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Vareta Funda

O blog dos orizicultores do Concelho de Manteigas


terça-feira, fevereiro 22, 2005

Epístola dedicada ao mui gracioso e Nobre Senhor D. António Selles de Castro, no Ano de MDCCXIII, onde são narradas as desventuras de Dona Desidéria Santos por ter caído de amores impuros por Soror Imaculada de Jesus, madre superiora de Stª Clara-a-Nova, na mui Leal Cidade de Coimbra

A António Vieira, que tivera sido nosso contemporâneo, intrgraria certamente as listas de deputados do Bloco de Esquerda.

"Eu Gaspar Simões da Hora, Intendente de Sua Majestade no Paço Episcopal de Goa presenciei acontecimentos terriveis. Mesmo longe de Lisboa, um par de meses chegou para que tão nefastas noticias chegassem aos ouvidos do vulgo e agora corressem as ruas e os botequins acrescidas em pormenores tão fantásticos, que mesmo quem de tudo já viu e ouviu, se espanta de olhos arregalados e ouvidos bem abertos. Rumores chegados dos navios da Companhia, saidos à escassos três meses de Lisboa, falam das canções dos cegos e dos pasquins dos almocreves, que repisam vezes sem conta esta história hedionda. Não me arrependo deste exílio a que fui forçado malgrado todas as peripécias por que passei e algumas boas graças a que tive de apelar para tão longe poder ainda fruir de alguns confortos veneais e da publica função a dignidade. Os bem conhecidos amores contra-natura da irmã do Bispo de Coimbra com a madre superiora dre Stª Clara importa ora lembrar, malgrado o brado profuso que deram deles toda a sorte de néscios, que não se contentaram em guardar para si a repulsa que tais inclinações deveriam causar em criaturas tementes a Deus. Deu Deus Nosso Senhor conta de tais abominações, pois não demorou a que moléstias de toda a sorte acorressem a Dona Desidéria Lemos, assim se chamava a desventurada dama, e lhe atormentassem a carne a a alma na forma de furores ventrais e ânsias de luxúria desmedidas. Temo ter julgado mal o poder do maligno em acirrar más inclinações e vícios nas criaturas mais desatentas das virtudes do amor divino, desviando-as para caminhos inmsidiosos de perdição. Á alma complacente e humilde, surgem-lhe naturalmente certas verdades que por força da sua natureza divina dispensam prova. A malícia, fruto da soberba e dúvida acirra o intelecto contra a ordem natural do Mundo. Multi son vocati pauci vero electi. As boas leituras resvalam em olhos empedernidos e avessos à luz de Nosso senhor Jesus Cristo. Mesmo as as palavras do Doutor Angélico parecerão sandices a quem está fascinado pela volupia dos sentidos.

Quisera o destino, que D.Desidéria fosse o anho que por desatenção, se vê extraviado do rebanho. Naquele dia, mesmo antes de tocar para as vésperas, Soror Imaculada de Jesus veio procurá-la numa agitação pouco habitual. Seu irmão, o Bispo de Coimbra estava ausente, pois fora designado Emissário do Santo Padre, junto das missões da Santa Sé na Baia de Todos os Santos. Tratava das muitas almas que se ajuntavam nas terras do Brasil, pois não bastassem as arremetidas dos Ingleses, e os desmandes dos Holandeses em Stª Catarina, havia ainda a cobiça pelo ouro, que diziam, brotava generoso das águas do rio Capivari. Um demoníaco furor uterino assolava-a e vinha partilhar o leito de D. Desidéria. Auxiliava-a um grosso círio roubado na Sé Nova, para que D. Desidéria a zurzisse bestialmente e lhe acalmasse o demoníaco incúbo que dela se apoderara. A ingénua senhora, na sua paixão desordenada, correspondeu ao frémito desvairado da pia religiosa e uniu-se a ela num amplexo de volúpia carnal. O marido prometido, avançado em anos, D. Antão Gomes de Benavente, de nada desconfiava até que um dia em que dúvida lançada pela velha ama de Desidéria o instou à suspeita. Grossos pepónios – cucurbitae – desapareciam ás matinas, da horta do Convento e iam aparecer na alcova de D. Deisdéria besuntados de banha corada e fragrantes de maresia. Interpelado por D. Antão, o irmão mais novo de D. Desidéria, que também era avesso ao seu próprio género viril, retorquiu com interesse, que gostaria de ver essas abóboras fabulosas pois ele, nos desenfados que tinha com os amigos amaneirados, gostaria também de lhes dar usos ímpios, vestido de mulher, ao que pedia também o favor e o sigílo de D. Antão acerca da sua inclinação contra natura. D. Antão sugeriu-lhe que abandonasse essas abominações horrendas e que também deixasse de apreciar a companhia de burros na sua alcova, pois seu irmão mais velho não tardaria a estar ao corrente de tal infâmia. Continuaram os desmandes destes irmãos sandeus, que se estenderam a todo o Carmelo de Coimbra. Por muitos e muitos anos viu o sacrossanto altar, desfiar no seu seio a ignomínia pérfida do furor tríbade das freiras. Dizem os mais descrentes, e em especial um sapateiro de Trancoso, que almeja por artes obscuras, lograr o futuro – que a Deus, tão só, pertence – mas que nele surge, por vezes, como um dom natural, límpido aos olhos da alma e - diz - que dias hão-de vir, em que uma freira do Carmelo, Lúcia de seu nome, tríbade maior e versada nos prazeres sáficos, grande gastadora de círios grossos com veias salientes, vai ver a Santa Mãe de Jesus no cimo de uma árvore sovereira macha. Instada por tais delírios, vai morrer e obrigar um homem chamado Pedro e outro Paulo, que háo-de nascer e um ser primeiro-ministro do Reino, a interromper a campanha eleitoral e a perder, com grande vergonha, as Eleições. Chorará o povo bruto e rangerão os dentes, mas nada o vai impedir de ser tragado nos fogos sulfúreos do Inferno, durante um Congresso."

É por isso a vós, peixes cujos ouvidos, eu sei saberem guardar os segredos mais torpes - e que me auxilie o engenho e dom da linguagem – que me dirijo, desiludido e confuso, para vos inteirar deste funesta história que li em em pérfida epístola anónima que ora transcrevo contrangido –Quod scribit talia sordida verba? – pergunto eu, sondando os recõnditos da alma.

Assentum sanitae A.D.MMV


Arrotos do Porco:

Grande AdaS!! Onde vais tu buscar estes documentos tão soberbamente adaptados?! :)




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