstáculos ao desenvolvimento do Homem Actual. Uma dessas palavras é "Fidelidade".

Fidelidade é uma daquelas palavras que traduzem um conceito específico e incontestável, como Virgindade ou Gravidez. Não se pode ser "quase virgem" ou estar "um pouco grávida". Da mesma maneira, ou se é fiel, ou não. Isso, por si só, não seria problema se a palavra não transportasse uma violentíssima carga ética. Ser fiel é bom. Ser fiel é propriedade dos "bons". Ser fiel é uma aspiração, um sacerdócio, um nirvana ético.

Ora, nos tempos que correm, mais que um engulho, a fidelidade é um desperdício. Não sendo possível desvalorizar a palavra ou o valor moral do conceito subjacente, devemos tentar re-equacionar as premissas. Proponho por isso que a partir de agora seja, senão desejável, pelo menos admissível, ser fiel a vários(as). Mulheres/homens, empregos, ideologias ou partidos, religiões, clubes, etc., pouco importa. O Homem Actual é complexo, vasto, tri-dimensional, multi-tarefa. Ficar ancorado num porto só é um disparate.

Arrotos do Porco:


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